O filme "Ponto de Mutação", baseado na obra homônima do físico Fritjof Capra, apresenta a discussão entre uma física, um político e um poeta. Durante o debate, um dos personagens tem a seguinte fala: "A realidade... Quem precisa dela?".
Contudo, percebe-se que para vários filósofos, a realidade é o ponto de partida de seus estudos tomando como base a análise desta. Tanto que Descartes afirma que a razão é a capacidade de apreender o que estamos observando pelo pensamento, ou seja, a aptidão de captar a realidade por meio do pensamento é o que define a razão.
Enquanto que Bacon reconhece a importância da razão, porém defende que a experiência, a observação são essenciais para o alcance da razão. Dessa forma, apreende-se que a realidade é o fator chave que conduz à razão demonstrando a tamanha relevância daquela.
Logo, o poeta, presente no filme "Ponto de Mutação", ao proferir a referida fala, desconsiderou os pensamentos de diversos intelectuais, tais como Bacon e Descartes. Entretanto, ao analisar o contexto da fala, pode ser percebido um tom irônico dito pelo personagem uma vez que os outros dois protagonistas, a física e o político, estavam em uma discussão filosófica acalorada com crescente tensão. Com isso, o poeta declarou a fala como uma descontração. Se for analisado, com teor literal, pode ser percebida uma dúvida de quão realmente é necessária a realidade, respondida por Bacon e Descartes.
Em suma, a realidade composta pela sociedade em que vivemos, pelo contexto histórico etc., tem fundamental importância para diversos filósofos visto que a observação desta é relevante para elaborar ideias e para guiar-se à razão.
Camila Migotto Dourado
1º ano - Direito diurno
Introdução à Sociologia
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
terça-feira, 5 de maio de 2015
Ponto de mutação
A visualização de "Ponto de Mutação" gera, sugere e retoma dúvidas sobre nossa imagem de mundo -natural e humano. Os temas que se apresentam no filme variam desde a visão do tempo a da matéria, como estes dois núcleos interagem entre si e dentro de seus sistemas.
As ideias de Descartes e Bacon, consideradas atrasadas, são questionadas: o ideal mecanicista de mundo e intervencionista do homem são debatidas com a ideia do mundo como sistema (Hipótese Gaia), em que não se deve olhar para o particular sem dar valor ao geral (se tratando de recursos materiais, por exemplo). Mesmo assim, admite-se que essas ideias ainda vigoram no pensamento humano, e por isso devemos mudar nossa "perspectiva".
Os diálogos são protagonizados por três figuras distintas e elementares: a terra, o ar e a água; representados, respectivamente, pela cientista, pelo poeta e pelo político. São assim designados porque Sonia Hoffman, Thomas Harriman e Jack Edwards mostram no início do filme características que lhes aproximam a tais elementos: a física, ligada ao pensamento de eco-sustentabilidade, às causas humanas e físicas/naturais; e, principalmente, à Hipótese Gaia se condensa na representação terrestre. O poeta, dos devaneios e ares filosóficos, se instaura como o ar. E por último, o político, factual que se insere nos meios e por esse é moldado, como a água,nos recipientes. Este que apresenta uma clara mudança na maneira como interpreta o mundo.
A "disputa" entre essas personagens busca, não apenas as respostas e perguntas (certas ou melhores) mas, olhando mais profundamente, o equilíbrio ("mudança estrutural contínua, mas estabilidade nos padrões de organização do sistema").
Roan Dias
1º ano - Direito diurno
Sentindo o mundo
Com o tempo mecânico, veio
a separação
da relação entre homem e
natureza
Veio Descartes com sua comparação:
mundo e relógio.
Para ele ao analisar
as simples peças de uma
máquina
seria possível entender
a complexidade do todo.
O sonho cartesiano
previa
o mundo como máquina
perfeita.
Ele veio consumado,
assim
com as leis finais da
natureza.
Em oposição ao método
científico,
o pensamento ecológico
surge então,
um novo modo de ver as
coisas,
tentando superar a crise
de percepção.
Vem também a teoria dos
sistemas vivos
e seus princípios de
organização.
Somos todos parte de um
sistema,
sistema de conexões.
Amanda Barbieri
Estancioni
1º ano - Direito matutino
Introdução à sociologia – Filme “Ponto de mutação”
O relógio, a ilha e o pensamento cartesiano sob nova perspectiva
Para compreender o filme Ponto de mutação é necessário entender como seus elementos se
relacionam. Em primeiro lugar, é preciso entender o significado da palavra mutação, ou seja, mudança, evolução,
transformação, que não necessariamente precisa ser para melhor, mas apenas uma
forma de adaptação que supra as necessidades de uma determinada época. Dessa
forma, o longa discorre sobre a superação dos pensamentos cartesianos, que
apesar de terem sido de extrema importância no passado, não mais contribui para
a sociedade atual.
Além
disso, por que uma cientista, um político e um poeta foram escolhidos para dar
vida a essa reflexão? Ora, a resposta parece óbvia. Porque possuem percepções,
visões, perspectivas diferentes do mundo. Mas, mais do que isso, eles dão vida
às diferentes teorias utilizadas para interpretar o universo: a teoria dos
sistemas (tudo está interligado, e portanto, deve ser observado e interpretado
dessa forma), a teoria cartesiana (na qual é possível fragmentar o conhecimento
de maneira a se aprofundar cada vez mais em cada assunto) e a teoria emocional
(onde tudo pode ser descrito em um poema e percebido pelas emoções).
O
cenário também possui papel importante na composição do enredo. É preciso
entender que o homem não é uma ilha, pois está constantemente interligado com
outros indivíduos na sociedade, trocando energia com o meio, se renovando a
todo instante. O político, assim como Descartes, acreditava que poderia
fragmentar os problemas sociais de sua nação e assim resolvê-los um a um.
Entretanto, se uma peça do relógio for consertada e o resto ignorada, o relógio
voltará a apresentar problemas. Ou seja, não se pode ignorar que a sociedade
atual vive em um momento de globalização, onde uma decisão tomada em alguma
parte do globo afeta todo o resto do planeta. A cientista cita como exemplo a
alta mortalidade infantil em alguns países, que poderia ser diminuída se as
nações pudessem investir mais na nutrição destas, ao invés de precisarem cortar
gastos para pagar seus empréstimos externos.
O
filme termina com uma metáfora, que dá vida ao ponto de mutação em si. Quando a
água sobe, engolindo a terra, há a mudança de um material sólido, rígido, para
um mais fluído, maleável. Dessa forma, as ideias estáticas da teoria cartesiana
poderiam ser substituídas por pensamentos mais dinâmicos, que acompanhe o ritmo
de transformação da sociedade atual.
Luiza Macedo Pedroso
1º ano Direito diurno
Introdução à Sociologia - filme "Ponto de Mutação"
Descartes sob uma percepção contemporânea
Ao fazer uma crítica ao método
cartesiano, proposta por René Descartes, que afirmava que além do uso único da
razão para se chegar à verdade, deve-se fragmentar o todo para melhor
conhece-lo, o filme “Ponto de Mutação” retrata exemplos e argumentos
sistematizados contra essa teoria. Segundo o filme, não se pode olhar
isoladamente para uma problemática, quando ela esta envolvida num contexto
econômico, social, politico ou ambiental, pois mesmo que, metaforicamente, concerte-se
essa peça, quebrará em um segundo, pois se ignorou o que está conectado a ela.
Um exemplo esclarecedor a ser
citado proposto pela física Sonia, protagonista do filme, é o problema da
superpopulação no mundo. Este não está relacionado, isoladamente, com o uso de
pílulas contraceptivas, mas com questões econômicas e sociais. Assim, nos
países subdesenvolvidos, de terceiro mundo, principalmente, milhões de crianças
morrem de desnutrição e doenças que já possuem cura, reduzindo a população.
Porém, é discutido, na obra, um
grande empasse. Se tudo esta
relacionado, conectado, por onde começar a resolver as conexões? E a resposta
dada é que se vive numa crise de percepção. É preciso mudar a maneira de ver o
mundo, deixar de analisa-lo sob uma perspectiva cartesiana. Necessita-se de uma
ciência de novo tipo, que em vez de analisar os fragmentos, visa olhar o
sistema como um todo entendendo que cada um é obra de tudo.
Não obstante, é necessário
perceber as possibilidades do amanhã, pois antes de tudo o homem é o único
responsável por suas descobertas, suas palavras, suas ações, e os reflexos das
mesmas no universo em que está inserido.
Heloisa C. Leonel
1º ano Direito Diurno