Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
segunda-feira, 30 de maio de 2011
SOCIALISMO X CAPITALISMO: DA DISCÓRDIA À UNIÃO
Friedrich Engels, juntamente com Karl Marx, fundou o socialismo científico, doutrina que prega a socialização dos meios de produção tendo como finalidade a igualdade social entre os indivíduos, que desde sua elaboração provoca debates acalorados entre os seus defensores e opositores e inspirou revoluções em todo o mundo. Engels, na obra Do Socialismo Utópico ao Socialismo Cientifico, faz uma análise crítica do socialismo utópico e dos seus principais teóricos, explana sobre o materialismo histórico e dialético e finaliza a obra com uma análise do capitalismo explicando como se dará a sua transição para o socialismo.
O Iluminismo propôs a igualdade entre os homens, e o domínio da razão nas relações sociais, porém através do tempo essa igualdade não se sedimentou e as diferenças entre opressores e explorados continuaram vigorando. A nobreza caiu juntamente com o modo de produção feudal e houve a consolidação da burguesia e do modo de produção capitalista, assim as massas assalariadas, dominadas pela burguesia, passaram a constituir uma camada miserável com péssimas condições de vida. Diante deste cenário surgiram os utopistas que pretendiam libertar toda a humanidade e não apenas os proletariados. Foram homens que descortinaram a situação vigente e expuseram os vícios da ordem social: Saint-Simon, Fourier e Robert Owen.
Eles pretendiam criar modelos sociais que resolvessem os problemas de até então, porém eram modelos fantasiosos e sem fundamentação científica. Para Saint-Simon todos os homens deveriam trabalhar, pois os ociosos eram os responsáveis pelas chagas sociais. Fourier desnuda a hipocrisia moral e material do mundo burguês e introduz a ideia do fim da civilização. Owen propõe a coletivização da propriedade para que todo homem alcance uma vida livre e de qualidade. Porém, para o socialismo realmente ser colocado em prática, seria necessário situá-lo no campo da realidade.
O Homem, segundo Engels, estava habituado a enxergar o mundo de maneira simplista, não em sua dinâmica, variabilidade e evolução através do tempo, e sim na sua situação estática. Portanto seria necessária a adoção da Dialética, que enxergava as coisas sob o ângulo da sua dinâmica, do seu nascimento, envelhecimento e morte. Só assim pode-se chegar a uma concepção exata do universo. O materialismo moderno vê a história no seu processo de desenvolvimento usando o método dialético, a história é, portanto, determinada pela luta de classes baseada em interesses materiais. O socialismo seria, assim, o resultado da luta entre a burguesia e o proletariado.
O Capitalismo é a ordem social imposta pela burguesia, onde esta exerce o seu domínio sobre as classes trabalhadoras. O modo capitalista de produção desenvolveu e transformou os meios de produção que elevaram a produção a níveis jamais vistos. Com a implantação da produção em série, que aumenta a produtividade e diminui o preço final do produto, a produção individual foi perdendo espaço até a total predominância do modo capitalista de produção, forçando os pequenos produtores a virarem funcionários assalariados dos capitalistas. Os trabalhadores passaram a ser explorados pelo princípio da mais-valia e os desempregados a constituir um exército de reserva para manter os salários dos trabalhadores a baixo nível. Devido à superprodução, inerente ao atual modo de produção, as crises do capitalismo são constantes e geram um “círculo vicioso”.
Para estabilizar o modo de produção a sociedade deve se apoderar das forças produtivas e guia-las de acordo com os interesses sociais. No dia em que isso ocorrer a produção passaria a atender as necessidades de todo o corpo social e as diferenças e rivalidades entre classes seriam extintas. Quando o Estado não defender mais os interesses de uma única classe dominante, e sim aos interesses de toda a sociedade, ele desaparecerá, pois não existirá mais o que reprimir. O Homem deixaria de lutar pela sua sobrevivência e se dedicaria às atividades que constroem e edificam a sua condição como ser humano.
Assim, com a leitura da obra de Engels, podemos ter uma noção geral do socialismo científico e de como ele se estabeleceria. É impossível negar a beleza da ideia da igualdade entre os homens num mundo onde todos tivessem condições de ter uma vida feliz e plena, da mesma maneira é inegável a precisão com que Marx e Engels explicam a estrutura e os problemas do Capitalismo. Porém cabe o questionamento se a solução dada por eles para superá-lo realmente é benéfica. Nos países onde o Socialismo foi aplicado a experiência demonstra que na prática tais ideias não geram os efeitos desejados, apesar dos questionamentos em relação a real aplicação dos preceitos de Marx e Engels nos países onde o Socialismo foi adotado. De qualquer maneira podemos reformar a nossa sociedade de maneira que ela se torne mais igualitária e justa, com a manutenção das vantagens do Capitalismo e a adoção das propostas benéficas do Socialismo.
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