Valores Invertidos
Para o sociólogo Nildo Viana, "o
valor é algo significativo, importante, para um indivíduo ou grupo social".
Mantendo essa denominação de valor, será que, hoje como sociedade moderna, vivemos
e pensamos assim? Penso que em partes. O valor, atualmente, é mais associado
com o individualismo. A antiga burguesia da época moderna deu início a esse
aspecto e nós o mantivemos até hoje. Partindo das ideias defendidas por Max
Weber em “Economia e Sociedade”, vemos valores como os sentimentos afetivos,
amigos e familia sendo substituidos por meros caprichos valorativos no sentido
econômico da palavra. Como disse Oscar Wilde: “Hoje em dia conhecemos o preço
de tudo e o valor de nada.”
As relações sociais são marcadas pelo dinheiro.
E contrato virou sinônimo de liberdade. O que antes era esquecido por laços de
amizade ou laços consanguíneos, hoje perde-se na avareza do homem e inverte-se
dando lugar a laços de amizades e consanguíneos perdidos. Valores invertidos e
desperdiçados. Como diz a música “Utopia” do Padre Zezinho: “Correu o tempo / E
eu vejo a maravilha / De se ter uma família / Enquanto muitos não a tem / Agora
falam / Do desquite ou do divórcio / O amor virou consórcio / Compromisso de
ninguém”.
O surgimento dos contratos trouxeram inúmeros
benefícios para a sociedade. Além de ampliar a relação econômica dos indivíduos,
gerou a solidificação dessas relações perante aquelas antigas baseadas em
mágicas ou coisas do além. O Direito foi criado para sustentar essa nova
modalidade econômica e trazer segurança aos envolvidos. Agregada a isso tudo
surgiu uma nova liberdade, mais ampla e de inúmeros sentidos. Se o contrato
requer regras, como pode instituir liberdade? Essa é a “mágica” capitalista, que
faz com que o indivíduo tenha tranquilidade mediante assinatura num papel sem
ter qualquer tipo de confraternização com a outra parte contratante.
Pode ser estranho pensar nisso, mas o bom e o
ruim andam de mãos dadas em todos os sentidos. Criamos uma situação de
segurança econômica, mas geramos uma sociedade individualista e destituida –
perante a antiguidade – de relacionamentos mais íntimos. Será que valeu a pena
e está valendo a pena?
Deixo uma reflexão, uma citação de Albert
Einstein: “Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará
assim uma máquina utilizável e não uma personalidade. É necessário que adquira
um sentimento, senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido (...)”.
Tornaremo-nos máquinas ou já nos tornamos?
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