“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente [...]. E por isso, não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti.” [ John Donne, "Devotions upon Emergent Occasions”, 1624]
Essa é uma das citações literárias feitas no filme “Ponto de Mutação”, de Bernt Capra; e, em minha opinião, a mais bonita. Quero fazer aqui uma reflexão sobre o filme, a partir desta mesma citação. O enredo é simples, sendo apenas um diálogo filosófico entre três personagens. Um poeta, que em diversos momentos trás à conversa citações como à que vimos anteriormente; um político, que procura soluções para a sociedade, mas sempre contrapondo as medidas que devem ser tomadas às medidas que agradariam a opinião pública; e, por fim, uma física nuclear, que durante todo o diálogo demonstra o quanto nossa ciência e nosso conceito de progresso estão enganados.
O filme discute o quanto nós, seres humanos e natureza, dependemos uns dos outros. Interessar-nos-á, agora, apenas tratar da relação entre os indivíduos, deixando a relação indivíduo-natureza para outro momento. A grande chave está em entender que tudo que fazemos afeta toda a humanidade. Não me refiro ao famoso “Efeito Borboleta”, mas à interligação que temos. Nenhum indivíduo pode viver sozinho, todos precisamos de relacionamentos, sem importar sua espécie.
Hoje, o mundo todo está em contato direto. A globalização deixou de ser um conceito, e se consolidou como realidade em todos os territórios. Diziam alguns anos atrás que a tecnologia nos transformaria em seres isolados, que o capitalismo desejava sugar o proletário, que os meios de comunicação nos alienariam. Vemos então as redes sociais crescendo vertiginosamente. O maior investimento do último ano foi o Facebook. Vemos a massificação do uso de eletrônicos; a população em geral passou a consumir produtos industrializados, privilégio antes apenas de uma elite. O acesso à informação é amplo e ilimitado através da internet, televisão e jornais, que estão em contato com todos os países do mundo. Nossa sociedade está cansada da frieza das máquinas polivalentes. Ela busca o calor da amizade, do carinho que apenas uma pessoa pode dar.
Voltando para a citação com que iniciamos este artigo, quando um indivíduo morre, morre uma parte do todo. Sentimos isso. Haiti, Rio de Janeiro, Chile, Japão. Ajuda humanitária internacional. Nós sentimos a dor. A desgraça nos angustia. “Não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti.”
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