domingo, 1 de maio de 2011

O Ideário Positivista dentro das Mentes Capitalistas


August Comte, contrariando os então vigentes métodos de ciência do século XIX, segundo ele, a teologia e a metafísica, propõe as "ciências positivas" baseadas nos princípios da ordem para o progresso, do coletivismo, da solidariedade e da função social dos indivíduos.

Através da metáfora do "corpo social", Comte explica a importância de cada um como órgão o qual deve desempenhar suas devidas funções para que assim se consiga o pleno e perfeito funcionamento e progresso da sociedade, um "corpo saudável".

Causando estranhamento no típico pensamento concorrencial, individualista e ganancioso capitalista, o positivismo critica a mobilidade social, as disputas e também acaba com o engodo de participação política dos proletários. Além disso, valoriza o coletivo em detrimento dos interesses individuais.

Para Comte, cada um é essencial e indispensável ao bem estar social com suas diferentes funções e contribuições sendo, portanto, anômalo e prejudicial aquele que pretende mobilidade e sai de seu "lugar social". Preconiza o ensino das "ciências positivas" aos proletários para assim compreenderem melhor sua "função social" e também, no lugar da utópica participação política, incentiva políticas públicas que realmente atendam às necessidades diárias da massa.

Sua visão de ordem concebida em uma sociedade praticamente estratificada para o alcance do progresso é interessantíssima visto ser um pensamento totalmente distinto do liberal vigente. Pode-se deduzir que seja, de certa forma, hipocrisia dos intelectuais pregarem essa sociedade tão favorável a eles com todos conformados em suas posições, sem ameaças externas. Porém, é válido lembrar que no pensamento de Comte, a vontade de ascenção social e de sempre querer mais não existiria na "sociedade positiva" uma vez que todos viveriam com plena dignidade e orgulho por serem parte primordial da sociedade.

Infelizmente, acredito que sua visão coletivista e solidária do mundo com a probidade social e sanação das necessidades básicas de todos para o progresso coletivo não pode ser aplicada na sociedade atual. Com certeza os detentores do conhecimento se utilizariam deste para a exploração do proletariado, para tirar vantagens, e estes, proibidos de se rebelar, pois estariam sendo considerados "deturpadores da ordem do corpo social", seriam submetidos a um totalitarismo, uma repressão e injustiça social imensa. Prova disso é a ditadura militar brasileira que, em detrimento do bem estar comum, conseguiu o "progresso" com a "ordem" imposta de forma autoritária e silenciadora.

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