quarta-feira, 29 de junho de 2022

A abordagem da ação social por Weber

 

Uma das características mais marcantes do pensamento do alemão Max Weber é a sua abordagem do fato social, a que Weber atribuiu o nome de ação social. Ao contrário de Durkheim, ele defendia que o sujeito que analisa o fato social não procure distanciar-se dele, porque isso seria impossível, dada a carga de interesse que ele possui no fato – todos nós, por sermos membros da sociedade, por estarmos com ela envolvidos, somos, para Weber, incapazes de estudarmos os fatos sociais de forma distanciada. O método de análise que Weber defende é fundamentado no uso do que ele chama de tipos ideais, conjunto de ideais a respeito de um dado objeto estabelecidas de modo anterior a sua análise, ideias que se sabe não necessariamente corresponderem à realidade, mas que são extremamente úteis para chegar-se a ela.

É muito bem-vinda na atualidade essa concepção weberiana. Afinal, o tempo todo encontramos pessoas fazendo ou tentando fazer análises de toda sorte de acontecimentos. Tragicamente, elas parecem crer que suas análises são objetivas, distanciadas do objeto analisado, o que não poderia estar mais distante da realidade: cada vez mais, as alegações que fazemos são influenciadas e, pior, distorcidas por ideologias. A tendência é cada vez mais adotar a postura oposta à de Weber: utiliza-se preconceitos não para se chegar uma análise, mas para eles próprios serem a análise, e coloca-se sobre eles uma roupagem de análise objetiva e racional.

Além disso, Weber lembra que o indivíduo ocupa lugar central na análise, concepção que também permite um entendimento muito mais completo da realidade, qualquer que seja o fato social analisado, pois, afinal de contas, toda ação humana é levada a cabo por indivíduos. Certamente, o indivíduo pode ser influenciado em enorme grau pelas tendências de um grupo, mas este não existe por si só – ele nada mais é que um conjunto de indivíduos, de modo que, se uma parcela significativa deles opta por uma ação B em vez de uma ação A, a tendência do grupo que eles formam não é a mesma que seria caso optassem por A.

Evidentemente,  é de se lamentar que o pensador rejeite a pretensão de questionar com o intuito de modificar a realidade que se constata. “Uma ciência empírica não pode ensinar a ninguém o que deve fazer”. Ainda assim, as contribuições de Max Weber para todo o pensamento das Ciências Humanas são muito significativas – se é que tais palavras expressam de maneira satisfatória o tamanho de seu impacto – e por isso dignas de serem conhecidas e, uma vez conhecidas, questionadas, como devem ser todas as coisas.

Capitalismo e vontade individual para Weber

   Max Weber possui uma visão interessante a respeito da vontade do indivíduo. Diferente de Marx que acredita que o indivíduo é fruto do meio, Weber acredita que o indivíduo decide com base na sua racionalidade e seus princípios o que deverá seguir e defender. Com base nisso, surge o que ele chama de ação social, a qual é sempre determinada por uma mobilização de valores coletivos que seguem certos valores. Já que o indivíduo é capaz de construir sua própria mente, é inevitável que haja conflitos entre os grupos sociais, sendo assim necessário para ele o uso da legitimidade, que é a aceitação da dominação com bases racionais. Essa dominação pode vir das em algumas formas, sendo exemplos: dominação legal que se dá através dos meios legais, a dominação tradicional que se justifica pela tradição e a dominação carismática, que é exercida através de líderes carismáticos.
   Ademais, é importante ressaltar o papel do capitalismo para Weber. Novamente, diferentemente de Marx, esse pensador vê o capitalismo como uma coisa boa, sendo o modelo ideal para a geração de riqueza, da racionalização do trabalho e do progresso. Por fim, não é de se estranhar que Max apoiava-se na ética Protestante como base para seus estudos, principalmente o calvinismo. Segundo esta corrente, o homem de valor era aquele que trabalhava muito e não se entregava aos prazeres da vida, acumulando cada vez mais dinheiro, o que se diferencia da ética Católica que valoriza mais os bens da alma do que os bens materiais, inclusive valorizando a pobreza.

João Pedro Menon
1º Direito Matutino

Ação social e tipo ideal: a sociologia pouco compreendida de Weber

    A Sociologia para Max Weber, filósofo alemão, deveria ser uma ciência empírica, criticando o materialismo histórico, o qual afirmava, por sua vez, que a Sociologia deveria determinar as coisas, porém, para Weber, aquela deveria, apenas, explicá-las. Para tal, a ciência deveria entender o motivo de cada comportamento, formulando-se uma Sociologia "compreensiva", na qual o cientista deve compreender as situações a fim de explicá-las. Dessa forma, a Sociologia tem o real atributo de interpretar, de fato, as situações; e, quando essa interpretação é difícil, costuma-se julgar as ocorrências, ou seja, se alguém do ocidente for interpretar algum costume do oriente, provavelmente, aparecerá um momento de preconceito. 
    Consequentemente, para Weber, a Sociologia deveria interpretar o indivíduo sem juízo de valores. No entanto, por mais que se deve pensar a ação social do indivíduo - explicando o sentido dessa ação e o que faz com que a pessoa aja de tal forma - Weber não propõe uma ciência individualista. Dito isso, a ação social feita por cada indivíduo tem sempre efeito no outro, e, ao juntar mais de uma ação, forma-se a relação social. Ainda nesse assunto, a ação social é motivada historicamente e pode ser analisada pelo "tipo ideal", o qual é, no que lhe diz respeito, algo que não existe na realidade e não é o "dever ser", mas, sim, a racionalização de todas as possibilidades do real. Desse modo, pensa-se em um tipo ideal visando decifrar a ação social do indivíduo em determinado contexto.
    Por fim, pode-se afirmar que a Sociologia de Weber abrange, dentre seus pensamentos, a noção de ser "compreensiva" e de analisar a "ação social" do indivíduo por meio do "tipo ideal". Dessa maneira, Weber, muitas vezes, é pouco compreendido porque foge do padrão da época, inclusive, ao contrariar o materialismo histórico de Marx e Engels e ao afirmar que, além de que o capitalismo baseia-se na realidade, o poder vem de todos os lados, não só das classes sociais. Esta é uma parte da sociologia de Weber.

Laura Picazio - turma XXXIX de Direito - matutino

Relações legítimas entre dominador e dominado

       Para o sociólogo Max Weber, a dominação é resultado de uma relação social de poder desigual, em que há o lado que domina e o lado que é dominado. A relação de dominação ocorre quando indivíduos obedecem uma ordem vinda de parte da sociedade, seja de uma ou de mais pessoas. Em outras palavras, encontra-se a relação de dominação quando há indivíduos subordinados ao poder de outros. Diferentemente das relações de poder, as relações de dominação têm uma tendência de se estabilizarem, evitando conflitos. Na sociedade, essas relações buscam caminhos para se legitimarem, isto é, para serem reconhecidas e, assim, manterem a ordem social. Essas formas de dominação legítimas são três: a dominação racional/ legal, a dominação tradicional e a dominação carismática. Inicialmente, discute-se a dominação racional/ legal como uma relação burocrática - a própria burocracia estatal é representante dessa relação. Em segundo lugar, a dominação legítima tradicional, a qual é traduzida pela justificativa oral popular de "foi sempre assim"; em outras palavras, a dominação tradicional é aquela vinda de antepassados, de tradições. Por fim, a dominação carismática, muito relacionada a um magnetismo pessoal e a líderes populares, ela trás consigo a sensação heroica do dominador.

Mirella Bernardi Vechiato, 1º ano direito matutino