sábado, 18 de junho de 2011

O tecer da teia

Em oposição a sociólogos positivistas como Comte e Durkheim, há um pensador que se volta para o indivíduo, considerando a importância deste como promotor da ação social, que conectada a outras diversas, compõe a realidade do todo, a sociedade. Refiro-me aqui a Max Weber, que traça uma nova concepção de ciência, em oposição ao determinismo que este atribui aos pensadores citados, assim como à Marx.
Weber não visa partir de leis pré-estabelecidas, mas de uma análise dos sentidos que determinam a ação social e dos valores que a movem. É importante considerar que na análise weberiana esses valores são diversos, abarcando fatores econômicos, políticos, tradicionais, dentre muitos outros. Desse modo, Weber tece uma crítica à construção teórica marxista, pautada essencialmente na condição econômica da sociedade, o que se traduz no materialismo histórico.
Ao mesmo tempo em que lança mão do método compreensivo, --por meio do qual, ao considerar que o indivíduo a cada agir opta por um valor, a análise weberiana se volta para a percepção do agente social a partir dos valores deste – Weber aponta a impossibilidade da total neutralidade por parte de um sociólogo. Assim, no estudo compreensivo, Weber considera a auto-superação dos próprios juízos de valor, mas frisa que estes não podem ser de todo domados.
Auto- superar os próprios juízos de valor implica abrir mão de pré-concepções, que já delimitam o estudo, pautando-se em fatores específicos, fazendo com que outros fujam à análise, que acaba assumindo um caráter genérico e determinista. Vejamos como exemplo o olhar marxista sobre a instituição familiar, que encara esta como unidade produtiva, não mais afetiva, pois ele já parte para a análise desta com a noção de que as forças econômicas determinam o curso seguido pelos demais setores da sociedade. É o que Weber chama de atender à “necessidade dogmática”. Ligando tudo ao fator econômico, Marx rebaixa as demais causas, o que significa dizer que as conexões que fogem à questão material são suprimidas na análise e desvinculadas da ação social. Assim, os aspectos tradicionais, dentre tantos outros, que guiam e moldam o comportamento familiar, ficam obscuros na análise marxista, gerando uma compreensão limitada do sentido da ação social.
Em suma, para Weber, uma sociedade é análoga a uma grande teia em que cada ação social se liga a outras por diversas conexões, que abrigam diferentes sentidos e valores. Diante de tais incontáveis ligações, constata-se que uma única característica da realidade social não define totalmente a posição de um indivíduo dentro da estrutura social. E, ainda, que uma teia vai adquirindo forma a cada novo fio, a cada novo elo. Estudá-la é combinar fatores, que levarão a uma melhor compreensão do todo, da grande teia chamada sociedade.

Um comentário:

  1. Oi. Não estou conseguindo encontrar os textos originais na qual Weber se refere a metáfora "da teia". Alguem poderia me indicar em qual livro/ parte se encontra? obrigado abraços.

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