Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
segunda-feira, 4 de abril de 2011
ALICERCE PARA O REAL
Em tal publicação o autor disserta sobre a necessidade de um novo método científico, que baseado na interpretação, experimentação e observação da natureza, substituiria os métodos vigentes (dedutivo e indutivo), isso graças à improdutividade de tais métodos.
O novo método proposto pelo autor também consistia em ter a certeza como base e objetivo primordiais. Dessa Forma seriam afastados o que Bacon chama de ídolos, idéias distorcidas que acabam por prejudicar o pensamento humano, evitando assim o sucesso das ciências.
Portanto, ao atuar promovendo a união entre ciência e técnica, Bacon lança as bases para a ciência moderna (uma ciência empírica). Esta é o alicerce para um conhecimento sólido, princípio necessário em todas as áreas do conhecimento, pois sem este correríamos o risco de viver entre descobertas pouco aprofundadas e de cunho meramente imaginativo.
Uma nova postura frente à natureza
A razão em par com a ação
A Eficiente e revolucionária busca da razão de Descartes
Ele deixa claro no discurso que seu objetivo é mostrar como se esforçou para conduzir seu estudo, o que poderia ser útil para muitos conduzirem um de própria autoria.
Decepcionado com o estudo tradicional de sua época, Descartes mostra-se mais comprometido a reconhecer a razão do que aceitar o “sobrenatural”, o conhecimento concebido pelo hábito, e não pela lógica.
Valorizando a razão, René defende que, para chegar até ela, é necessário, primeiramente, duvidar das coisas que já foram ditas sem um propósito fundamentado. Concluiu-se então que a duvida no faz enxergar a clareza, e que a clareza nos permite ver a verdade.
O filósofo argumenta que a presunção deve ser deixada de lado para então partir de um estudo mais simples do objeto, e depois, com o tempo, levá-lo à complexidade.
Descartes dá um valor tão importante ao estudo das ciências e à ciência em si, que a destaca como de extrema importância para o “bem do homem”, favorecendo, com isso, a importância de compartilhá-lo com os outros. Ele também parte do princípio que o conhecimento mais profundo da natureza é um meio para usufruir de seus benefícios, de “possuí-la”.
Da mesma maneira que a medicina se mostra importante para a saúde física das pessoas, o estudo das ciências humanas e matemáticas mantêm a saúde do espírito e equilibra o corpo e alma. O ponto fundamental, portanto, é manter uma comunicação e haver uma coletividade entre todas as ciências.
Descartes, por fim, destaca a importância do estudo individual, mostrando o perigo que há em partir de um conhecimento não próprio para desenvolver um estudo e também de transmitir um conhecimento alheio para outra pessoa, já que as probabilidades de se haver falhas e más interpretações durante a transição são grandes.
A importância da ação sobre a natureza
O filósofo valoriza o uso da experimentação como ponto principal de uma pesquisa, para que a prática pudesse mostrar a clareza do evento, e então ser feita a interpretação das ciências da natureza. Francis acreditava que deveria haver "a vitória sobre a natureza pela ação". De acordo com Bacon, o método consiste em "estabelecer os gruas de certeza, determinar o alcance exato dos sentidos e rejeitar, na maior parte dos casos, o labor da mente, calcado muito de perto sobre aqueles, abrindo e promovendo, assim, a nova e certa via da mente, que, de resto, provém das próprias percepções sensíveis".
Bacon faz crítica à dialética, discorrendo sobre como ela não modificara o andamento das coisas, e que serviu mais para "afirmar erros que descerrar a verdade". A partitr desta crítica, trouxe como única salvação dar princípio à cura da mente.
Bacon dicorre que para a ciência deveriam ser propostos dois métodos: o do cultivo das ciências e a descoberta científica, o empirismo, ou seja a "Antecipação da Mente" e a "Interpretação da Natureza", respectivamente.
Como antangonismo dos estudas das ciências, há a fantasia, que afasta o homem da ciência e de seus objetivos claros. Deve-se eliminar os hábitos arraigados na mente, pervetidos para esse tipo de estudo.
Como complementos dessa antagonia e obstáculo da verdadedira ciência, Bacon destaca a existência dos ídolos, que proporcionam ao homem uma falsa impressão à sua mente em relação ao mundo que o envolve, afastando-o assim, da verdade e da clareza.
Pequenez entrada de luz
Bacon, por exemplo, em Novo Organum descreve um novo paradigma de ciência, a pautada na experimentação. Ele desenvolve essa temática abordando inúmeros dos seus vértices, inclusive, o dos elementos capazes de impedir o desenvolvimento dela. Um deles é o Ídolo da Caverna, que faz alusão ao Mito da Caverna de Platão e afirma, nas palavras do próprio autor que cada indivíduo possui " sua própria caverna particular, que interpreta e distorce a luz da natureza", ou seja, cada um possui premissas, pré-conceitos que obstruem a real avaliação dos objetos. E é nesse aspecto que o autor revela sua modernidade nesta sociedade em que está em evidência assuntos polêmicos que tangem a sexualidade, educação, a cor da pele, extremismos políticos e religiosos, os quais orientam debates, críticas e avaliações pragmatizadas, não raro, pela caverna de cada homem.
É nessa questão que retomo o esdrúxulo depoimento proferido, na última semana por um parlamentar brasileiro, o deputado Jair Bolsonaro do PP-RJ, que em uma entrevista ao programa CQC da TV Bandeirantes afirmou a pequenez entrada de luz da sua caverna. O programa contava com a presença de Preta Gil, filha de Gilberto Gil, a qual indagou ao deputado qual a reação deste se um filho namorasse uma negra e a resposta, nas palavras do parlamentar, foi "Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados. E não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu." Além disso, ele ainda afirmou que " não iria à desfiles gays porque não promove 'maus costumes', que daria porrada se pegasse um filho fumando maconha e que sente saudades dos generais que presidiram o país durante a ditadura." Este é somente um dos exemplos de práticas que atacam direitos defendidos pela Constituição como os Direitos Humanos, como a isonomia. No caso, provenientes de um homem de vida pública que tem a missão de atuar no ordenamento do Estado e que certamente envergonha a mim como brasileira que, desde já, defendo sua inépcia somente ao ouvir essas poucas idéias.
Este fato atual, portanto, é um exemplo do comentado, por Francis Bacon, Ídolo da Caverna em 1620 no Novo Organum e revela a importância de ler obras clássicas, de ampliar o conhecimento através de pesquisas e estudos para que não sejamos reconhecidos como medíocres, tal qual o senhor deputado Jair Bolsonaro, ao qual desejo que sejam efetivadas as devidas sanções.
Metodologia Científica na Visão de Bacon
Francis Bacon apresenta e defende, em seu livro “Novum Organum” o método empírico de fazer ciência. Para ele, a produção cientifica até então, século XVI, havia sido fruto ou do acaso ou da combinação de descobertas anteriores - “Mesmo os resultados até agora alcançados devem-se muito mais ao acaso... Com efeito, as ciências que ora possuímos nada mais são que combinações de descobertas anteriores...”. O homem ainda não havia buscado auxilio para sua mente na tarefa de interpretar a natureza, ao invés disto, ficava a admirar o grandioso intelecto humano e sua capacidade racional. Ficavam todos, os considerados produtores de ciência, na atividade de contemplação e observação, característicos da filosofia tradicional, e não se dedicavam a pesquisa e experimentação, a fim de produzir conhecimento. Isto, na opinião de Bacon, foi o responsável por nunca haver tido grandes descobertas na humanidade até então.
O caminho certo pelo qual todos estudiosos deveriam recorrer na ciência é aquele onde o homem usa ferramentas para guiar a sua mente na missão de interpretar o mundo e de descobrir a verdade, utilizando-se, principalmente, da experimentação e da coleta de dados – “recolher os axiomas dos dados dos sentidos e particulares... Este é o verdadeiro caminho, porém ainda não instaurado”.
Bacon e seu legado para a Ciência Moderna
Trabalhando o conceito de antecipação da mente, apresentado na obra, Bacon nos mostra que apenas a utilização do intelecto e dos sentidos, sem estarem esses permanentemente regulados, "como que por mecanismos", estando a mente "entregue a si mesma", leva o homem ao que o autor chama de cultivo da ciência, gerando noções mal definidas e sem nenhuma solidez ("o intelecto não regulado e sem apoio é irregular e de todo inábil para superar a obscuridade das coisas"), atrapalhando, assim, o desenvolvimento da ciência. Ao contrário, o método da interpretação da natureza é defendido pelo autor como a maneira de "conhecer a verdade de forma clara e manifesta", método esse que consiste na utilização do intelecto e dos sentidos, auxiliados pela exploração regulada desses e pelo método empírico ("lhes inventamos e subministramos auxílios" - autoridade dos sentidos e intelecto) aliado ao afastamento dos chamados ídolos (noções falsas sobre o mundo), que bloqueiam a mente humana, chegando, assim, à descoberta científica.
Ao avaliar o que a obra de Bacon representou para a posteridade, notamos que, apesar de muitas noções tidas por ele como "aberrações", que "não foram abstraídas e levantadas das coisas por procedimentos devidos" terem se mantido e se consagrado com o tempo, sua visão pioneira quanto a inovação da ciência relacionada a busca pelas coisas e aspectos não visíveis da natureza pode ser encontrada em inúmeros avanços científicos (por exemplo, no campo da biologia, o descobrimento do reino das bactérias, dos protozoários e dos fungos), fazendo do autor um grande contribuinte da Ciência Moderna.
Caminhos para o conhecimento
Francis Bacon, em Novo Organum, defende a necessidade de outros métodos para a construção de conhecimentos. Diante de gerações apoiadas em métodos dedutivos - silogismo aristotélico - Bacon aponta ideais de caminhos baseados não só na razão, mas principalmente na experiência e nas próprias percepções sensíveis. Para o filósofo, isso era fundamental para o desenvolvimento da ciência.
Para isso, o homem não deve permitir que a sua mente se guie por si mesma, uma vez que tradições e costumes se impõem ao intelecto e dificultam a obtenção de verdades. À esses bloqueios da mente humana, Bacon denominou ídolos. São eles: ídolos da tribo (falsas noções da espécie humana), ídolos da caverna (falsas noções do ser humano como indivíduo – alusão ao mito da caverna de Platão), ídolos do mercado ou do foro ( falsas noções provenientes da linguagem e da comunicação) e ídolos do teatro (falsas noções provenientes das concepções vigentes). Esses seriam os responsáveis pelos insucessos da ciência.
Superados esses entraves, Bacon propõe dois métodos para a ciência: o cultivo das ciências, que consiste em conhecimentos elaborados a partir da contemplação (antecipação da mente) e a descoberta científica, que consiste na busca por conhecimentos a partir da exploração e experimentação sem limites (interpretação da natureza). Para as descobertas científicas, o filósofo propôs o método indutivo da investigação, baseado na observação rigorosa dos fenômenos naturais. Tal método propõe etapas como a observação da natureza para a coleta de informações; organização racional dos dados recolhidos empiricamente; formulação de explicações gerais (hipóteses) destinadas à compreensão do fenômeno estudado; comprovação da hipótese formulada mediante experimentações repetidas, em novas circunstâncias e outras.
Bacon, portanto, mesmo propondo um novo e poderoso método científico baseado em experiências sensíveis, não descarta a importância e o papel do pensar na conquista do saber – ‘’Nem a mão nua nem o intelecto, deixados a si mesmos, logram muito...dependem em igual medida...’'
Assim, a grande contribuição de Francis Bacon foi apresentar um método de investigação capaz de conciliar a observação, o experimento e a razão, tendo como resultado os alicerces de conhecimentos científicos imprescindíveis para o homem.
A conciliação entre razão e experiência
Bacon em sua obra, Novum Organum,afirmou que a busca pela verdade que é conduzida apena com o auxílido da razão, pode nos conduzir a pensamentos fantasiosos, ou seja,frutos da antecipação da mente.A experimentação seria, para ele, uma forma de comprovarmos se aquilo que nossa razão concebe, é, de fato, real ou apenas ilusão.Portanto, a experiência, para Bacon, é um aparato imprescindível no exercício do conhecimento, pois atua como um "policial" de nossa razão.
O autor também diferenciou-se dos filósofos gregos, pois propôs uma ciência prática. Bacon criticou filósofos como Aristóteles, pois acreditava que a busca pela verdade deveria ser acompanhada por obras e não servir apenas para a especulação como faziam os gregos.
A teorização de Francis Bacon foi muito importante para a ciência moderna e até hoje influencia os campos que se dedicam ao conhecimento. Acredito que essa grande influência reside no fato, dentre outras coisas, de esse autor tonar o conhecimento mais palpável e prático ao considerar a experimentação um mecanismo seguro para auxiliar na busca pela verdade.
Penso que o Direito, enquanto ciência, vale-se do método baconiano para compreender a sociedade, propor normas e verificar o cumprimento e eficácia das mesmas. E é, portanto, prova concreta de que esse autor continua sendo fundamental para a sociedade atual.
A sistematização da ciência
A cura da mente em benefício do homem
Ciência como forma de melhorar a condição humana
Crítica, razão e experimentação.
Francis Bacon demonstra em sua obra-prima filosófica ter um agudo senso critico e uma mente lógica e perspicaz. Apesar de estar inserido no contexto renascentista, não se curva e assume como verdades absolutas as proposições feitas pelos antigos. Tal afirmação é facilmente observada na passagem retirada de seu livro “Novum Organum”: “A verdade não deve, porém, ser buscada na boa fortuna de uma época, que é inconstante, mas à luz da natureza e da experiência, que é eterna”; esta é a passagem mais importante do livro, pois dela se desprendem as mais importantes teorias de Bacon – a consideração das teorias até então feitas como falhas e a experimentação.
Assim como Descartes, o filósofo inglês parte do método de desconstrução do universo para o maior compreendimento da natureza. Seu pensamento, porém, difere de Descartes em certo ponto, pois para Bacon, a verdade só seria encontrada partindo das sensações e chegando a um axioma particular, e dele indo para os axiomas gerais e, a seguir, aos princípios de inamovível verdade. Sua filosofia empirista envolvia as sensações e a experimentação, pois para ele os sentidos e a razão são dependentes para a realização de qualquer feito.
Francis Bacon toma como base a filosofia de Demócrito de tomar a natureza em partes para penetrar em seus segredos. O inglês prega a submissão do homem à força da natureza para melhor se utilizar dela. Nesse ponto chega a ir mais além do que Descartes e defende a ideia da escravização da natureza para o beneficio humano.
É defendido também no “Novum Organum” que o intelecto humano não é luz pura, pois recebe influência da vontade e dos afetos. A partir deste ponto, Bacon discorre sobre os ídolos e noções falsas que obstruem o acesso à verdade pelo homem, tais como: os Ídolos da Tribo (erros fundados na espécie humana); os Ídolos da Caverna (erros nos homens enquanto indivíduos – e há aqui menção ao mito da caverna de Platão); os Ídolos do Foro (erros que ocorrem na associação reciproca dos indivíduos) e, nos Ídolos do Teatro (erros que ocorrem pela invasão do espirito dos homens por regras viciosas).
Todas suas contribuições, seja com métodos ou ideais, o fizeram ser cunhado como o pai da ciência, tomando o posto de Aristóteles e reinventando os métodos de pesquisa e comprovação de teorias.