segunda-feira, 8 de maio de 2023

Materialismo histórico-dialético.

 Karl Mark foi um filosofo alemão que nasceu Tréveris, Prússia em 5 de maio de 1883. Ele refletiu em diversas áreas do conhecimento, história, filosofia, economia, sociologia, teoria politica e jornalismo, na cidade de Bona na Alemanha estudou Direito e filosofia. Karl, por sua vez, influenciou a história da humanidade com suas ideias que deixou registado em obras como o panfletoManifesto Comunista de 1848 e o triplo volume O Capital (1867–1883).  

       Do mesmo modo, o Materialismo histórico-dialético foi o principal pensamento marxista, sua forma de pensar as relações sociais incrementou uma nova dinâmica na sociedade alemã. Uma vez que o materialismo-dialético rompia drasticamente com toda tradição e contexto do pensamento idealista daquela época que tinha como principal pensador Hegel. 

         Para Marx, o materialismo-dialético é a única forma de explicar as condições  econômicas e a luta de classes que foram agentes transformadores da sociedade. Olhando pela ótica do materialismo-histórico, a classe dominante nunca deseja que a situação mude, dado que ela se encontra em uma situação muito confortável. Enquanto os desfavorecidos têm que brigar pelos seus direitos e esta luta é que moveria a História, na visão do Marx. 

        O materialismo-dialético pode ser desenvolvido por causa das transformações sociais sofrida pela Europa no início do século XIX. Todas essas mudanças foram acompanhadas por teorias e doutrinas que buscavam condenar ou reformar a ordem capitalista burguesa. Então apareceu as teorias socialistas, vinculadas ao aparecimento da economia política. Nesse contexto a sociedade Inglesa foi impactada e onde se verificava esta mudança. Logo, o materialismo-dialético explicou as novas configurações sociais com a industrialização e o êxodo rural que forneceu a mão de obra das fábricas nas cidades da Inglaterra através do acumulo de capital pela burguesia. 


A concepção materialista da história por Marx e Engels explica que a sociedade e as relações sociais podem ser estudadas a partir da análise da realidade nas quais estão inseridas. Assim, as relações de produção, as condições materiais e as forças produtivas são os componentes que ditam a transformação da história humana que permanece em constante movimento.

A divisão do trabalho na sociedade ao longo de sua história determinou as relações sociais e de produção, que geram um sistema de dominação entre as classes sociais. Ademais, no Capitalismo, o proletariado ,desde o seu surgimento como classe, vende sua força de trabalho para sua sobrevivência, e é explorado pela burguesia, classe dominante no sistema vigente, que utiliza essa força em prol da manutenção de seu poder social. Sendo assim, essa manutenção também se traduz no Estado burguês, que por meio de direitos ínfimos à classe trabalhadora mantém essa relação de dominação e exploração.

O sociólogo e historiador Richard Sennett no capítulo à Deriva de seu texto a respeito do materialismo histórico, exemplifica como a teoria de Marx e Engels é atemporal, ao descrever a história de vida de Enrico e Rico, pai e filho respectivamente. Enrico é faxineiro e tem uma vida linear com poucas mudanças significativas em seu trabalho ou sua rotina e possui certeza acerca de sua aposentadoria e de seu trabalho. Já Rico é consultor econômico e devido a política “Não há longo prazo” das empresas, ele teve de se mudar diversas vezes devido ao seu ofício, não tinha linearidade, vivia uma vida refém do tempo que era imposta a partir das relações de produção. Essa situação degradante de Rico, na sua visão, começou a impactar a criação dos seus filhos, pois os ensinamentos que seu pai lhe ensinara se tornaram obsoletos com a realidade vivida e o sentimento de incapacidade em relação aos seus filhos o amargurava. Logo, Sennett explicita que a história humana está em constante movimento e que até o próprio Capitalismo tem fases que se diferenciam e criam novas relações de poder e dominação.

O Materialismo Histórico, a Religião e o Mito

A religião pode, de certa forma, ser considerada um dos fenômenos sociais mais recorrentes e duradouros da história humana. Segundo o dicionário “Oxford Languages”, esse conceito poderia ser definido como a “crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência.”. Essa crença é pautada por uma série de dogmas (conceitos inquestionáveis), que por sua vez são estabelecidos pelos mitos, histórias (majoritariamente de caráter moralizante) que estabelecem uma narrativa de ordem e o equilíbrio no aparente pandemônio da realidade.

O sociólogo Karl Marx, em sua obra “Crítica da Filosofia de Direito de Hegel”, estabelece sua opinião contrária ao conceito e presença das religiões. Para ele, estas seriam crenças alienadoras, o “ópio do povo”, que cegariam a razão individual e conservariam valores da classe dominante. Além disso, ele afirmava que algumas religiões justificariam a opressão e a desigualdade social pela submissão e a resignação às condições de vida existentes. Marx chegou a estas conclusões através da metodologia do materialismo histórico, onde a realidade social e sua história são compreendidos mediante o trabalho e a produção material dos homens. No entanto, uma análise puramente material seria suficiente para refutar
inteiramente as doutrinas religiosas?

Acredito que, em partes, sim. A existência ou não do divino é inconclusiva, pois cientificamente não é falseável, no entanto os desdobramentos de sua crença reverberam diretamente na sociedade. Além dos mecanismos mais aparentes como as instituições (igrejas, templos, etc. Estruturas coletivas, muitas vezes com um velado aspecto econômico e massificador), os mitos e dogmas são instrumentos de intervenção ainda mais prepotentes.

Metafisicamente, como explicado anteriormente, eles concedem ao indivíduo uma certeza, um embasamento e consolo existencial. No entanto, quando analisados socialmente, percebemos que também atuam como uma ferramenta de coesão social, determinando costumes, valores e obrigações que, surpreendentemente, se perpetuam discretamente em vários aspectos das nossas vidas.

Bruno Viera Salles
1° ano Matutino
RA: 231224885

A INSACIABILIDADE TÓXICA

Um dos fenômenos que podem ser vistos tanto em nossa sociedade, como no mundo todo, é por mim caracterizado como insaciabilidade. Somos criados e incentivados a crer que devemos trabalhar, produzir e conquistar cada dia mais, ou nos tornamos inúteis, sem valor e menosprezados. Uma conquista nunca é permanentemente satisfatória, pois sempre há uma melhor, uma maior. Um trabalho nunca é bom, pois sempre há um mais valorizado, um que paga melhor. O descanso nunca é produzido, pois sempre poderíamos estar produzindo mais, tanto para nós mesmos como para os outros. Vivemos em um mundo cada vez mais acelerado em que a produção tóxica e insaciável é sempre priorizada em detrimento do descanso, tempo de qualidade e saúde mental.

  Vivemos em um mundo em que até mesmo crianças são diagnosticadas, a níveis alarmantes, com síndrome de ansiedade, síndrome do pânico e depressão e infelizmente, como se não fosse o suficiente, tais números crescem exponencialmente com o passar dos anos. Os índices de suicídios, auto mutilação, uso de remédios controlados e adoecimento são crescente e normalizados. Mas de onde será que vem isso? Pois digo que isso é fruto da sociedade cada vez mais acelerada e pressionada, que tende a piorar cada vez mais, adoecendo, proporcionalmente todo o coletivo em que vivemos.

  O pior? Como tudo que fazemos nunca é o suficiente, como mesmo após inúmeros esforços e abdicações nós continuamos insaciáveis em nossas projeções e expectativas, NUNCA será suficiente, nunca chegaremos ao patamar em que poderemos finalmente nos regozijar com nossos feitos e conquistas, nunca poderemos parar para finalmente contemplarmos nossas próprias vidas. E quando finalmente pararmos e nossa ficha cair que nossa vida é única e nosso tempo é curto, talvez nos deparemos com o espelho e a imagem refletida esteja cheia de rugas e as marcas do tempo em nossa pele. Então assim, talvez entenderemos que nosso tempo é curto demais para sermos insaciáveis e insatisfeitos o tempo todo, e infelizmente veremos que passamos a maior parte da nossa vida transformando o tempo que poderia ser de paz em agonia e insatisfação.

Vitória Fernandes Mazarão – 1 ano, direito noturno

 

O método materialista de Karl Marx é uma das contribuições mais importantes para a teoria social e econômica. Ele se concentra na análise das forças materiais e sociais que influenciam a vida das pessoas e organizam a sociedade como um todo. Em sua teoria, Marx argumenta que a base material da sociedade, ou seja, as forças produtivas, são a chave para entender a dinâmica social e econômica da sociedade em geral.

De acordo com Marx, as relações sociais são determinadas pelas forças produtivas e pelas relações de produção. As forças produtivas incluem o trabalho humano, os meios de produção e a tecnologia disponível, enquanto as relações de produção se referem à maneira como as pessoas se organizam para produzir bens e serviços. O modo de produção, por sua vez, é determinado pela relação entre as forças produtivas e as relações de produção.

O método materialista de Marx também enfatiza a importância da luta de classes na dinâmica social e econômica. Marx argumenta que a luta entre as classes dominantes e as classes oprimidas é a principal força motriz da história. Ele argumenta que a classe dominante usa seu poder para manter o status e explorar a classe trabalhadora, enquanto a classe trabalhadora luta por sua libertação e pelo estabelecimento de uma sociedade mais justa.

No entanto, críticos do método materialista de Marx argumentam que ele não leva em consideração outros fatores importantes que afetam a dinâmica social e econômica, como a cultura, a religião e a política. Além disso, alguns críticos afirmam que a teoria de Marx é determinista demais, ou seja, ela sugere que as pessoas não têm escolha em suas vidas, mas são simplesmente guiadas pelas relações econômicas e sociais.

Apesar dessas críticas, o método materialista de Marx continua sendo uma influência importante na teoria social e econômica. Ele fornece uma análise profunda e abrangente da dinâmica social e econômica, bem como uma estrutura para entender a luta de classes e a exploração que nela há. Além disso, sua ênfase nas forças materiais e sociais é uma contribuição valiosa para a compreensão da história e do desenvolvimento humano e assim continuará sendo.

Victor Gabriel Candido Jeronimo 
1° ano, direito - matutino
RA: 231222106

Karl Marx e Richard Sennett são pensadores que abordam a questão do trabalho e suas consequências para a sociedade. Ambos têm uma perspectiva crítica em relação ao capitalismo e suas formas de organização do trabalho.

A teoria de Karl Marx é uma das mais importantes e influentes na história da filosofia e da sociologia. Sua teoria tem como objetivo analisar a sociedade em sua complexidade, em especial o modo como o sistema capitalista de produção opera e seus efeitos sobre as relações sociais e de poder.

Karl Marx acreditava que a história da humanidade é marcada pela luta de classes, ou seja, a disputa entre grupos sociais que possuem interesses antagônicos. Na sociedade capitalista, a luta de classes se dá entre a classe trabalhadora, que vende sua força de trabalho, e a classe capitalista, que detém os meios de produção e lucra com o trabalho dos trabalhadores.

De acordo com Marx, a classe capitalista explora a classe trabalhadora por meio da mais-valia, que é a diferença entre o valor criado pelo trabalhador e o valor que ele recebe em salário. Essa exploração é resultado da propriedade privada dos meios de produção, que permite aos capitalistas se apropriarem do excedente gerado pelo trabalho dos trabalhadores.

Sennett, por sua vez, tem estudado as mudanças no mundo do trabalho nas sociedades modernas e pós-modernas. Ele destaca como o trabalho tem se tornado cada vez mais fragmentado e precário, com impactos negativos na qualidade de vida dos trabalhadores e na organização social. Sennett argumenta que a desorganização do trabalho é uma das principais causas da crise da democracia e da desigualdade social.
 

Ambos os pensadores enfatizam a importância da organização do trabalho e sua relação com a qualidade de vida das pessoas e da sociedade. Marx defende a ideia de que o trabalho deve ser organizado de forma a atender às necessidades das pessoas e não apenas visar o lucro dos proprietários dos meios de produção. Sennett argumenta que a desorganização do trabalho é uma das principais causas da crise da democracia e da desigualdade social. Ambos também destacam a importância da luta pelos direitos dos trabalhadores e da classe trabalhadora como uma força motriz para a transformação social.

Em resumo, apesar de suas diferenças, Marx e Sennett compartilham uma perspectiva crítica em relação ao capitalismo e suas formas de organização do trabalho. Ambos enfatizam a importância de uma organização do trabalho que atenda às necessidades das pessoas e tenha um impacto positivo na qualidade de vida dos trabalhadores e da sociedade. Além disso, destacam a importância da luta pelos direitos dos trabalhadores e da classe trabalhadora como uma força motriz para a transformação social.

 

MATERIALISMO HISTÓRICO: COSMO SOCIAL E AUTODETERMINAÇÃO

Em um tempo em que tanto se defende ideais como liberdade, independência e  afirmação social, poucas críticas podem ser tão mal recebidas do que aquelas  centradas no questionamento da efetividade da capacidade social de  autodeterminação dos indivíduos.  

Hoje, dificilmente é possível encontrar em meio à multidão um estoicismo  autêntico, ou uma disposição por parte dos indivíduos em crer que exista um  sentido previamente delimitado para suas vidas, independentemente de suas  escolhas. Na realidade, boa parte das pessoas afirmaria, sem grandes  dificuldades, possuir naturalmente ao menos um considerável controle sobre as  linhas gerais de seus gostos, crenças, estilo e especialmente de sua  personalidade.  

Encarar a possibilidade de que o curso da sua história esteja pré-condicionado  por critérios e forças além de sua esfera de ação, pode ser uma experiência  muito aterradora além de despertar um forte impulso de resistência; aliás, outro  ideal muito defendido atualmente.  

Em sua trilogia "Édipo Rei, Antígona e Édipo em Colono”, o dramaturgo Sófocles  busca discorrer, através da história da família de Édipo, justamente sobre a  impossibilidade humana de se opor ao destino previamente determinado.  

Assim, o relato revela como de uma maneira ou de outra, apesar das iniciativas  dos personagens de evitar o terrível destino de sua família, o qual foi previsto  em uma profecia, eles falham e a medonha previsão se cumpre integralmente.  Dessa maneira, o Mito de Édipo coloca o peso da autonomia individual como  algo diminuto frente às forças exógenas do cosmos, as quais desenham os  contornos da vida humana.  

Nesse interim, embora possa ser incômodo é perfeitamente razoável indagar-se  se os atores sociais e suas instituições não estariam, de alguma forma,  igualmente condicionados por elementos além de sua individualidade. Assim, os  estudos de Marx e Engels, no âmbito da sociologia, contribuíram não só para  afirmar que existem critérios últimos que delimitam a dinâmica coletiva e seus componentes, como também pretendeu, por meio de seu Materialismo Histórico,  identificar tais critérios.  

De alguma maneira, o positivismo já havia se aventurado, de um modo incipiente  é verdade, a propor um sentido imanente e imperativo que regulamentava tanto  as instituições quanto os indivíduos dentro de uma sociedade; este sentido  derivava das chamadas Leis Positivas. Entretanto, é mérito do socialismo  científico de Marx e Engels empregar um estudo sistemático nesse intento, mais  especialmente com o fito de provar que são os critérios materiais essa força  última a reger todo o cosmo social.  

De acordo com essa lógica, a maneira que a sociedade organiza suas forças  produtivas visando sanar suas necessidades materiais (Economia), repercutiria  na forma como seria ordenado todos os demais aspectos da vida social, fosse  política ou culturalmente. Desse modo, até mesmo os valores e princípios  vigentes em um período corresponderiam ao seu respectivo arranjo econômico.  

No Materialismo Histórico, a economia é para o Corpo Social e seus atores, o  que o destino é para Édipo e seus familiares: uma força inexorável que desenha  os contornos da vida social, sem deixar muito espaço para a originalidade e  inciativa próprias.  

Logo, a rigor, nem o comportamento nem as percepções individuais são  exatamente autorreferenciadas, o que reduz em menor ou maior grau a  perspectiva de um controle considerável que as pessoas supõem possuir sobre  si mesmas, suas convicções e personalidade. Isto acaba implicando em uma  ilusão de autonomia, uma vez que não pouco do que o indivíduo é está  restringido e definido por aquilo que o Modo de Produção dita.  

No final da trilogia do dramaturgo grego, ao ver consumado o destino profetizado  para sua família apesar de todas as iniciativas contrárias, Édipo perfura seus  olhos num ato de angústia, encerrando a tragédia.  

Essa atitude do personagem mitológico é capaz de exprimir, em certa medida, a  conduta de boa parte das pessoas que, fervorosas amantes que são dos ideais  de liberdade, autonomia, afirmação e resistência, fecham os olhos para a  realidade desses critérios últimos que condicionam previamente muitos aspectos de suas próprias vidas em particular e da sociedade no geral; dessa forma,  furtando-se de encarar uma possibilidade tão aterradora.  

Em contrapartida, também se tem o impulso de resistência diante do enfado do  destino, e com este se identificam indubitavelmente Marx e Engels – suscitando  novamente a indesejada questão da efetiva potência dessa autodeterminação  para gerar impactos no cosmo social.  

SAMUEL DE ARAÚJO SANTOS PISSINATO
CURSO: DIREITO, NOTURNO