domingo, 1 de maio de 2011

Os fundamentos do positivismo

Movido pelo otimismo que decorre da crença no progresso tecnológico, o positivismo desenvolveu um gigantesco esforço para tornar o homem consciente de seu destino histórico, profundamente comprometido com a vocação tecnocientífica do mundo moderno. Nesse sentido, Comte representa a sobrevivência e a afirmação do ideal iluminista adaptado à era industrial.
A filosofia, portanto, não tem de se ocupar da reinvenção do saber, mas sim de sua classificação e ordenação. Por isso, a filosofia positiva possui um teor enciclopédico não no sentido do conteúdo do saber, mas de sua organização e hierarquização. Nesse contexto, a filosofia se submete ao quadro do saber consolidado, àquele que, por seus métodos e resultados, triunfou ao longo de séculos de desenvolvimento.
Sua filosofia apresentava muitos dos pressupostos ideológicos que ainda orientam a investigação cientifica, inclusive a insistente afirmação de que só se podem considerar validas as hipóteses passiveis de confirmação por meio da observação. Não obstante, Comte se afastava dos empiristas ingleses e franceses do século XVIII na convicção de que a finalidade da ciência não é apenas verificar os fatos, mas produzir teorias gerais sob as quais fosse possível explicar todos os fenômenos.
No Curso de Filosofia Positiva, Comte descreveu sua “Lei dos Três Estágios”.
No teológico, as explicações dos fenômenos do mundo físico eram procuradas nas forças sobrenaturais, de cunho mitológico-religioso. Segundo Comte, a mentalidade teológica visa a uma compreensão absoluta do conhecimento. No metafísico, o transcendente cede espaço a um pensamento supostamente racional, mas que ainda guarda muito do sobrenatural ao buscar explicações na esfera do supra-sensível, do inteligível. É a fase da abstração. A diferença reside no fato de a metafísica colocar o abstrato no lugar do concreto e a argumentação no lugar da imaginação. O estado positivo caracteriza-se, segundo Comte, pela subordinação da imaginação e da argumentação à observação. A visão positiva dos fatos abandona a considera­ção das causas dos fenômenos (procedimento teológico ou metafísico) e torna-se pesquisa de suas leis, entendidos como relações constantes entre fenômenos observáveis. São elas que explicam a variação dos fenômenos.
Para o conhecimento atingir uma uniformidade seria necessária a aplicação de uma metodologia semelhante às teorias.
O conhecimento das relações constantes entre os fenômenos torna possível deter­minar seu futuro desenvolvimento, revelando assim a união entre a teoria e a pratica e permitindo o desenvolvi­mento da técnica, como na indústria.Na época moderna, o mesmo procedimento invento reaparece em Bacon, Newton e Descartes.Para Comte, a sociologia não tem apenas a função de descrever os fenômenos sociais, o que faz por meio da estática social (condições constantes da sociedade) e da dinâmica social, que avalia as condições de mudança estabelecendo as leis do progresso.
a dinâmica social subordina-se à estática, pois o progresso provém da ordem e aperfeiçoa os elementos permanentes de qualquer.
Mais do que isso, essa disciplina tem como objetivo principal valer-se dos resultados científicos a que chega para prescrever as condições de instauração do espírito positivo na sociedade. Ela deve reorganizar nessa direção as estruturas sócio-políticas e preparar assim a reforma moral da sociedade.
A ligação orgânica entre lógica, ciência, moral e política, feita pelo positivismo, faz com que o cientista tenha um papel social importante, uma vez que é impossível considerar a lógica – que preside a classificação e a ordenação das ciências – sem levar em conta um programa ético e político.

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