segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Karl Marx: Para a Crítica do que?

     Karl Marx, no manuscrito "Para a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel", discorre sobre o pensamento filosófico alemão, tendo como principal influência, as obras de Georg Wilhelm Friedrich Hegel. A crítica do autor, não tem como principal enfoque as ideias e máximas de sua época. Mas sim, o objetivo e efeito das mesmas, afirmando ser de grande esterelidade o vigente pensamento filosófico idealista.
    Durante a obra, estão presente inúmeras metáforas que elucidam contrastes da realidade quando tratada como idealidade. Como presente em sua análise da pensamento filosófico alemão-hegeliano, explicitando nele a ideia de “Aurora de um futuro glorioso”, sendo comparavél assim, à religião, onde esta, é de acordo com Marx: “O suspiro da criatura oprimida, o âmago de um mundo sem coração e a alma desituações sem alma. É o ópio do povo", ou seja, tão focada num fim longínquo, que se distancia da análise concreta sobre os fatos presentes.
     Ainda referente à filosofia alemã, o autor expõe seu mero carácter negativo sob as circunstâncias jurídicas e políticas reais do passado, caminhando deste modo, para abstração e a presunção totais do pensamento, se portando assim, de modo unilateral e atrofiado na realidade. Com isso, para Karl Marx, a filosofia hegeliana é apenas um imperativo categórico, se distanciando do real, mantendo este, no além de sua fronteira. Sendo assim, os representantes do idealismos alemão, “Contemporâneos filosóficos da atualidades, sem serem contemporâneos históricos”. Ou seja, qual seria a finalidade de uma filosofia que busca a verdade mas não atua de fato na realidade? E estando esta, disconexa com a realidade, qual seria solução para melhor análise da sociedade alemã?
     Diferente de Hegel, Marx não focava seu método na busca por uma “verdade”. Acreditando que tal ato, muitas vezes, se distanciava da própria realidade e portanto, da "verdade legítima". Assim, ao invés, se baseava no fim intervencionista que a ciência poderia assumir. Sendo este, para o autor, o grande e principal objetivo e função científica. Portanto, Marx propunha a práxis ao invés da theory, sendo essa, o único meio para superar a esterelidade ideológica amplamente disseminada em sua época.
       Assim, sendo crítico do pensamento ideológico filosófico hegeliano, ele se pauta na análise concreta, substantiva da sociedade Alemã. E a partir desse momento, percebe-se traços característicos do autor, o germe de seu pensamento. O autor afirma por meio de tal análise concreta, que a Alemanha "não será capaz de demolir as barreiras específicas, sem demolir as barreiras gerais de política atual". Dentro de suas complexas estruturas e conjunturas, se tornaria inviável um progresso gradual, como ocorrido na França. Deste modo, para demolição dessas barreiras gerais, se faz preciso a convergência de necessidades e desejos unitários, totais. E para tanto, é preciso cativar, direcionar os impulsos do povo. Fazendo-se necessário ideais que cheguem até a raiz, ideias radicais, que se aliem a certas necessidades e impulsionam a revolução, demolição de barreiras, dos fundamentos que limitam o individuo em sua autonomia e felicidade.
     Assim Marx, um estudioso do passado, interventor do presente, moldador do futuro, não tece uma critica direcionado especificamente à Hegel, mas estabelece um contraponto que se faz compatível ao próprio idealismo do pensamento genérico. E não só ao idealismo, tal dialética se encaixa a qualquer simplificação ou abstração que deixe de verificar as contradições e problemas eternamente existentes em nossa realidade, fato que mantém e manterá sua obra a todo momento contemporânea.