terça-feira, 28 de março de 2023

O papel do Positivismo na deslegitimação de movimentos sociais

Em meio ao turbulento caos da Revolução Industrial, elevaram-se a um ponto de grande destaque os movimentos trabalhistas, que têm como um dos principais objetivos a garantia de direitos ao proletariado. Estes, assim como os demais movimentos sociais, buscam um rompimento com o status quo a fim de estabelecerem mudanças significativas na estrutura social, aspiração que - naturalmente - despertou uma forte oposição por parte da burguesia, a qual fora acolhida por uma corrente ideológica que despertou à época: o Positivismo.

Idealizado por Auguste Comte, o ideário positivista fundamenta a noção de sociedade como algo regido por leis naturais que são responsáveis pela manutenção da ordem e do progresso, ocorrendo assim uma união entre a conservação de elementos sociais vigentes, a qual funcionaria na manutenção da ordem, que então resultaria no "melhoramento" da sociedade, ou seja, no progresso. A teoria também define a sociedade como um ciclo que oscila entre momentos de desorganização e organização social, com a desorganização sendo definida por um estado de "anarquia moral" que ameaça a existência da sociedade e a organização sendo o restabelecimento da ordem, possibilitando o progresso. Dessa forma, com a conciliação entre "conservação" e "progresso", é construída uma justificativa para a prevalência das estruturas sociais vigentes e, portanto, do domínio burguês, além de deslegitimar a luta proletária ao classificar suas reivindicações por direitos como um atentado ao desenvolvimento social.

Tais ideais, direta ou indiretamente, persistem nos dias de hoje como esqueleto das teorias conservadoras contemporâneas por meio de diversas manifestações de pânico moral, que reprimem movimentos sociais que buscam mudanças radicais na sociedade como ela se dá. Essa persistência é percebida ao analisar a atualmente crescente aversão a toda pauta considerada "de esquerda", que inclui as críticas ao sistema capitalista e reivindicações de direitos por grupos minoritários. É uma ilustração de uma suposta ameaça ao "progresso" que deve ser silenciada para a preservação da "ordem" por meio da conservação do dito status quo.

Contudo, se a "ordem" se dá pela manutenção das estruturas de opressão enraizadas na sociedade e o "progresso" significa o fortalecimento e a expansão destas, o Positivismo torna-se um instrumento da classe dominante, uma arma para silenciar os que ameaçam seu domínio. A persistência do pensamento positivista, ironicamente, mostra-se como inimiga do verdadeiro progresso social.

Murilo Lopes Cardoso da Silva
1º Ano de Direito (Matutino)
RA: 231222653 




A problematização da ciência social positivada

  Assim como dispõem as ciências naturais, Auguste Comte, importante teórico do século XIX, argumentou acerca da necessidade de fundamentação de uma lei natural para a ciência social, tornando-a positivada, ou seja, normatizada. Ainda, mesmo de acordo com o sociólogo, tal ciência era vista como complicada, devido à sua relação mais direta com o homem. No entanto, justamente por causa dessa complexidade, a positivação da sociologia não se justifica nos dias de hoje, uma vez que a realidade contemporânea encontra-se cada vez mais profunda, principalmente se voltada às questões das minorias sociais. Sendo assim, por mais que as normas dessa lei natural preguem objetividade, como nas demais ciências, ela falha ao tratar da Sociologia, pois não reconhece que os indivíduos, como sujeitos e objetos, escrevem de um lugar específico, consoante às suas experiências.

  A partir do viés das minorias sociais, as quais são afetadas pela positivação da ciência em questão, já que as normas reforçam a dominação de fardos do colonialismo, percebe-se que os conceitos de conhecimento estão intrinsecamente ligados ao poder. Dessa forma, vale destacar que o ensino, que tem feito parte das agendas acadêmicas, evidencia um entendimento não inclusivo, dado que assume um espaço onde o privilégio de fala tem sido negado a uma camada de subalternos. É assim que Grada Kilomba conclui que o centro acadêmico não é um local neutro e, por isso, é um problema normatizar a ciência social, que seria fundamentada por bases estabelecidas pelo grupo dominante.

  Portanto, no sentido de que os temas, paradigmas e metodologias do academicismo tradicional refletem não um espaço heterogêneo para a teorização, mas sim os interesses políticos específicos da sociedade imperante, faz-se necessário um olhar contestador, por parte da coletividade, quanto ao positivismo do teórico supracitado. Ou seja, cabe a ela quebrar os padrões fixos e excludentes dessa ciência, por meio da descolonização da ordem eurocêntrica do conhecimento. Assim, os sujeitos, para os quais a sociologia deveria se destinar, oprimidos buscam superar as estruturas de opressão firmadas por essa positivação proposta em séculos passados. 


Rayssa de Oliveira Dantas - 1° ano de Direito (matutino)
RA: 231223161

Positivismo e sua contradição



        O positivismo surge no início do século XIX, inspirado no pensamento Iluminista, juntamente com a Revolução Francesa e a Industrial, por Auguste Comte. O filósofo promoveu uma teoria na qual defendia a máxima evolução científica, em prol do progresso da humanidade. Comte acreditava na ideia que apenas a racionalidade, a manutenção da ordem vigente e a busca implacável pelo progresso científico eram a única forma de atingir, em sua concepção, o "bem-comum", ressaltando que Auguste Comte, nascido em 1798, era à favor da ordem social oriunda da monarquia.

        Seguindo a mesma esteira de raciocínio, a filosofia positivista mostra-se divergente, no sentido de que a mesma prega a manutenção da "ordem", baseada nos pilares fundamentais de toda sociedade, caso da Família, Religião, Hierarquia, Direito, Governo, entre outros aspectos primordiais a uma civilização. Contudo, as relações tradicionais, de acordo com a teoria, devem permanecer intactas, no intuito de preservar a estabilidade, por exemplo, as interações patriarcais em uma família tradicional não podem ser modificadas, pois caso contrário todo o ciclo de estabilidade seria rompido e a busca incessante pelo progresso seria prejudicado, acarretando no desenvolvimento precário da humanidade, ou seja, preservar o antiquado para almejar o novo.

        O positivismo, atualmente no Brasil, encontra-se fortemente enraizado na cultura nacional, visto que, por exemplo, manifestações de grupos ou indivíduos pertencentes às minorias são constantemente repreendidas, homossexualismo, racismo, entre outras formas de violência são vistas como "violadoras da ordem", consequentemente nocivas ao lema da nossa bandeira do Brasil "Ordem e Progresso".


ALUNO: Diogo Zamperlini Cochito

TURMA: 1° Ano de Direito-Noturno UNESP FRANCA

RA: 231223382