quinta-feira, 8 de março de 2018

A voz que vem das ruas


Na contemporaneidade, com a criação do Projeto de Lei do Senado 473/2017 a fim de proibir que pessoas divulguem na Internet notícias que elas têm o conhecimento de serem falsas e que afetam um público relevante, muito tem sido falado sobre as chamadas “fake news”.

Essa forma de relato demonstra o quanto a mídia manipula a denominada “massa de manobra”- conjunto de pessoas pertencentes normalmente às classes mais baixas ou à classe média baixa e que funciona como defensora universal de todos os princípios e dados divulgados por um determinado veículo de imprensa (o qual é controlado pela elite econômica) sem sequer exercitar seu raciocínio, algo que contraria as ideias do filósofo e matemático René Descartes pois, enquanto o que guia tais indivíduos é uma espécie de “fé cega”, Descartes afirma que, para se chegar à verdade, deve-se refletir a respeito de toda e qualquer informação, como escreveu em seu livro “O discurso do método”:  “ [...] e, enfim, que é bom ter examinado todas elas [ as Ciências], mesmo as mais supersticiosas e mais falsas, a fim de conhecer seu justo valor e evitar por elas ser enganado.”

Nesse viés, enquanto certa parcela da sociedade tende ao fideísmo supracitado, outra, por questionar excessivamente tudo o que vê e, conforme a análise baconiana, acreditar somente no que pode provar, além de levar em conta todas as variáveis envolvidas na experimentação, objetiva o respeito ao direito à verdade. Assim, clama pelo fim da manipulação midiática, algo que põe em cheque as ideologias disseminadas pelo seleto grupo de indivíduos no poder e que visa a alienação e consequente dominação da população de baixa e média renda.

Somente através da inicial desconfiança em conjunto com a ponderação através do manifesto popular é possível ocupar o Direito, dando voz aos socialmente marginalizados.

                                                                                      Júlia Salles Correia - Turma XXXV de Direito, turno matutino.