segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Porções de justiça

Inicio com uma questão substancial: o que seria de fato a justiça? Esse conceito demasiadamente abstrato e pessoal, tão pregado pela sociedade e por vezes tão escasso nos dias atuais, apresenta relevante complexidade e por isso é gerador de polêmicas.

Representada pela mulher vedada, empunhando uma espada e trazendo consigo uma balança, a justiça deveria emanar imparcialidade e ponderação, além de estabelecer a igualdade entre os cidadãos. Justo seria aquilo que refletisse uma verdade e, então, possibilitasse punição proporcional ao delito que houvessem cometido.

Contudo o que é justo para alguns não o é para muitos. A justiça está intimamente ligada à moral e aos conceitos de certo e errado gravados de maneiras distintas em cada ser humano. Sendo assim, trata-se de uma concepção relativa que acaba ainda mais confusa por escorar-se em um conjunto falho de leis.

Devido à legislação ineficaz e, talvez também, à famigerada ausência de ética, o que vem ganhando forças é a impunidade. Chegamos ao absurdo da mendicância por justiça. Já que a punição justa é, na maioria das vezes, improvável, contentamo-nos com doses homeopáticas dela. E o pior: a maioria de nós estará satisfeita com essa pequena dose que lhe é oferecida.

A justiça plena soa um tanto quanto utópica no contexto da atualidade. Aproveita-se de sua tamanha subjetividade para então manipula-la. Enxergo a justiça como algo que deveria ser indivisível e imensurável, sendo impossível, portanto, oferecer à alguém pequenas porções dela.

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