quinta-feira, 4 de abril de 2024

Racismo: um fato social.

Vinícius Júnior, jogador do Real Madrid e da seleção brasileira, vem passando por um momento delicado na Espanha, com insultos racistas proferidos ao jogador nos estádios do país. O exemplo mais marcante foi contra a equipe do Valência, em que uma cidadã brasileira presente no jogo  gravou uma mulher e sua filha gritando a palavra “mono” (macaco) ao atleta. Além disso, comentários em redes sociais usam o estilo de jogo do Vini, considerado provocador, como justificativa de um crime. Assim, fica claro como o racismo tornou-se banalizado e normalizado nas sociedades, como a espanhola.

No último mês, durante uma coletiva de imprensa antes da partida contra a seleção espanhola, Vinicius Júnior se emocionou ao falar a respeito da sua luta contra o racismo e como tornou-se símbolo dessa luta. Entretanto, a atitude não repercutiu bem na imprensa espanhola, levando a declarações de jogadores, como Dani Parejo, atleta do Villarreal, que disse: "Parece que ele está em todas [as confusões], e esse é um aprendizado no qual ele teria que trabalhar. Quando joga no Real Madrid, sempre há um ambiente especial, sempre tentam cutucar os jogadores. Mas também já estive em campos por aí, sou chamado de bêbado e não reclamo com as pessoas nem faço gestos". Assim, fica evidente como o racismo tornou-se normalizado em sociedades, visto a comparação feita por um jogador, equiparando insultos racistas a chamá-lo de bêbado.

Essa banalização pode ser explicada pelo racismo ser um fato social. O conceito foi formulado por Émile Durkheim, sociólogo francês, que consiste em hábitos praticados pelas pessoas formando uma consciência coletiva, sendo gerais, coercitivos e exteriores, ou seja, caracterizam regras generalizadas, coercitivos em medida a provocar a manutenção do indivíduo dentro dessa estrutura e coletivas. Com isso, o racismo se enquadra como um fato social, pois está contido na sociedade em geral e parte do coletivo, com uma punição para o indivíduo que queira fugir dessa estrutura. Assim, é evidente o mecanismo de coerção ao analisar o caso do Vini Jr, por exemplo, após as denúncias de racismo e o início de sua campanha, Vini Jr ao chegar para um jogo contra o Atlético de Madrid, foi recebido com mais insultos e representações do atleta sendo morto enforcado, mostrando uma forma de intimidar o atleta e barrar a luta dele, o que caracteriza a atitude de coerção. 


Portanto, é notório que o racismo é um fato social, tornando-se comum em sociedades, como a espanhola, retratada anteriormente e em muitas outras ao redor do mundo. E é de extrema importância a luta contra esse crime e lutar para isso deixar de ser parte do cotidiano das sociedades.


Pedro Miranda Barbour Fernandes. Direito 1 Ano matutino.

 

 Existem algumas similaridades comumente encontradas em diversos laboratórios científicos, mesmo os mais distintos. Microscópios, béqueres, regras estritas de higiene e um distanciamento tácito entre cobaia e cientistas. Ao tentar resgatar critérios das ciências biológicas para o campo das ciências humanas, Émile Durkheim defende o uso justamente da última das características citadas: distanciar ao máximo aquele que estuda de seu objeto de estudos.

 No século 19, após o impulsionamento de Comte para a criação de um estudo de ciências humanas que fosse tão criterioso e científico quanto os estudos de física, química e biologia da época, surge Durkheim, um teórico e inventor de um novo pensar sociológico: o funcionalismo. Assim, tem como objeto de estudos o fato social (“toda forma de ser, pensar e agir em sociedade, desde que seja exterior, coercitiva e geral”). Na prática, Durkhein estudava sociedades, suas características e, para fins acadêmicos, as comparava a corpos físicos. Assim, da mesma forma que médicos estudam corpos humanos, Durkheim estudava os corpos sociais.

 Através de seu novo método, o pensador estudava sociedades de forma meticulosa e distante. Ao vestir seu jaleco, tornava-se imparcial, e, em seus trabalhos, defendia que os estudos humanos deveriam obedecer a essa ótica. No entanto, pensar no funcionalismo sob uma visão atual levanta o questionamento de que a extrema imparcialidade de Durkheim pode ser uma máscara para a manutenção do status quo.

 Nesse viés, se pensamos o mundo de longe, sem empatia e compreensão quanto aos objetos de estudos e suas verdadeiras motivações, não somos pesquisadores diferentes de cientistas tratando suas cobaias como seres sem consciência. Logo, ao observar as coisas “como são”, sob uma ótica deslocada da realidade, e concluir como única alternativa para resolução a própria exclusão de seres deslocada (anomias) do corpo social, em vez de buscar compreensão sobre os modelos que possam vir a levar tais indivíduos ao desvio, Durkheim está se limitando a excluir e manter as coisas como estão: beneficiando uns poucos e excluindo uns muitos.

 Maria Clara Rocci -1 ano de Direito