sexta-feira, 31 de março de 2023

O positivismo na contemporaneidade

 O positivismo, corrente filosófica que teve grande influência no século XIX, ainda é perceptível em diversos aspectos da realidade atual. A teoria positivista enfatiza a importância da ciência e da razão na busca pelo conhecimento e no progresso da sociedade. Na atualidade, é possível perceber a influência do positivismo em diversas áreas, como na ciência, na tecnologia e na política. A ciência, por exemplo, é uma área em que a busca pela objetividade e a utilização do método científico são ainda fundamentais para a produção de conhecimento e avanços tecnológicos.

No entanto, é importante ressaltar que a teoria positivista também tem suas críticas, especialmente quando se trata de questões sociais e humanas. A ênfase na objetividade e na neutralidade pode levar a uma visão limitada e superficial da realidade social, ignorando a complexidade e subjetividade dos fenômenos sociais. Em relação à política, a teoria positivista foi utilizada como justificativa para a ideia de que a sociedade poderia ser organizada de maneira científica e racional, em que as decisões políticas deveriam ser baseadas em fatos e dados, e não em crenças ou ideologias. No entanto, essa visão também tem sido criticada por ignorar a dimensão política e ideológica das decisões e por não levar em consideração as diferenças culturais e sociais entre os diferentes grupos. Além disso, é importante ressaltar que a teoria positivista também pode ser utilizada de maneira seletiva para justificar interesses particulares, como a dominação de grupos privilegiados ou a perpetuação de desigualdades sociais. Nesse sentido, é fundamental questionar a aplicação da teoria positivista na prática social e política, sempre levando em consideração a complexidade e a diversidade da realidade social.

Em resumo, o positivismo ainda é perceptível na realidade atual, especialmente no campo da ciência e da tecnologia. No entanto, é importante reconhecer as críticas e limitações da teoria positivista, especialmente quando se trata de questões sociais e humanas, e buscar uma abordagem mais integrada e sensível à complexidade e diversidade da realidade social.

Giulia Lotti Pupin, 1-semestre direito-noturno RA: 231224761

O positivismo como corrente da estagnação

O filósofo francês Auguste Comte, responsável pela formulação da doutrina positivista, foi de suma importância para a constatação das ciências sociais como passíveis de estudo e análise durante os séculos XIX e XX. Entretanto, o conceito de Física Social, desenvolvido pelo autor, foi proposto como um movimento estático, no qual a ordem e o progresso eram pensados como ferramentas necessárias para evolução da sociedade. Esse pensamento, por sua vez, foi reproduzido por décadas sem que fosse adequado a cada período histórico e suas especificidades. 

Nota-se o emblemático uso do positivismo na consolidação da República Brasileira, ainda em 1889, através de um golpe militar, e como o seu lema ``ordem e progresso´´ foi utilizado no centro da bandeira nacional. Mais do que expor o novo rumo que a sociedade nacional tomaria, seu uso foi claramente com o objetivo de formar uma mentalidade e ideologia de imobilização e promover um senso coletivo de que a partir daquele momento se veria o real progresso.


Não é surpresa que na atualidade o pensamento positivista ainda se faz presente. Em um momento de incertezas e dúvidas, parte da sociedade busca utilizá-lo como ferramenta de segregação e imposição social através da coerção. Outrossim, o progresso que o autor busca alcançar não é relativo à justiça social e equidade de oportunidades, mas sim, como meio de paralisar as dinâmicas transformadoras intrínsecas às sociedades modernas, nas quais o progresso é pensado através da ampliação dos espaços de pertencimento e fala, e não mais como mero avanço econômico ou estagnação das possibilidades de se almejar o novo.


Guilherme Ferreira Ghiraldelli-1° ano Direito(matutino)

O Positivismo em face ao avanço conservador na sociedade

 

            Fomentado por setores conservadores da sociedade brasileira, o Golpe Militar de 1964 foi responsável pela instauração de um regime de completa violação dos princípios democráticos e dos direitos dos cidadãos, o que se justificava, de acordo com os militares, pela necessidade de garantia da ordem política e social, a qual eles julgavam estar sendo subvertida naquele contexto. Nesse sentido, a motivação para a tomada do poder utilizada pelos militares expressa uma profunda relação com o ideário positivista, defendido por Augusto Comte, de acordo com o qual a adoção dos meios necessários para a garantia integral da ordem, pela supressão de todo comportamento que se demonstrar em desacordo com a mesma, seria uma ação primordial para a garantia do progresso do corpo social. Dessa forma se evidencia como o pensamento positivista, historicamente, internalizou-se no ideário da sociedade e nas instituições governamentais, produzindo reflexos que se fazem realidade ainda no contexto contemporâneo.

                Convém comprovar, inicialmente, como o pensamento positivista se expressa nos diversos ideais dispersos na conjuntura hodierna. Sob essa perspectiva, conforme preconizado por Comte, disseminam-se na sociedade tendências de desorganização, às quais se associam aos movimentos em torno da contestação da ordem socioeconômica capitalista vigente, e de reorganização, que, de acordo com a lógica comtiana, se relacionam aos movimentos conservadores, defensores da reafirmação dos costumes e tradições. Seguindo essa lógica, o avanço do pensamento tradicionalista e a ascensão de governos de extrema direita ao longo do globo, pautando-se em lemas como “Deus, pátria e família”, munem-se de um discurso positivista, segundo o qual eles seriam os responsáveis por conduzir esse movimento de reorganização, baseado na adoção de um ideário aversivo às lutas sociais contestadoras dos costumes ocidentais-cristãos. Como exemplo, as manifestações golpistas em frente aos quartéis brasileiros, no final de 2022 e início de 2023, tendo por base justificativas semelhantes às utilizadas para a concretização do golpe de 1964, são exemplos claros da influência do pensamento positivista no contexto atual.

                Ademais, é válido destacar como o avanço dessas formas de pensamentos é intensamente nocivo ao corpo social contemporâneo. Nesse raciocínio, em meio a uma sociedade que preza pela conservação da ordem tradicional, diversas pautas fundamentais para a formação de um coletivo calcada na equidade e dignidade, como o combate à desigualdade social, a superação da cultura patriarcal em prol da emancipação feminina, o combate ao racismo e às demais formas de discriminação, a garantia dos direitos da população LGBTQIA+, a promoção do acesso dos grupos subalternizados às universidades e aos cargos de liderança globais, entre outras, acabam sendo suprimidas por um discurso que busca associar tais temas a uma suposta imoralidade. O próprio progresso defendido por Comte se limita ao desenvolvimento técnico e científico, ao passo que se opõe à relevância das transformações sociais citadas, impedindo que elas sejam efetivadas.

                Portando, o positivismo, enquanto pensamento que preza pela garantia da ordem para a promoção do progresso, se mostra internalizado em diversos comportamentos e ideais da atualidade e é nocivo ao corpo social, dado à sua oposição quanto a temas de relevância ímpar para a modernidade. Depreende-se, logo, que o fomento para valorização da diversidade e para o engajamento social quanto à promoção da igualdade é essencial para a superação desse ideário tradicionalista, estruturado no tecido social global.

Eduardo Garcia da Silva

RA: 231220324

1º Ano – Direito Noturno

O positivismo in(corpo)rado pela sociedade nos dias atuais

 Fome, miséria, desnutrição, doenças, morte e estupro. Essa é a crise humanitária que os Yanomamis estão passando. Para alguns, a instabilidade que eles vivenciam serve de justificativa para mostrar à sociedade como eles precisam se integrar com ela para poderem sobreviverem e se desenvolverem, tal como pensava Auguste Comte. Outros, no entanto, conseguem enxergar o descaso governamental e social, bem como a urgência de superar essa visão positivista e utilitarista de que os indígenas devem seguir a lógica europeia para poderem garantir seus direitos básicos como seres humanos. Com isso, questiona-se: esse mito determinista e de superioridade branca ainda é (ou já foi?) cabível na vida social?


               Desde o darwinismo social como "argumento" para a escravidão até os dias atuais com o descaso aos povos indígenas e originários é possível notar uma crença nos estágios criados por Comte. Teológico, passando para o metafísico e, por fim, o positivo. Para ele, esses povos seriam inferiores apenas por estarem em uma "fase" diferente. Será que tal hierarquização meritocrática vai de encontro à uma democracia horizontal com a igualdade de todos perante à lei? Será que a ciência social tem que ser igual uma ciência exata passando por uma incansável sistematização e por leis invariáveis? É assim que a sociedade age? Esses questionamentos se voltam à crise humanitária vivenciada pelos indígenas brasileiros. Talvez, se a sociedade, bem como o ex-presidente do Brasil que diversas vezes problematizou a demarcação de terras, parassem de ter essa visão  capitalista acerca dos povos originários, poderíamos enxergar que não, a sociologia não é exata e a exigência de fazê-los agir e ter o mesmo modo de vida que o nosso mostra que não há uma igualdade e que, na verdade, o que está acontecendo é um genocídio.


               Em suma, a visão positivista de hierarquia social, em que algumas civilizações são "melhores" do que outras, porque apresentam maior desenvolvimento técnico- científico não cabe e nunca coube na vida social. É uma forma de silenciar tais povos e ignorar a crise humanitária que eles passam. É uma ideia utilitarista da sociedade e também uma teoria sociológica com "fases" inexistentes, já que a realidade social não perpassa por estágios, mas sim por fome, miséria, desnutrição, doenças, morte e estupro...

                      Isabela Junqueira RA: 231223315  

O positivismo como alimento para o preconceito.

 Durante o programa ‘’Super Pop’’ em fevereiro de 2016, o ex presidente Jair Bolsonaro afirmou: ''Não empregaria mulheres com o mesmo salário (...) tem muita mulher que é competente''. Evidenciando seu caráter preconceituoso em relação ao papel feminino na sociedade, tal pensamento tem sido aderido por diversas pessoas no Brasil. No entanto, o motivo para estas atitudes vem da intimidação de que as mulheres possam sair de seus lugares designados como acolhedoras da família e comumente subordinadas a figura masculina, buscando ser justificado por meios religiosos e misóginos, com falsos embasamentos científicos. Esta ação pode ser facilmente comparada ao método do filósofo francês Auguste Comte, que separa os indivíduos em funções para garantir a ordem da sociedade, influenciando a propagação de discursos conservadores.

 O método positivista, anteriormente citado, tem como fundamento as leis gerais naturais que garantem o funcionamento social de modo a evitar a crise moral, ou seja, a falta de designação de espaços específicos a grupos populacionais causaria a degradação da sociedade e o seu desornamento total. Deste modo, aquilo que foge do que é imposto é de extremo incomodo aos adeptos desta filosofia, alimentando o preconceito e exclusão dos grupos que não se enquadram ao que é ‘’natural’’. Em contra partida, o positivismo de Comte também busca a emancipação do senso comum e a análise precisa e cientifica do espaço social, criando um paradoxo em relação a pré noção conservadora enraizada de que minorias devem ocupar lugares marginalizados e inferiores. 

 Na atualidade, a busca pela estática da filosofia positiva ainda é a justificativa para a disseminação de discursos de ódio, alegando a importância de se manter os valores tradicionais diante a grupos que buscam alcançar cada vez mais espaço na sociedade.


Aluna: Heloísa Calixto da Silva \ Ra: 231224631

1° ano Direito Matutino

Existe positivismo hoje?

Atualmente estamos vivendo tempos difíceis para a ciência, grupos e mais grupos
de pessoas vem surgindo, questionando desde o formato do nosso planeta até a eficácia de
vacinas. Discussões que a muito tempo acreditava-se ter se extinguido, eram consensos,
porém apenas no meio científico.
O positivismo muito parecido com o senso comum, é uma forma simples de se criar
conhecimento. Assim, quando a academia se afasta das pessoas, ficando presas apenas
em seus “laboratórios”, fazendo pesquisas e estudos, longe das massas, começam a surgir
questionamentos, onde ficam lacunas apenas esperando respostas, onde pessoas sem
muito conhecimento criam suas próprias verdades, a partir apenas daquilo que pouco
sabem e daquilo que sentem dentro delas. Aqueles que se articulam melhor, formam grupos
e convencem até os mais esclarecidos.
Quando grupos surgem trazendo argumentos firmes sobre conhecimentos que nos
são ensinados nas escolas, com argumentos fracos pela precariedade do nosso ensino.
Surge algo mais perigoso, surge uma massa de manobra política, onde um candidato pode
surgir propagando as ideias desses grupos, que pode fazer com que mais pessoas peguem
essas ideias para si. São pessoas que por falta de conhecimento, podem ser facilmente
manipuladas, levando elas a aderirem a ideias abomináveis que talvez nem façam parte da
moral delas, mas como quem passa esses conhecimentos questionáveis é um chefe do
executivo, é mais provável que seja verdade.

Aluno: Vinicius Eiji Pereira Pazin
RA: 231223773
Turma: 1º ano - Direito - Matutino

A perpetuação dos valores tradicionais através da ciência positivista

  O positivismo de Auguste Comte surge com a valorização do conhecimento científico a partir da observação concreta, em detrimento do conhecimento teológico e metafísico. O positivismo busca inferir como os fenômenos ocorrem, ao invés do porquê, e é considerado o estágio final do conhecimento. Todavia, como física social, o positivismo é a prática do estudo das relações sociais, com o objetivo de manter as relações tradicionais e reduzir a complexidade do corpo social, discriminando o pensamento das classes marginalizadas.
 Na sociedade moderna, a constante crise é influenciada pela oposição entre desorganização e reorganização. Sob a ótica positivista, há um medo de novos modelos de família, ou da autonomia das mulheres, por exemplo, o que naturaliza preconceitos. Pode-se analisar que, o modelo de família tradicional é valorizado, discriminando outras formas de família, como casais homossexuais e mães solteiras. Assim como o patriarcado é uma estrutura de poder baseada no homem, marginalizando as mulheres da vida socioeconômica, e esperando que, sob essa ótica, elas sejam reconhecidas somente no âmbito doméstico.
  Comte defende que a dissolução das possíveis transformações políticas e sociais promove a ordem, a reorganização e, consequentemente, o progresso. Porém, isso implica na conservação dos valores tradicionais, excluindo certas parcelas da população, como os casais homoafetivos e as mulheres. Assim, a manutenção dessa ordem promove a hierarquização do discurso, uma vez que o conhecimento produzido por mulheres pode não ser considerado ciência, apesar dos avanços alcançados por elas no século XXI.
  Essa corrente de pensamento define assim, os lugares sociais e universaliza a visão etnocêntrica do homem branco elitista, desumanizando outras perspectivas sociais. Como resultado, os pensamentos das pessoas marginalizadas são invalidados no cotidiano, propiciando a hierarquização nas relações. Isso revela o aspecto colonizador do conhecimento, visto que as minorias são deslegitimadas em suas lutas, com seus ideais sendo abordados como meras opiniões.

Larissa Melone Esquetini 1 ano Direito Matutino

RA: 231222751