sábado, 1 de agosto de 2015

Meu relato, um paradigma, um novo paradigma.
Quem somos nós? Mais especificamente, quem sou eu? Eis aqui duas perguntas metafísicas que eu e creio que todo mundo já se perguntou. Obviamente que é muito difícil, digamos até impossível, colocar no léxico uma reposta para essas perguntas. Porém, individualmente, cada um, através de suas vivências vai se descobrir e se definir e quando isso acontece, o mundo é mais claro. Porém, obviamente que não é necessário enunciar sua individualidade para cada um; nesse sentido acho que um tema que definiu muito a minha própria pessoa foi a descoberta da minha sexualidade.
Esse tema é de uma complexidade tamanha que eu, por exemplo, nem consigo definir o que é, mas consigo ver claramente porque ela é tão importante e se tornou quase um fetiche na nossa sociedade. Tem algo mais íntimo e subjetivo que a sua sexualidade? A pungência desse questionamento se torna mais apologética quando consideramos o meio tradicional e cheio de Bolsonaros e Malafaias em que estamos introduzidos e que reduzem a liberdade individual a liberdade aceitável a seus preceitos. Mas a sexualidade sim te define, define como você interage com o social, como você irá reagir em determinadas situações; por ser parte do seu ser ela é importante e é impossível de ser escondida e não deve ser escondida.
Dessa forma, preciso chamar atenção para algo que Webber já enunciou, de que é necessário se prestar atenção no individual e subjetivo para entender o todo, na metáfora usada em uma aula de sociologia sobre Marx e agora adaptada por mim: “ é necessário olhar para as árvores, sua constituição e especificidades, para que se possa entender de forma completa e complexa o bosque”. Assim, olhando e analisando a minha sexualidade, algo que eu julgo e me permito dizer, extremamente difícil, bem como outras características que me pertencem posso ver as consequências do meu ser no meu entorno social. Minha forma de ver o mundo mudou quando eu comecei a compreender de forma mais efetiva quem eu sou e o que me constitui como Tiago de Oliveira Macedo, posso perceber como as minhas escolhas modificaram características dentro da minha família, no meu círculo de amigos, me fazendo até mesmo reconsiderar minhas amizades na época. Citando uma das falas de um entrevistado em um documentário feito pelo Estado de São Paulo sobre o assunto da sexualidade para o jovem (“Leve-me para sair”, 2010. Disponível no Youtube), “a sexualidade te define, no momento que você se assume para a sociedade sua vida muda; ser Gay é um estilo de vida”.
Sendo assim, me permito concatenar o quanto o subjetivo e individual pode impactar o todo. Um exemplo claro disso seria a discussão enorme que se tem hoje sobre a legitimidade do casamento Gay no país; o movimento social LGBTS conseguiu através de muita luta alterar o paradigma nacional, contrariando a visão tradicional e misógina que que imperava no Brasil até então. Esse embate social ainda está longe de ser considerado terminado e resolvido causando rebuliços e efervescências a todo momento, como o causado pela transexual que protestava na parada Gay em São Paulo, vestida “como Jesus” e pregada em uma cruz. Contudo, podemos pensar numa esfera menor, como o ambiente familiar e como uma decisão pessoal pode afetar a família e alterá-la de forma radical, é o caso de muitos jovens que ao se assumirem sofrem muito preconceito de seus próprios familiares que não conseguem entender sua pessoa, suas vontades, sua concepção de amor. Na minha vivência, casos de rejeição familiar normalmente acabaram por uma aceitação por parte da família, dessa forma, posso afirmar, de novo que o subjetivo modificou a perspectiva e o paradigma social.
Para finalizar, a ação social, dando nome aos bois, é intimamente ligado ao pessoal, no que cada ser humano diverge e se torna único, e aqueles que tem coragem de mostrar sua “unicidade” dentro de uma sociedade que valoriza tanto a homogeneização, irão definitivamente engendrar uma mudança, se não isso pelo menos um desconforto e questionamentos.


Tiago de Oliveira Macedo- 1º ano Direito diurno- aula 9