sábado, 16 de março de 2024

POSITIVISMO, 8 DE JANEIRO DE 2023 E IDEOLOGIA

    Representado como o pai da Sociologia, Auguste Comte fora um pensador e filósofo francês do século XIX. Promovendo grande contribuições para o campo intelectual, Comte formulou a “Lei dos três Estados”, teoria que divide o processo da evolução do Estado nos seguintes estágios: Teológico, Metafísico e Positivo.

Operacionalizando uma rápida análise sobre tais etapas, nota-se que o Estado Teológico se relaciona aos moldes das sociedades da idade média: submetidas a precárias condições de vida e uma suprema desigualdade, as populações deveriam se contentar com sua vida inteiramente subjugada por normativas religiosas, o poder político demonstrava ser intrínseco ao religioso e quaisquer casos de desarmonia entre os cidadãos eram plenamente resolvidos com base na força bruta.

   Adentrando ao metafísico, observa-se que tal molde de Estado já apresenta perceptíveis evoluções. Buscando, com maior racionalidade, as certezas da vida, o conhecimento começou a ser incentivado e a revolução científica se aproxima.

   Por último, porém mais importante, encontra-se o Estado Positivo: sendo visto como um exemplo a ser seguido, tal tipo ideal representa um estágio da sociedade inteiramente baseada no saber científico e na consagração da ordem e do progresso.

   Entretanto, revelando-se como uma ciência burguesa, a máscara positivista caiu por terra. Escondendo suas reais intenções por detrás do lema de nossa bandeira, o Positivismo preza, antes de tudo pela ordem. Todavia, qual seria o significado de tal termo? A ordem seria destinada a quem?

   Com o andar da história, tal ciência não fora capaz de esconder que o verdadeiro progresso pelo o qual lutam não é o social, mas sim o próprio elevar das elites. O positivismo não preza pela justiça, pela igualdade e, muito menos, pelo caráter social. O verdadeiro objetivo positivista é, antes de tudo, o anseio das classes dominantes, mesmo que esse signifique o rompimento do Estado de Direito e a tomada das rédeas democráticas.

   Estabelecendo um paralelo com nossa alienada realidade e nosso ignorante povo, evidencia-se que tal ideologia, assim como uma praga, espalhou-se em nosso corpo social. Como concretude de tal fato, vê-se o atentado democrático de 8 de janeiro de 2023: enganados por um governo que se dizia do povo, os indivíduos, tomados pela falsa consciência positivista, tomaram as dores daqueles que perderam o poder. Cegos por sua obediência bovina, diziam lutar pelo Estado de Direito quando, na realidade, estavam contribuindo para sua destruição.

   Portanto, nota-se que o ideal positivista, para além de ser puramente uma ideologia, quando somado à estupidez alheia, torna-se uma ferramenta de destruição.


Emanuel Francisco da Silveira, 1° ano Direito - Matutino. RA: 241220637

   


" Pensar Dói " O fanatismo frente a Ciência

 Um renomado professor da Unesp Carlos Eduardo de Abreu Boucault certo dia em sua aula inalgural disse: pensar dói. Um frase simples, porém, remonta um fenômeno social que aflinge nossa sociedade contemporânea e nos faz, enquanto povo, lamentar os absurdos cometidos em nome de ideias que não se fazem lógicas. Uma expressão dotada de profundo sentido, tão grande quanto a fatídica frase "penso, logo existo", fazendo-nos pensar sobre a relação do fanatismo e a ciência, e como um mundo tão conhecedor se tornou tão superficial. 

Francis Bacon nos apresentou a mais de quatro séculos atrás uma ideia de metodologia científica, um método empírico, que tivesse como base o raciocínio, a realidade das experiências e a fuga de dogmas preestabelecidos pela sociedade, homem que morreu em decorrência a testes científicos, e que merece ser lembrado. Nesse contexto, anos se passaram e a humanidade evoluiu a ponto de levarmos o homem a lua, desenvolvermos vacinas em tempo recorde durante uma pandemia global, e nem por isso, certas pessoas deixaram de ser menos fanáticas, a ponto de negarem o óbvio.

O fanatismo tem sido o grande mal que assola nosso tempo, fanatismo esse que permeia toda uma sociedade, e que não está somente em um grupo político ou em algumas pessoas de classes sociais diferentes, está no circulo familiar. Quando acreditamos mais em pessoas que em ideias, quando debochamos de métodos científicos ao invés de questiona-los a altura. Foram quase 700.000 brasileiros que morreram em detrimento do fanatismo. Com isso vem a pergunta ainda sem resposta: Quantos mais na história teram que pagar o preço pelo negacionismo da ciência? 

O fato é, que vivemos em tempos de facilidade, tudo está a um toque de distância, livros, saberes, conhecimentos e tudo que se pode imaginar. Quando o professor Boucault diz que pensar dói, ele oferece a resposta de um questionamento recorrente: Por que uma sociedade tão "tecnológica" e "conhecedora", mesmo no tempo em que a informação nunca esteve tão fácil e abundante, consegue ser infantil, ao ponto de ainda acreditar em mitos e ideias cujo a mínima razão facilmente desmentiria? Pensar requer tempo, esforço, podendo chegar a ser uma dor física, como já comprovado empiricamente por qualquer estudante de direito. 

Sem dúvida, é doloroso a concepção de uma sociedade que em tempos de ciência, nega aquilo que a construiu, que a pavimentou enquanto sistema. Francis Bacon foi um pilar de um mundo que hoje nem mais o conhece, pai do  empirismo moderno, que criou e cria aquilo que temos hoje. Qual seria a solução do fanatismo e dos empecilhos da verdade, senão a dor de pensar, o tempo de refletir e o trabalho de pesquisar. 

Vinicius de Oliveira David, 1° ano de Direito,matutino, Unesp Franca.