terça-feira, 5 de maio de 2015

Realidade Necessária

     O filme "Ponto de Mutação", baseado na obra homônima do físico Fritjof Capra, apresenta a discussão entre uma física, um político e um poeta. Durante o debate, um dos personagens tem a seguinte fala: "A realidade... Quem precisa dela?".
     Contudo, percebe-se que para vários filósofos, a realidade é o ponto de partida de seus estudos tomando como base a análise desta. Tanto que Descartes afirma que a razão é a capacidade de apreender o que estamos observando pelo pensamento, ou seja, a aptidão de captar a realidade por meio do pensamento é o que define a razão.
    Enquanto que Bacon reconhece a importância da razão, porém defende que a experiência, a observação são essenciais para o alcance da razão. Dessa forma, apreende-se que a realidade é o fator chave que conduz à razão demonstrando a tamanha relevância daquela.
    Logo, o poeta, presente no filme "Ponto de Mutação", ao proferir a referida fala, desconsiderou os pensamentos de diversos intelectuais, tais como Bacon e Descartes. Entretanto, ao analisar o contexto da fala, pode ser percebido um tom irônico dito pelo personagem uma vez que os outros dois protagonistas, a física e o político, estavam em uma discussão filosófica acalorada com crescente tensão. Com isso, o poeta declarou a fala como uma descontração. Se for analisado, com teor literal, pode ser percebida uma dúvida de quão realmente é necessária a realidade, respondida por Bacon e Descartes.
     Em suma, a realidade composta pela sociedade em que vivemos, pelo contexto histórico etc., tem fundamental importância para diversos filósofos visto que a observação desta é relevante para elaborar ideias e para guiar-se à razão.


Camila Migotto Dourado
1º ano - Direito diurno
Introdução à Sociologia

Ponto de mutação


   A visualização de "Ponto de Mutação" gera, sugere e retoma dúvidas sobre nossa imagem de mundo -natural e humano. Os temas que se apresentam no filme variam desde a visão do tempo a da matéria, como estes dois núcleos interagem entre si e dentro de seus sistemas. 
     As ideias de Descartes e Bacon, consideradas atrasadas, são questionadas: o ideal mecanicista de mundo e intervencionista do homem são debatidas com a ideia do mundo como sistema (Hipótese Gaia), em que não se deve olhar para o particular sem dar valor ao geral (se tratando de recursos materiais, por exemplo). Mesmo assim, admite-se que essas ideias ainda vigoram no pensamento humano, e por isso devemos mudar nossa "perspectiva".
    Os diálogos são protagonizados por três figuras distintas e elementares: a terra, o ar e a água; representados, respectivamente, pela cientista, pelo poeta e pelo político. São assim designados porque Sonia Hoffman, Thomas Harriman e Jack Edwards mostram no início do filme características que lhes aproximam a tais elementos: a física, ligada ao pensamento de eco-sustentabilidade, às causas humanas e físicas/naturais; e, principalmente, à Hipótese Gaia se condensa na representação terrestre. O poeta, dos devaneios e ares filosóficos, se instaura como o ar. E por último, o político, factual que se insere nos meios e por esse é moldado, como a água,nos recipientes. Este que apresenta uma clara mudança na maneira como interpreta o mundo.
    A "disputa" entre essas personagens busca, não apenas as respostas e perguntas (certas ou melhores) mas, olhando mais profundamente, o equilíbrio ("mudança estrutural contínua, mas estabilidade nos padrões de organização do sistema").    





                                                                Roan Dias
    1º ano - Direito diurno
                                       

Sentindo o mundo


Com o tempo mecânico, veio a separação
da relação entre homem e natureza
Veio Descartes com sua comparação:
mundo e relógio.

Para ele ao analisar
as simples peças de uma máquina
seria possível entender
a complexidade do todo.

O sonho cartesiano previa
o mundo como máquina perfeita.
Ele veio consumado, assim
com as leis finais da natureza.

Em oposição ao método científico,
o pensamento ecológico surge então,
um novo modo de ver as coisas,
tentando superar a crise de percepção.

Vem também a teoria dos sistemas vivos
e seus princípios de organização.
Somos todos parte de um sistema,
sistema de conexões.

Amanda Barbieri Estancioni
1º ano - Direito matutino
Introdução à sociologia – Filme “Ponto de mutação”

O relógio, a ilha e o pensamento cartesiano sob nova perspectiva

           Para compreender o filme Ponto de mutação é necessário entender como seus elementos se relacionam. Em primeiro lugar, é preciso entender o significado da palavra mutação, ou seja, mudança, evolução, transformação, que não necessariamente precisa ser para melhor, mas apenas uma forma de adaptação que supra as necessidades de uma determinada época. Dessa forma, o longa discorre sobre a superação dos pensamentos cartesianos, que apesar de terem sido de extrema importância no passado, não mais contribui para a sociedade atual.
            Além disso, por que uma cientista, um político e um poeta foram escolhidos para dar vida a essa reflexão? Ora, a resposta parece óbvia. Porque possuem percepções, visões, perspectivas diferentes do mundo. Mas, mais do que isso, eles dão vida às diferentes teorias utilizadas para interpretar o universo: a teoria dos sistemas (tudo está interligado, e portanto, deve ser observado e interpretado dessa forma), a teoria cartesiana (na qual é possível fragmentar o conhecimento de maneira a se aprofundar cada vez mais em cada assunto) e a teoria emocional (onde tudo pode ser descrito em um poema e percebido pelas emoções).
            O cenário também possui papel importante na composição do enredo. É preciso entender que o homem não é uma ilha, pois está constantemente interligado com outros indivíduos na sociedade, trocando energia com o meio, se renovando a todo instante. O político, assim como Descartes, acreditava que poderia fragmentar os problemas sociais de sua nação e assim resolvê-los um a um. Entretanto, se uma peça do relógio for consertada e o resto ignorada, o relógio voltará a apresentar problemas. Ou seja, não se pode ignorar que a sociedade atual vive em um momento de globalização, onde uma decisão tomada em alguma parte do globo afeta todo o resto do planeta. A cientista cita como exemplo a alta mortalidade infantil em alguns países, que poderia ser diminuída se as nações pudessem investir mais na nutrição destas, ao invés de precisarem cortar gastos para pagar seus empréstimos externos.
            O filme termina com uma metáfora, que dá vida ao ponto de mutação em si. Quando a água sobe, engolindo a terra, há a mudança de um material sólido, rígido, para um mais fluído, maleável. Dessa forma, as ideias estáticas da teoria cartesiana poderiam ser substituídas por pensamentos mais dinâmicos, que acompanhe o ritmo de transformação da sociedade atual.


Luiza Macedo Pedroso
1º ano Direito diurno
Introdução à Sociologia - filme "Ponto de Mutação"

Descartes sob uma percepção contemporânea

Ao fazer uma crítica ao método cartesiano, proposta por René Descartes, que afirmava que além do uso único da razão para se chegar à verdade, deve-se fragmentar o todo para melhor conhece-lo, o filme “Ponto de Mutação” retrata exemplos e argumentos sistematizados contra essa teoria. Segundo o filme, não se pode olhar isoladamente para uma problemática, quando ela esta envolvida num contexto econômico, social, politico ou ambiental, pois mesmo que, metaforicamente, concerte-se essa peça, quebrará em um segundo, pois se ignorou o que está conectado a ela.

Um exemplo esclarecedor a ser citado proposto pela física Sonia, protagonista do filme, é o problema da superpopulação no mundo. Este não está relacionado, isoladamente, com o uso de pílulas contraceptivas, mas com questões econômicas e sociais. Assim, nos países subdesenvolvidos, de terceiro mundo, principalmente, milhões de crianças morrem de desnutrição e doenças que já possuem cura, reduzindo a população.

Porém, é discutido, na obra, um grande empasse.  Se tudo esta relacionado, conectado, por onde começar a resolver as conexões? E a resposta dada é que se vive numa crise de percepção. É preciso mudar a maneira de ver o mundo, deixar de analisa-lo sob uma perspectiva cartesiana. Necessita-se de uma ciência de novo tipo, que em vez de analisar os fragmentos, visa olhar o sistema como um todo entendendo que cada um é obra de tudo.


Não obstante, é necessário perceber as possibilidades do amanhã, pois antes de tudo o homem é o único responsável por suas descobertas, suas palavras, suas ações, e os reflexos das mesmas no universo em que está inserido.


Heloisa C. Leonel
1º ano Direito Diurno