Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
domingo, 14 de agosto de 2011
Dinheiro em detrimento da fé?
Antes de entrar na discussão de fato a respeito do capitalismo, Weber diz que é imperioso levarmos em conta a realidade histórica e social da época investigada para assim entendermos o real significado do ''espírito do capitalismo''.A descrição desse espírito é feita a partir de um documento no qual constam famosas frases capitalistas, como a máxima ''tempo é dinheiro''.Além disso é notável a presença da religião e do questionamento sobre a fé na obra de Weber, comumente relacionando-as com o sistema capitalista e suas influências e comparando-as com esse sistema.
Nessa nova era capitalista vivida pelo autor, a ética ''da moda'' era ganhar mais e mais dinheiro-o summum bonum- independentemente do modo, classe ou instituição e dessa forma o homem passa a ser um fantoche do dinheiro e possuí-lo seria sua única finalidade na vida.Nesse contexto nem a Igreja estava imune aos atos e influências capitalistas, ora cobrar enormes quantias pela salvação é prova disso, portanto é questionável o verdadeiro intuito dessa instituição: visa ao bem social ou à arrecadação para o próprio bem individual e capitalista?É óbvio que o autor não pondera tal assunto diretamente-até porque em sua época tal fato seria suicídio devido ao poder eclesiástico-, porém relaciona o capitalismo à perda de poder e fiéis por parte da Igreja e tal fato ocorre pois, na visão de Weber, as pessoas imbuídas do espírito capitalista tendem a ser indiferentes à Igreja, e isso nada mais é do que o capitalismo em detrimento da fé.
Ao longo do texto o capitalismo parece crescer e tomar forma, acarretando no final a afirmação de que o sistema não precisa mais do suporte de qualquer força, seja ela política, religiosa,...enfim, ele torna-se independente como uma criança que aprende a andar.O capitalismo passa então a querer ser o centro das atenções-como um adolescente- e quem não se adapatar ao seu modo de vida e às condições de sucesso será marginalizado, sobrepujado: ''o capitalismo atual, que veio para dominar a vida econômica, educa e seleciona os sujeitos de quem precisa, mediante o processo de sobrevivência econômica do mais apto'', teríamos aí uma relação de Darwin e capitalismo, o que parece extremamente plausível-o mais apto sobrevive.
Por fim, o capitalismo mudou drasticamente a vida de toda uma sociedade, alterando hábitos familiares e de trabalho, tornando a aquisição e o lucro a satisfação social e não mais a fé.Podemos dizer que com sua ascenção o capitalismo desbancou a supremacia da Igreja - por alterar condutas e pensamentosao redor do mundo- e por conseguinte a fé também diminuiu, chegando ao ponto da indiferença com a Igreja e da submissão ao dinheiro.Ainda hoje o capitalismo reina, e apesar de sua crises cíclicas não parece estar perto de sua morte, logo ele é o adulto que governa hábitos, culturas e todo o planeta, pois praticamente inexiste quem não esteve, esteja ou vai estar sob sua grande influência.
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