quarta-feira, 24 de abril de 2024

 

O papel do positivismo na construção do Brasil enquanto república.

 

Ordem e progresso?

 

No contexto da instituição da Primeira República, observou-se a forte influência da filosofia positivista no que tange à formulação teórica do modelo de governo. Nesse contexto, a ascendência do militarismo e autoritarismo situava o Brasil em dois âmbitos: o idealizado e o real; nesse cenário o país vivia a dicotomia entre a instauração de um modelo positivista de progresso para as elites e a perpetuação do atraso e da miséria para as classes menos favorecidas. Assim, fica claro que o papel do positivismo no Brasil foi de completa exclusão social.

Em princípio arguitivo, o positivismo comteano estabeleceu as bases para a instauração de uma noção de evolução restrita às elites. Indubitavelmente, na esfera política da República Velha, o ideal de racionalidade e laicidade era reduzido somente aos mais privilegiados; apesar de mudanças na constituição de 1891 transcender conceitos ultrapassados em relação à “Constituição da Mandioca”, essa noção de ampliação dos direitos não passava do papel. Dessa forma, a física social tão valorizada pelos militares brasileiros não passava de uma faceta ilusória de progresso.

Ao mesmo tempo, nota-se uma contradição grave no que tange ao lema estampado na bandeira nacional em oposição à realidade social do país: As efervescências coletivas encontraram seu apogeu no contexto da República da Espada. Indubitavelmente, movimentos como a “Revolta da Chibata” e a “Guerra de Canudos” escancaram a divergência entre a realidade do povo brasileiro e o pensamento positivista tão difundido pelas autoridades, de modo que essa filosofia na esfera brasileira só tenha servido para legitimar o autoritarismo desenfreado militar e a negligência da realidade socioeconômica da maior parte do país.

Portanto, fica claro que, apesar do positivismo alçar um ideal de progresso científico e social, no Brasil, tal princípio se restringiu às elites e aprofundou o estado de miséria da população brasileiro. Ademais, assim como Antônio Conselheiro, muitos sentiram na pele os efeitos da legitimação da violência por meio do positivismo. Assim, nessa esfera, o conceito de “Ordem e Progresso” torna-se falacioso.