sábado, 28 de maio de 2011

Revolução!

Não há como negar que a burguesia é a fonte de todas as revoluções. Foi ela quem motivou a formação dos Estados modernos, após o feudalismo. As ideias iluministas vieram dela. Foi essa mesma burguesia que gerou o Renascimento (cultural, urbano, comercial). Foi ela que investiu na expansão ultramarina, a fim de explorar novos territórios. Ela fez a Revolução Gloriosa, a Independência americana (os “American Forefathers” eram intelectuais ligados ao Iluminismo, maçons). Revolução Francesa, a mais burguesa de todas. Revoluções Industriais (todas as três). Não há proletário. A revolução sempre vem de uma elite.

Friedrich Engels, em sua obra “Do Socialismo Ultópico ao Socialismo Científico”, comenta esse poder revolucionário. O teórico acusa a burguesia de destruir o privilégio estamental, para criar seus próprios privilégios. Acrescenta que a burguesia, por ser revolucionária, traz em si sua própria antítese. Em meio a abundância do capitalista, há a miséria do proletário. E, para finalizar, Engels comenta que, durante o feudalismo, a produção era de subsistência, satisfazendo à família do servo e do seu senhor feudal. Vê-se, então, que durante o feudalismo (para Engels), por haver a possibilidade de se auto-satisfazer, a família do trabalhador possuia uma maior qualidade de vida. Será?

As revoluções Gloriosa e Francesa entregaram o poder à burguesia. No caso inglês, limitou-se o poder da monarquia, colocando o parlamento (representantes do povo) como orgão máximo. No caso francês, a burguesia derrubou o rei e implantou a república. O estado falido de Luis XVI foi substituído pela França moderna, industrial e democrática. O proletariado inglês jamais se voltou contra o parlamento. A França, quando os sansculottes tomaram o poder, afundou-se em sangue. Privilégios de uma só classe? Não é o que parece. A revolução industrial aumentou a produção, inundando o mercado com produtos diversos. Os salários crescem e os preços caem, medidas para forçar o consumo, apenas para aumentar os lucros do capitalista egoísta? Pouco importa, agora todos podem comprar um colchão que não seja de palha, ter energia elétrica em casa, andar de trem, carro, metrô, avião! Não há como negar, a vida de todos melhorou. É lógico que os donos dos meios de produção enriqueceram muito mais em menos tempo, mas não cresceram sozinhos. A desigualdade aumentou, isso é péssimo. Contudo, pense como vivia um servo durante o feudalismo: alimentação, vestuário, higiene pessoal, lazer. Comia o que a terra concedia; vestia trapos; mal tomava banho ou escovava os dentes (atendia às necessidades utilizando folhas); seu trabalho não tinha horário. Hoje, não importa a época do ano, encontra-se no mercado todo tipo de produto; as roupas de algodão não pinicam; toma-se banho, escovam-se os dentes (e há papel higienico, bidê, ducha...); trabalha-se um período do dia, não tendo que se preocupar a noite com lobos atacando o gado ou a chuva que precisa cair amanhã (basta consultar a meteorologia ou ligar o sistema de irrigação).

A burguesia traz realmente em si a sua antítese? Levará o proletário a se revoltar contra as injustiças e tomar o poder, para criar enfim a sociedade igualitária? Continuarei a lista que estava fazendo no começo deste texto. Revolução Russa, Lênin estudou Direito (em um país de quase total analfabetismo). Revolução Chinesa, Mao Tsé-Tung realizou seus estudos universitários em filosofia e pedagogia (privilégio de poucos na época). Revolução Cubana, Fidel Castro, também formado em Direito, em um país de gigantesca desigualdade. A revolução continua burguesa, de pessoas com dinheiro e formação universitária. O proletário deseja ganhar seu salário ao fim do mês e comprar o seu “sonho de consumo”. A burguesia não traz sua antítese, são apenas alguns burgueses autoritários que o dizem. Friedrich Engels era filho de industriais em Manchester. Karl Marx nunca trabalhou na vida. Engels, em sua obra já aqui citada, diz que o proletário é o único grupo capaz de destruir os privilégios de classe e trazer à sociedade a justiça social. Isso nunca aconteceu. Sempre o povo foi reduzido à massa de manobra. A revolução não proletária. O proletário é conservador, apático, acomodado.

Porém, se a burguesia é revolucionária, o proletário, conservador; o que é a burguesia socialista (que se diz revolucionária)? Fácil, é REACIONÁRIA! Esquisito? Provo. Engels, novamente, diz: “com exceção do Estado primitivo, toda a história era a história da luta de classes, e que as classes sociais em luta entre si eram em todas as épocas” (“Do socialismo utópico ao socialismo científico”, Friedrich Engels). Não bastando, Engels diz que o segundo passo do socialismo é o comunismo, onde o Estado é abolido, por se tornar obsoleto. Isso é lindo, ainda que em toda a história da Rússia ou de qualquer um dos países da antiga URSS, nunca o Estado foi tão presente quanto nos 74 anos (1917-1991) de socialismo. Fato que se repete na China, Cuba, Coréia do Norte. Além de falso, este conceito é um retrocesso ideológico. O Estado foi formado ainda na antiguidade. Todo agrupamento humano possui um líder, não necessariamente que mande, mas responsável por administrar e regular as relações interpessoais. A formação do Estado foi um avanço elementar, na história da humanidade. Destruí-lo é retroceder seis mil anos de evolução das sociedades. Além desta passagem, notam-se os elogios feitos ao feudalismo, que já citamos anteriormente. A produção manual, artesanal, é colocada como superior, mais justa que a produção industrial.

Se me perguntarem, eu sou a favor da revolução. Da Revolução Gloriosa, que criou o parlamento, regulando os poderes da monarquia. Da Revolução Francesa, que destituiu um rei pródigo. Das Revoluções Industriais, desde a máquina a vapor até a robotização atual, melhorando as condições de trabalho, barateando custos e aumentando a produção. Revolucionário é investir na produção de ciência, modernização. Utilizar cada vez mais máquinas, evitando que trabalhadores sejam diminuídos a meros animais, com músculos e sem cérebro. Isso é revolução!

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