quarta-feira, 13 de março de 2024

Não existência contemporânea

 

Não pesquisamos mais. Não questionamos mais. Não refletimos mais. A era das fake news é imparável, virulenta e arrebatadora- ou não?

A fugacidade das informações, a capacidade de destruição que as redes possuem e a quantidade de informações falsas são elementos que compões a sociedade contemporânea. O caráter manipulador da web torna-nos fatalistas acerca do futuro, dizendo a nós mesmos que a tendência é apenas a piora. No entanto, esse questionamento não é novo- René Descartes consternou-se profundamente sobre a verdadeira realidade e sobre o que é o factual.

A aceitação na sociedade não depende apenas de seu caráter, e isso Descartes disserta: ´´Havia bastante tempo observara que,  no que concerne aos costumes, é às vezes preciso seguir opiniões, que sabemos  serem muito duvidosas, como se não admitissem dúvidas´´; DESCARTES, René. O discurso do método (1637). São Paulo: Nova Cultural,  2000 (Coleção Os Pensadores)  então, obcecado pela verdade toma uma atitude radical até para os dias de hoje, questionando tudo aquilo que deixasse o mínimo de dúvida ou inveracidade- tão questionador que o fez questionar a sua própria existência, visto que, após tantas dúvidas sobre tudo, René elaborou a seguinte proposta: como ele estava duvidando de sua própria existência, e para haver algum questionamento/pensamento era necessário algo que gerasse tal, uma força-motriz para tal questionamento, culminando na emblemática frase:´´ penso logo existo´´, no mesmo livro supracitado.

Apesar do interim de quase 400 anos, muitos não adotaram a postura questionadora do pensador, conferindo aos parlamentares do congresso brasileiro a decisão de minimizar a corrente não questionadora dos grupos de WhatsApp com o Projeto de Lei n° 2630, de 2020, conhecido como PL das Fake News, que está em tramitação no congresso.

Mesmo que não pareça, a desinformação se escala de forma exponencial, de forma que o Brasil padeça com casos indiretamente ou diretamente ligados a tais informações, como por exemplo o surto de Sarampo que desde 2018 o vírus voltou a circular por grupos antivacinas que integraram mais pessoas a comunidade que não imuniza suas crianças, de modo que nos anos de 2018 a 2022 foram confirmados 9.325, 20.901, 8.100, 676 e 44 casos de sarampo, respectivamente.

Não só isso, mas casos políticos que criticam de forma exacerbada o Supremo Tribunal Federal fortalecendo atos antidemocráticos, não só os casos do ataque do 8 de janeiro de 2023 na praça dos três poderes, mas também casos como o ex-deputado Daniel Silveira, que foi preso em 2022 por ameaçar o Estado Democrático de Direito.

Portanto questiono: pensamos e existimos ou dormimos e esmaecemos?

Thiago Dacyszyn Macedo, 1° ano do curso de Direito, Matutino - RA: 241222184