segunda-feira, 2 de maio de 2011

Positivismo: não sendo herói, nunca poderá ser chamado de vilão

Assim como evoluímos da infância para a juventude e desta para a maturidade, passando necessariamente por todas as fases, o pensamento humano se desenvolve do estado teológico para o metafísico e deste para o POSITIVO, passando necessariamente por todas as fases, mostrando uma clara evolução. Esse é um dos preceitos básicos da Filosofia Positiva de Augusto Comte.
A doutrina positivista, duramente criticatada no meio acadêmico, realmente tem seus (muitos) defeitos e erros. Eu, inclusive, discordo do Positivismo na maior parte do tempo. Entretanto, até que ponto há discordância?
Após ler dois dos capítulos da obra positivista de Comte e me inteirar mais do assunto, posso dizer que muito do que li não é exatamente "ruim" (se é que uma teoria do tipo possa ser assim taxada por qualquer um) e desejo compartilhar o filtro pessoal (ou seja, subjetivo e aberto a discussões, não querendo afirmar como verdade absoluta) que fiz da obra em questão, defendendo os pontos que me parecem interessantes.
Comte pensa o positivismo como conclusão da revolução iniciada por Bacon e Descartes. Ora, os pensamentos dos dois filósofos citados são constituídos por métodos espetaculares e utilizados até hoje na ciência moderna! A verdade é que o Positivismo constitui doutrina extremamente realista e racional, estimulante do progresso científico e da ordem social, buscando sempre a verdade científica, sem intromissão dos fatores metafísicos ou teológicos no raciocínio, e uma melhoria social, baseada na fundação da física social e na consequente observação e resolução prática dos problemas sociais em função dela, descartando revoluções e movimentos baseados somente no discurso. Atualmente tais pensamentos têm feito muito sentido se forem analisados por essa visão: é só observar o avanço da ciência no mundo todo e programas sociais práticos como o Bolsa Família no Brasil ou o subsídio às necessidades básicas (saúde, educação, etc.) nos países de maior IDH do mundo.
Também é possível observar a preocupação de Comte em instituir uma reforma da educação no intuito de romper com o isolamento das ciências. É claramente necessário que se saiba um mínimo básico de todas as ciências quando se é educado. Não só para descobrir a que se está mais apto ou o que é de preferência de cada um, mas também porque, dessa forma, há um desenvolvimento sincronizado e mais rápido de todas as ciências. Ainda no que se refere à educação, Comte não exclui a importância da teoria, demonstrando que tanto esta quanto a prática são importantes para a ciência e para a humanidade. E realmente são. Tal pensamento fica muito claro atualmente nas próprias universidades.
Por fim, desejo citar a ênfase no pensar coletivo e na prática da solidariedade. Um dos grandes males da sociedade atual tem sido o individualismo excessivo. Ele alastra a desigualdade, a intolerância e as faltas de humanidade e de consciência no que tange ao respeito às leis e principalmente ao papel social. Talvez pensar um pouco mais positivista não fizesse tão mal assim à sociedade...
Quero deixar claro que não sou defensor do positivismo, muito menos da instituição deste na sociedade, mas somente de alguns dos seus conceitos sobre certa visão bem definida (no caso, a minha) e concluir afirmando que se o leitor entende a importância do Positivismo para as gerações posteriores e não só os pontos ruins, mas também os bons de sua teoria, o leitor certamente já superou os estados teológico e metafísico.

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