terça-feira, 21 de março de 2023

Mundo ilimitado

Na nossa sociedade contemporânea, com forte influência dos meios de comunicações e da tecnologia, torna-se comum um excesso de informações a todos indivíduos e a adição de diversas perspectivas e realidades a sua visão de mundo. Diante disso, surge a necessidade de respeitar e compreender as diferenças, tendo com base a verdade e a razão, já que, como o sociólogo Mills apresenta em seu livro: ‘’tudo aquilo de que os homens comuns têm consciência direta e tudo o que tentam fazer está limitado pelas órbitas privadas em que vivem. Sua visão, sua capacidade, estão limitados pelo cenário próximo’’. Assim, compreendemos a importância do comportamento humano para enxergar a sociedade de forma correta, e, sendo esse comportamento inerente a jurisdição e regras do corpo social, é evidente a importância da ciência do direito.

A ciência do direito é o estudo de dogmas e normas presentes na sociedade, e usufruído pelos indivíduos na área jurídica. O direito, em si, é fundamental para resolução de conflitos e a manutenção da ordem, possibilitando o Estado de reger a população conforme os seus princípios. Então, a ciência do direito permite que os indivíduos olhem o mundo da maneira imposta pelo governo, como dito pelo pensador, a órbita privada prende o pensamento e o comportamento das pessoas ao cenário comum. Assim, o estudo e a pesquisa dessa ciência tem o fundamento de pensar fora da ''caixa'', ir além do que é imposto pelo direito e buscar a solução mais conveniente, enxergando o mundo de forma ilimitada. Através dessa mentalidade surge o pensamento sociológico, no qual se busca o rompimento do pensamento privado e tenta entender a sociedade fora dos seus limites, pelo uso da interpretação da natureza e do senso comum, trazendo resultados para a sua sociedade e bem coletivo.

Yan Justino - 1° ano direito matutino
"Como a ciência do direito me ajuda a olhar para o mundo?"

RA: 231223463

O verdadeiro olhar sobre o mundo que os acadêmicos necessitam

      "Saber é poder". Tal frase ponderada por Francis Bacon tornou-se novamente relevante na sociedade contemporânea após diversos acontecimentos envolvendo a falta (ou não) de conhecimento de algumas pessoas. Um desses casos foi o de uma mulher que enunciou a um fiscal da prefeitura: "Cidadão não, Engenheiro Civil, formado, melhor que você", pois não queria ser revistada. Será mesmo que apenas uma formação acadêmica dá a garantia de humilhar aqueles que não a têm? Será que realmente ter acesso às informações assegura que uma pessoa é melhor que a outra e por isso detém poder? É essa a ajuda que a Ciência do Direito pode dar ao mundo?

       De acordo com Wright Mills, "Não é apenas de informações que precisam, o que precisam, e o que sentem precisar, é de uma qualidade de espírito que lhes ajude a usar a informação e a desenvolver a razão". De fato, a visão de mundo que o Direito e a imaginação sociológica trazem é indubitável para que os indivíduos possam racionalizar e frequentemente questionar essa ideia de hierarquia social, bem como discutir sobre os problemas da sociedade evitando o pensamento limitado do senso comum. Por isso, não basta apenas ter lucidez intelectual, é necessária uma noção sobre direitos humanos, empatia, ética e, principalmente, sobre respeito! A imaginação sociológica, dessa forma, é crucial para compreender o coletivo e visar uma relação entre o indivíduo e o mundo.

       Em suma, uma formação acadêmica não dá o direito de desrespeitar  um indivíduo e, por isso, um engenheiro civil, advogado, médico ou qualquer profissional deve ter uma mínima visão sobre moralidade e, principalmente, uma percepção sociológica ligada ao Direito que permita ampliar a relação dialógica entre comunidade e acadêmicos. Isso deve ser feito para que os cursos possam formar, além de intelectuais, cidadãos que possam auxiliar reciprocamente a sociedade e garantir que não forme ignorantes bestializados que acreditam numa superioridade supérflua. É essa a ajuda que o Direito precisa dar ao mundo. É essa mudança de visão que a sociedade necessita. Era sobre isso que Mills pensava. 

                                                                               Isabela Junqueira, 1° ano Direito Matutino

Ciência do direito e sua capacidade de enxergar a sociedade como um todo

                                         

   


              A ciência do direito me auxilia a enxergar a epistemologia das relações sociais, através de diferentes autores, cada um com seu ponto de vista lógico e racional e, de certo modo, ajuda a resolver diversos conflitos de diferentes âmbitos. Nesse viés, o direito possibilita entendermos o mundo como um todo, por exemplo, entender a história do direito de determinada região consiste em dominar todas as influencias históricas que determinaram suas respectivas normas jurídicas, como no caso do direito brasileiro de origem romano germânico. Ademais, no direito, como uma ciência humana, almeja-se compreender a formação histórico social de um indivíduo, grupo ou instituição, a fim de analisar suas características e correlação com o meio em que vivem, sendo assim estudar a ciência do direito nos faz perceber a humanidade de formas diferentes, mas única para casa elemento analisado.

            Por outro lado, o direito permite, de maneira prática e efetiva, entender e resolver os conflitos intrínsecos à sociedade. Nesse sentido, exemplificando, não há a mesma jurisprudência aos mesmos Estados, ou seja, cada governo possui suas determinadas normas, respectivos a sua formação histórico-culturais, indo ao encontro às necessidades do encarregado de produzir as normas. Logo, no caso do Brasil, se utiliza a Civil Law, já nações como a Inglaterra e os Estados Unidos, utiliza-se a Commom Law, não implicando que um método seja melhor do que o outro, mas sim cada um conveniente à sociedade em que é aplicado, ou seja, compreender a ciência do direito ajuda no busca do pleno convívio nas civilizações, baseado em suas particularidades.  

Nome: Diogo Zamperlini Cochito

RA: 231223382

Turma: 1° ano de Direito Noturno 

AS CONSEQUÊNCIAS DE UM ATO ISOLADO


O suicídio, para Émile Durkheim, é “todo o caso de morte que resulta, direta ou indiretamente, de um ato, positivo ou negativo, executado pela própria vítima, e que ela sabia que deveria produzir esse resultado. [...] Cada sociedade está predisposta a fornecer um contingente determinado de mortes voluntárias”. Tendo isso em vista, é possível afirmar que o autor pegou um ato isolado, no qual um indivíduo tira a própria vida, e trouxe para uma perspectiva ampla, em nível social. Isso sucedeu devido ao uso que o sociólogo fez da “Imaginação Sociológica”, o que, de modo condensado, consiste na percepção de que uma ação solitária pode interferir em uma sociedade, positiva ou negativamente.

Precipuamente, é um fato incontestável que pessoas negras são extremamente discriminadas e segregadas por grande parte da sociedade, como se uma cor diferente da maioria tornasse um indivíduo menos humano. É um destaque que, ao invés de ser admirado, assusta muitos. O corpo social sente a necessidade de colocar todos dentro de caixas e rótulos para que seja mais fácil apreciar ou julgar. A ideia de que os seres humanos são divididos por cores começou com o zoólogo alemão Johann Blumenbach, que por volta do século XVIII dividiu-os em brancos, vermelhos, amarelos, marrons e pretos. Pouco tempo depois surgiu Arthur Gobineau que defendia a ideia de que existiam raças inferiores e superiores, servindo de embasamento para o estudo posterior de muitos pesquisadores, que chegaram a uma errônea constatação de que os negros são de uma raça menor, vindo a gerar déspotas como Adolf Hitler que tiveram como luz essa visão vil. Atos isolados como esses, tiveram uma repercussão em toda a sociedade da época e consolidou-se nos séculos vindouros, pensamentos que segregam pessoas baseados em premissas sem embasamento e com uma lente totalmente preconceituosa deveriam ser erradicados e não fortalecidos.  

Analogamente, é válido afirmar que essa discriminação, no Brasil, para com os negros são consequências da escravidão, visto que após a promulgação da Lei Áurea os negros não tiveram qualquer auxílio de políticas públicas para serem inseridos na sociedade, continuaram sendo segregados e vistos como inferiores aos brancos. O livro “O avesso da Pele”, de Jeferson Tenório, fala justamente sobre o assunto supracitado: o racismo estrutural, um pré-conceito enraizado na sociedade. A história se passa na cidade de Porto Alegre e é contada por Pedro, um filho que perdeu o seu pai de forma trágica por conta do racismo. O jovem conversa com quem lê de uma maneira simples e, concomitantemente, dolorosa. A obra faz com que o leitor reflita sobre as raízes do preconceito racial, da razão pela qual um negro tem uma vivência mais difícil na sociedade, enquanto está mergulhado na brutal história de vida de um professor que só queria mudar a vida de algumas pessoas negligenciadas e torná-las humanas, querendo que sua ação solitária nas salas de aula mudasse, de alguma forma, o pensamento da sociedade, ou de parte dela.

Diante desse cenário, portanto, podemos concluir que o tema racismo, assim como tantos outros, podem servir de exemplo para que você, leitor, entenda o que é a imaginação sociológica e saiba que ela é a percepção do Eu no mundo, a maneira que a atitude de um indivíduo pode vir a impactar em todo o corpo social. Uma ação de séculos atrás reverbera até os dias de hoje. Ao invés de seguir a perspectiva de Durkheim, quebre o padrão, não esteja predisposto a fornecer um contingente de subsídios para a morte voluntária de outrem, um ato isolado tem suas consequências.

1º Ano de Direito (Matutino)

RA: 231223552