sábado, 2 de abril de 2022

O que a legalização do aborto tem a ver com o método científico?

 Vivemos tempos em que discussões que deveriam ser apenas do âmbito político fundamentado no conhecimento científico, acabam se desviando também para o campo religioso. É o que tem-se evidenciado há algumas décadas em relação a questão da legalização do aborto no Brasil, pois uma parcela da população repudia a legitimidade deste ato visando sua própria crença. 

    Recentemente, ocorreu um caso onde uma menina de 10 anos, foi violentada sexualmente pelo tio desde os 6 anos, o que ocasionou em uma gravidez precoce e indesejada. Com isso, o caso foi aclamado pela mídia e alguns religiosos acharam um absurdo essa menina realizar o aborto, tanto que a humilharam  em frente ao hospital onde ocorreu o ato e culparam ela e sua mãe pela decisão judicial da retirada do feto

   Atitudes como essas são percebidas cotidianamente na nossa sociedade. Muitas pessoas desconsideram a ciência em detrimento de questões morais e doutrinárias, e simplesmente julgam o outro pelo senso comum.

   No entanto, o filósofo e matemático Descartes, criou um método científico baseado na razão, portanto livre da doutrina e do senso comum, a fim de adquirir conhecimento legítimo. Baseado neste método, é possível entender que o que não contém explicação racional, não tem legitimidade como conhecimento, ou seja, crenças não foram formuladas pelo método científico, então não são válidas em uma decisão para a sociedade de um país laico.

    Dessa forma, entendemos que a legalização do aborto é uma questão de saúde pública que deve ser pensada no todo e não no individual. Para entender se é importante ou não legalizar o aborto, devemos questionar as estatísticas e dados: Não legalizar o aborto diminui o número de mulheres que o fazem? Quantas mulheres morrem por abortarem clandestinamente? Legalizando o aborto, essas mortes poderiam ser evitadas? O método científico deve ser baseado em questionamentos até levar a um conhecimento não questionável. Legalizar o aborto proporciona liberdade de escolha para as mulheres e é exatamente sobre isso que se trata.


Maria Vitória Santos Belarmino 

1° ano de direito - matutino

2022

 

Filosofia e ciência no mundo em que vivemos   

  Existem diversas visões de mundo e conceitos sobre o sentido da vida e o proposito do ser humano, referente a si mesmo e como parte de um todo. Seguindo o raciocínio do filosofo francês René Descartes, em sua obra “O Discurso do Método” (1637) na qual ele aplica a ideia de clareza como critério da verdade. No ponto de vista do mesmo, tudo aquilo que não impulsiona dúvida não tem como ser contrariado, tudo o que causa um questionamento foge da verdade. Entretanto, a essência da ciência é a filosofia, originada em uma analise de por quês, livre de pré-conceitos e consciência individualista.

  Em primeiro lugar é de suma importância relembrar que ao lado de Descartes, o filosofo e politico inglês Francis Bacon com sua teoria baseada no empirismo, transformou as bases vitais da ciência no século XVII que tem influencia até os dias atuais. Bacon acreditava em uma erudição por meio de experiências cotidianas, somadas ao senso comum e uma analise filosófica que desencadeava uma realidade “incontestável”. Vivenciar determinada ação o dava o poder de dissertar sobre ela, cada um dos pontos positivos e negativos e como ela poderia acrescentar algo importante ou como poderia ser irrelevante para os avanços tecnológicos, sociais ou políticos.

  Já no filme “O Ponto de Mutação” a cientista Sônia, uma das personagens principais, apresenta uma perspectiva um tanto contraditória a vista de Bacon e Descartes. De tal forma que transformaria a visão de mundo da sociedade para que as pessoas acreditem em um quadro de mudança, ver o mundo através de experiências não necessariamente visíveis, abraçar a analise e o aprendizado do outro e reconhecer que a filosofia influencia a politica tanto quanto o comportamento social influencia a filosofia.

  Seguindo a ideia da cientista, o centro da politica é o poder, que teoricamente exerce uma democracia que foi criada baseada em solidariedade, para um bem comum de forma ampla e individual. Os interesses próprios de um politico não deveriam de maneira alguma refutar as necessidades da população, pelo contrario, o papel de uma figura politica situada no poder é representar a vontade de mundo de uma sociedade composta por vidas interligadas por sua existência.

  Ademais, independentes das diversas visões todas tem um objeto em comum: buscar a essência e a verdade e aplica-las da melhor forma possível na constante evolução humana e sua luta por sobrevivência. Por conseguinte, é visto o pensamento sustentável a partir da carência de expor todas as descobertas cientificas e filosóficas para as futuras gerações darem continuidade a este interminável trabalho.

 

Maria Eduarda da Cruz Cardoso – 1º Direito Matutino

A Sociedade acerca do estudo e desenvolvimento do método

     Quando o pensamento humano seleciona e analisa o método científico como a influência ao comportamento e dinâmica das ciências sociais, é necessário regredir a pesquisa para as próprias bases do método. Qual a realidade humana e social vivida no período de filósofos como Francis Bacon ou o próprio René Descartes? Sendo eles aqueles que trouxeram a primazia do debate acerca da ciência moderna, de que forma a sociedade da época afetou no nascimento do método cartesiano ou do método indutivo?

    De forma primordial, é necessário entender que não apenas a sociedade molda a forma como a ciência é pensada, mas a própria ciência influencia ativamente no funcionamento do corpo e do ambiente social cotidianamente vivido pelos seres humanos. Nesse contexto, essa influência se exemplifica em como a ciência atua em campos domésticos, comerciais ou na política, como em eleições.

    A partir desta análise, é possível concluir que o método científico original, compilado sobre pensamentos de filósofos do período histórico moderno, é um reflexo de como os grandes cientistas da época enxergavam o desenvolvimento do conhecimento, ao mesmo tempo que é a própria ferramenta por trás desse avanço da ciência e da sociedade.

    Num contexto atual, ao sair dessa regressão temporal, a resposta para a forma qual a sociedade afeta a ciência torna-se mais clara. Os chamados “tempos contemporâneos” são diferentes de seus antecessores, a mecanização deu lugar para a dinâmica da informação, o homem perde o controle sobre o ambiente doméstico, perde o controle dos próprios desejos em função da exposição propagandística e perde o controle de seus direitos na ascensão autoritária política recente.

    Em suma, cada um desses exemplos reconstruídos fazem parte do grande sistema complexo que determina a evolução do método científico e da própria ciência em si: é a influência da sociedade sobre o conhecimento humano, objeto de estudo sociológico.

Pedro Henrique Falaguasta Nishimura - 1º Direito Matutino