domingo, 29 de maio de 2011

Burguesia eficiente

Engels nega o Socialismo Utópico de Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen, pois o considera embasado em situações imaginárias, dificilmente concretizáveis.

Ele, então, propõe o Socialismo Científico que se fundamenta no Materialismo Histórico, ou seja, na investigação das leis do desenvolvimento da história. Sendo assim, Engels acredita que somente as pesquisas históricas permitem a compreensão da realidade e, posteriormente, a formulação de soluções para os problemas sociais, (“É na própria história que estão as respostas para os males de uma época.”).

Ao analisar os fatos históricos, ele chega à conclusão de que, com exceção do estado primitivo, “toda a história era a história da luta de classes”. Dessa forma, Engels afirma que o conflito entre dominantes e dominados (a dialética das classes) movimenta o processo histórico.

Para o teórico, a burguesia, classe dominante, caminharia para a própria destruição, uma vez que, explorando demasiadamente outra classe, promoveria condições para que esta se rebelasse e rompesse a ordem vigente.

Por isso, o Socialismo se estabeleceria naturalmente diante de uma situação de exploração da força de trabalho (mais-valia) associada à precária socialização das riquezas geradas pelo Capitalismo.

Mas se o Socialismo seria um processo inevitável e incontornável, por que ele não se tornou uma realidade mundial?

O desenvolvimento tecnológico e científico pode ser citado com responsável pela não concretização do Socialismo, já que as inovações científicas amenizam a impressão de exploração, na medida em que “suavizam” o processo de produção, isto é, tornam o fardo do trabalho menos pesado.

Além disso, o encantamento que tais inovações provocam nas pessoas também afasta a idéia de revoltas. A acessibilidade desses produtos transmite a sensação de participação no sistema capitalista e, portanto, é outro fator que evita subversões.

De posse desses artifícios, a burguesia conseguiu globalizar seus princípios e vontades, incutindo nas pessoas uma ilusão de pertencer à classe dominante. Dessa forma, o mais humilde dos trabalhadores passou a se identificar mais com o empresário que vê pela televisão (adquirida em vinte e quatro prestações nas Casas Bahia) do que com seu vizinho que passa pelas mesmas necessidades.

Nesse processo de “burguerização artificial” do mundo, a burguesia foi muito eficiente e deu, definitivamente, um pontapé nas previsões de Engels.

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