quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Revolução: transformação social efetiva


          O termo "revolução" abrange, por definição, os ideais de ruptura com os antigos paradigmas sócio-econômicos, culturais, comportamentais, entre outros. O fenômeno deve direcionar-se à transformação do sistema vigente visando benefícios que abriguem  parcela predominante da população. O sentimento espontâneo de justiça, por sua vez, simbolizado pelo Direito Natural, é o que usualmente exige tal dissensão e legitima os atos revolucionários, já que, por exemplo, direitos como os de acesso à terra ou de igualdade entre gêneros e raças são de muito improvável conquista sem qualquer espécie de mobilização, seja ela violenta ou pacífica.

         Observa-se ao longo da história, no entanto, notável degradação no conceito original de revolução, ocorrendo, por exemplo, a substituição de fins públicos por objetivos particulares como verdadeiro enfoque de ações revolucionárias. Nesse sentido, cita-se, na modernidade, a Revolução Francesa, na qual interesses de emancipação e dominação da classe burguesa foram mascarados por ideais humanitários e universais de liberdade, igualdade e fraternidade. 

          Ainda como uma das degradações observadas figura o fato de tornarem-se as revoluções carentes de uma finalidade nítida ou aceitável, bem como limitadas a discursos e ações de infundada rebelião. Contemporaneamente, a título de exemplo, acompanha-se o caso da "revolução" dos alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, definida tão somente por agitadores (aos quais privilégios financeiros promovem uma constante anistia) responsáveis por atos inconsequentes de rebeldia, isentos de ideais maduros voltados a uma efetiva e conveniente transformação.

          Os meios de se conquistar os objetivos daqueles que se propõem a ser revolucionários também  são uma questão a ser discutida. De fato devem ser promovidas mobilizações, conforme já mencionado, mas qual deveria ser o caráter de tais mobilizações? Marcadas por comportamentos de violência gratuita e extrema, muitas das revoluções já ocorridas não mereceriam ser de tal maneira nomeadas, uma vez que limitaram-se a agressões, sendo incapazes, no entanto, de atingir seus fins, de promover a  transformação proposta. Resistências pacíficas efetivas, por outro lado, como a liderada por Gandhi para libertar a Índia do domínio inglês, normalmente não se encontram definidas como revolucionárias.

          As referidas deturpações do verdadeiro sentido da revolução evidenciam, portanto, a falta de razão em assim definir atos marcados por interesses particulares, isentos de ideais dignos ou restritos à violência. O fenômeno deve, na verdade, estar vinculado à capacidade real de subversão,  por um meio ou por outro, de uma realidade injusta e repressora não mais admitida por parcela majoritária da população.

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