Em sua obra, Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, Friederich Engels, procura na realidade, ou seja, nos fatos históricos, as explicações para as causas dos antagonismos de classes existentes. Engels nega todo o material dito socialista estudado até ali, pois vê neles um simples caráter ideológico, que não se baseia naquilo que há de real, sendo naturalmente utópico.
O primeiro passo para Engels está no rompimento com a metafísica, o surgimento do materialismo dialético, que se baseia na realidade vivida pelas massas, na racionalidade, na ciência e na técnica. Engels vê no próprio sistema capitalista a única forma de se obter o desenvolvimento pleno do socialismo, pois apenas com a pré-existência de um sistema objetivo baseado na ciência e que tem a abundância como produto, seria realmente possível socializar algo positivo para toda a coletividade: o progresso.
A função dessa dialética de Engels é desvendar os fatos históricos e compreender a evolução da sociedade humana, para que se faça uma leitura dos tempos e se entenda a aplicabilidade do socialismo. O possível deve se tornar necessário. O socialismo é, portanto, para Engels, inevitável e se encaixa na própria evolução da história da civilização humana, sendo a consequência da principal luta de classes para ele existente: o proletariado e a burguesia.
Engels afirma que a estrutura econômica rege todas as outras estruturas (política, cultural e etc.) No capitalismo, por exemplo, a exploração se dava através da mais- valia e da fragmentação do sistema de produção, o que desvalorizava o operário deixando-o abaixo dos produtos. Para Engels, era necessária a racionalização dessa produção, valorizando-se o todo e não a parte. Com isso, seria possível controlar as “demoníacas” forças capitalistas de produção e torná-las servas do corpo social.
Para a instauração completa do socialismo seria necessário primeiramente uma “ditadura do proletariado” com a apropriação dos bens burgueses, ditadura essa que se dissolveria posteriormente pois se tornaria automaticamente dispensável. Mas o que faz indagar esse pensamento de Engels é o fato de até hoje nenhum Estado dito socialista ter avançado desse primeiro estágio, e não se sabe se um dia isso ocorrerá.
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