domingo, 29 de setembro de 2013

A ética protestante


  Max Weber, na obra A ética protestante e o espírito do Capitalismo, evidencia o surgimento de um comportamento singular advindo de um grupo social específico: os calvinistas; e se irradia para a sociedade não com o mesmo espírito que para os calvinistas.
Com um tipo de comportamento singular, no memento posterior À Reforma Protestante, surge no Ocidente uma ética voltada para a racionalização do trabalho, da produção e da vida; uma série de transformações que viriam a modificar todo o mundo e a ideologia reinante.
Essa nova ética provoca a universalização de um novo modo de vida, calcado na racionalização com a perspectiva de dominação do mundo, que propõe a externalização dos sinais da predestinação divina baseados na prosperidade financeira. Segundo Weber a ânsia pela riqueza existiu em todos os momentos da história, porém essa nova ideologia abriu espaço para um “espírito” de acumulação de riquezas e ânsia por maiores lucros como nunca antes havia ocorrido.
Esse novo “espírito” advindo com a Reforma Protestante serviu amplamente às demandas da burguesia nascente. Numa análise weberiana, essa transformação na cultura auxiliou a expansão da burguesia, uma vez que primeiramente viriam as transformações culturais e depois os fatores econômicos. Porém, o que se mostra mais condizente com a realidade histórica é que essa ideologia de acumulação de riquezas permitiu a expansão da burguesia e do capitalismo a níveis extraordinários, porém os fatores econômicos constituíram as molas propulsoras dessa ideologia. É necessário perceber que esse novo “espírito”  vinha de encontro com todo o substrato necessário para a libertação e expansão da classe revolucionária da época: a burguesia.
A pedra de toque da análise desta obra é a revelação de que o novo tipo de comportamento advindo com a ética calvinista transformou completamente o mundo e seus reflexos estão mais vivos do que nunca. A atualidade da crítica weberiana é evidente. Ainda vivemos uma realidade sociocultural onde a externalização da riqueza e da prosperidade é manifestadamente notória. Porém, não mais como predestinação divina, mas sim como sucesso na vida, o que todos buscam equivocadamente desde os primórdios da humanidade.

Ana Beatriz Nunes - direito noturno

Protestantismo e modernidade

  Segundo Max Weber, a ética protestante surge com os calvinistas e se irradia para o resto da sociedade de forma diferente. Com o decorrer dos séculos ela acaba por desprender-se de seu sentido religioso, como na nossa cultura social contemporânea ,com sentido mundano (desprendida de raízes religiosas).
  Segundo ele, surge no ocidente um novo comportamento, singular , que tinha como base a ética voltada a racionalização, mudando a consciência das pessoas, começando então a forjar-se um novo modo de produção.Weber está querendo entender ,a partir do comportamento concreto, como se fixa esta mudança,para isto, foca um grupo social específico.
  Tal comportamento inaugura um novo entendimento da ideia de acumulação de capital e de dominação do mundo. A partir de então se entende que um ser superior abençoe a crescente racionalização.
  As presentes modificações implicam,por exemplo, na transformação do operário , não apenas no que tange ao âmbito econômico , como também nos âmbitos culturais e religiosas.
  Destarte, a ética protestante deve ser entendida a partir deste contexto, não apenas como um capricho para se antepor ao materialismo histórico, Weber busca entender o que Marx analisa sob perspectiva teórica (mudança dos modos de produção) , de maneira concreta analisando cada grupo protestante que surge .
                        Ética para os escolhidos

Weber analisa a ética protestante influenciando o ocidente com sua moral prática e racional entendendo-a como elemento propulsor do espirito capitalista. Tal espirito não se caracteriza no sentido material, mas no sentido de uma ética do trabalho árduo e do ascetismo da ética protestante. O capitalismo se beneficia destes elementos pois traz consigo uma forte racionalização do mundo, para aproveitamento de recursos e desenvolvimento da ciência e tecnologia.

Podemos observar a mudança que o protestantismo trouxe consigo quando vemos o modo pelo qual o indivíduo é, para eles, escolhido por Deus, aqueles que tiverem uma vida próspera e riqueza são os escolhidos e possuem o modo de vida correto, já aqueles desprovidos de riqueza são detentores de um caminho errado que não lhes aproxima de Deus. O que vemos ser uma justificação religiosa para a desigualdade social, mas sabemos que essa desigualdade é própria de um sistema que beneficia aqueles que possuem condições de competir no mercado ou que através do conhecimento consigam gerar riquezas, e os que despossuídos de condições para participar do mercado e despossuídos, de várias formas, do acesso ao conhecimento estarão realocados em postos de trabalho de baixa remuneração.

Sendo assim, a racionalização que a ética protestante trouxe conjuntamente com o capitalismo garantem o benefício de uma certa parcela de indivíduos que adotaram este modelo, em detrimento de uma outra classe que desprovida de certos meios para se alcançar esta competitividade no jogo capitalista continuam a empobrecer e sofrer as mazelas de uma condição socioeconômica baixa.

Renan Rosolem Machado - 1º Ano Direito Diurno

Perspectivas weberianas

O ensaio de Max Weber: “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, almeja estabelecer uma relação de causa e efeito entre algo que denomina "ética", advinda do contexto cultural e religioso sob a figura do protestantismo puritano, e o sistema econômico dominante a partir do século XIX, o capitalismo. Busca entender e conceituar a forma de produção capitalista, negando-a como aquela que valoriza exclusivamente o trabalho humano enquanto instrumento para o acúmulo de capital. O homem passaria a ser visto tanto como um instrumento de produção como uma máquina de consumo, estabelecendo a supremacia material e, assim, subordinando os valores morais humanos.
A reforma protestante e a disseminação de seus ideais fizeram com que aflorassem nos indivíduos  a ganância e a ideia incontrolável da busca pelo lucro constante, rompendo com o viés católico que condenava o lucro e a acumulação de riquezas, condições primeiras para a salvação pregada pelo protestantismo. Constrói-se  a ideia de uma “praticidade da moral” contraposta ao conformismo do mundo oriental.  A dispersão protestante foi propulsora para uma revolução que modificaria o modo de produção industrial e a própria concepção capitalista.  

O desenvolvimento do espírito capitalista estaria, de acordo com Weber, relacionado com o processo de racionalização da economia e das técnicas em geral na Era Moderna. Weber cita ainda a fundamentação da racionalização que permeia desde setores contábeis e científicos até a racionalização da conduta humana, condição para que o racionalismo econômico se firmasse concretamente.

Gabriela Giaqueto Gomes - Direito Noturno

Do tradicionalismo ao capitalismo aquisitivo

Weber, em sua obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, tem como objetivo, de modo geral, entender o que leva os homens a pensar diferente e as consequências que isso acarreta no modo de vida da sociedade. Especificamente falando, a o que levou a emersão de um espírito capitalismo moderno originado no ocidente, que teve sua ética universalizada.
Esse espírito do qual se trata Weber é fortemente marcado pelo racionalismo econômico, caracterizando o chamado capitalismo aquisitivo. Nesse, a acumulação de capital tem como fim a si mesmo, não se vinculando a satisfação de necessidades materiais, mas sim gerando uma ideia de obrigação no homem, um dever de ganhar, acumular, reinvestir com uma filosofia própria do ascetismo. Dessa maneira, na mentalidade capitalista moderna, a acumulação de capital desliga-se da imagem de ganância, avareza e adquire a imagem de virtude, eficiência.

         Nesse processo histórico, a ética cultural foi responsável por desencadear a econômica. O capitalismo moderno passou por diversos obstáculos para atingir a universalização, principalmente devido à visão de uma atividade desprovida de autorrespeito, aos hábitos do tradicionalismo como forma econômica, além da visão que a Igreja Católica, tão influente na época, detinha como antiética e anticristã. Mas atravessando essas barreiras, o surgimento da ideia do trabalho como fim em si mesmo, a dinamização do mercado, a disseminação dos valores do protestantismo e, futuramente, a desvinculação de qualquer origem religiosa moldou esse novo sistema econômico que foi fruto da mudança do modo de pensar do homem, o adquirido espírito do capitalismo. A origem dessa mudança é o objeto de estudo de Max Weber.

Virtude e eficiência

De acordo com a análise weberiana sobre o capitalismo, este não se constitui apenas pela ânsia pura e simples por lucro, visto que isto esteve presente em todos os setores da sociedade em todas as épocas. Em sua percepção, o capitalismo está vinculado à troca e às possibilidades de dinamização racional do investimento, sendo a racionalização o fator diferencial em relação aos outros modos de produção, estando dividida em contábil, científica, jurídica e do homem. Assim, o processo de racionalização presente na história humana resulta na superação do dualismo religioso, se realizado através do protestantismo, que de acordo com ele, modifica tanto a consciência dos indivíduos quanto a externa, sendo considerada a efetiva revolução moderna. Como estudioso das peculiaridades do ocidente, faz uma comparação com o oriente na questão do racionalismo. Assim, a ética protestante ocidental propõe uma dominação do mundo, enquanto no oriente predomina a conformação ao mundo.
Weber trata também que a reforma protestante tem o sentido de tornar o controle religioso sobre a vida social mais rigoroso e estendê-lo a toda a sociedade, regulamentando toda a conduta da vida pública e privada. Dentro do espírito capitalista, há uma ética pessoal severa não no sentido de aproveitar a vida, mas no sentido do trabalho árduo típico do protestantismo visando a obtenção de crédito. Diferentemente do que se pensa, o acúmulo de capital liga-se à ideia de virtude e eficiência e não à desonestidade.

Além disso, o capital é repleto de embates culturais, encontrando oposições religiosas, como o catolicismo, que considera  antiética sua conduta e o lucro um pecado. Observa-se também que o homem passa a trabalhar além de suas necessidades reais, pois por natureza ele trabalharia apenas o necessário para manter seu sustento, sem acúmulos. E, junto a isso, há o surgimento da ideia de trabalho como um valor em si mesmo. E, por fim, para o sociólogo, o espírito de acumulação antecede o surgimento do capitalismo, desencadeando-o, e não o contrário, como comumente acredita-se.

As transformações da mentalidade humana

O espírito do capitalismo é, não menos, uma impressão profunda e analista de como o comportamento social tem se voltado para as propriedades do meio de produção fundado no capital. Sua afirmação pautada na resposta de uma ética racionalista proveniente de uma conduta religiosa mostra como a mudança de mentalidade humana retorna em uma transformação eminente no meio produtivo.
o ethos social, passa então por uma disciplina religiosa, imbuída de um caráter racional e utilitário do capital. Esse espírito responde a um novo ânimo de conduta, onde as resoluções sociais são tomadas com uma visão distinta das outras religiões, tornando possível a consumação do pensamento capital.
A implementação que a cultura protestante causou na conduta dinâmica e no consequente desenvolvimento do capitalismo é indiscutivelmente audível.

Em contrapartida, seu aprimoramento na esfera político-econômica-social repercutiu em uma caracterização de conduta única por parte de empregadores e empregados. É notório a força com que o sistema se apresenta e, se não o vemos e atendemos a seus pressupostos, facilmente somos engolidos por seu abismo, tornando-nos presas intransigentes de sua potencia.
O mercado mundial gira por meio da proposta capitalista, desta dinamização infindável de produtos de meios de produção, de uma conduta onde o consumo é característica mínima e sua produção importa-se somente no ver do consumável. Perde-se, logo, com o aprimoramento dessa “maquina” a humanização do ser. Passamos a não ser mais explorados e instrumentalizados como meios de produção do capital, mas tornamo-nos agora somente o alongamento de maquinas e seu simples instrumentalizador. Perde-se noção de importância, de função, de existência no mundo material de produção econômica. O espírito incutido pela ética protestante fez com que o homem não somente abandonasse a simples ânsia de capital, pois isso não caracteriza sua necessidade, é lhe natural sem mesmo haver a fundação do capitalismo moderno; Contudo, o que lhe figura é a racionalização tanto do capital, como da produção como, fundamentalmente, dos produtores.
Há então, não só uma mudança de mentalidade no campo o capital, mas há uma desumanização no campo social caracterizando o giro do mercado, as funções do dinheiro e a incorporação de valores simplesmente materiais e utilitários para a indústria do capital.

Unindo o útil ao agradável

    O mundo do surgimento do capitalismo não poderia ser o mesmo dos grandes Reis e Padres. A difusão do espirito burguês trouxe carecimentos de mudança não só na ordem econômica, mas também na ordem social e cultural. Precisava-se ,portanto, de uma ideologia que unisse o útil ao agradável, que fosse combustível do motor capitalista e ao mesmo tempo não rompesse absolutamente com os ideais do passado.
     Como exemplo de ideologia supridora desses carecimentos ideológicos e como objeto de fundamentação dos novos valores em acensão, temos as ideias evidenciadas pela obra de Max Weber: A Ética Protestante e o espirito do Capitalismo. Nessa obra mostra-se as ideias da ética do protestantismo como fundamentos principais para que o espirito burguês pudesse crescer e se disseminar.
      A ideologia Protestante mostra, como já disse, uma união do útil ao agradável. Há uma alusão ao trabalho e à riqueza exacerbada, o trabalho geraria tal riqueza e quanto mais rico se fosse, mais perto de Deus se estaria. Os ricos ,pois, seriam os escolhidos e, dessa forma, as bases da burguesia se solidificam sem que se rompa completamente com o passado, basta observar a ideia central de Deus.
      Porém, cabe-nos uma indagação, a obra traz a ideia de uma burguesia que só teve seu lugar estabelecido através da adoção da ética protestante, sua base principal. Entretanto, é de se pensar se ,na verdade,não teriamos contrario, ou seja, a burguesia, em ordem de estabelecer-se, "criou" tal ideologia como sua justificação maior.
     Se aconteceu de uma forma ou de outra não sabemos, mas é fato que o capitalismo triunfou de forma nunca antes vista. Hoje não se tem mais esse pensamento de ricos escolhidos tanto quanto antigamente, mas, infelizmente, para muitos a riqueza ainda é o bem maior, talvez a própria divindade materializada.

A análise weberiana

''A ética protestante e o espírito do capitalismo'' de Max Weber mostra ser um livro que rigorosamente busca realizar uma análise profunda sistemática do capitalismo tentanto não olvidar de nenhuma de suas dimensões - históricas, econômicas, culturais, ideológicas,religiosas,políticas, e mais.
Destarte, Weber expõe suas diversas ideias que foram surgem como sintese dessa análise sistemática. Com destaque, no excerto escolhido para a leitura, nota-se a presença de algumas delas interessantes e que merecem serem colocadas em pauta.
A primeira a ser mencionada suscita um debate de cunho axiológico. Weber parte no momento de uma análise da sociedade capitalista, sob enfoque o homem como indivíduo inserido em determinado sistema de produção e que a ele se adapta. Portanto, Weber objetivamente aponta a necessidade econômica-social do indivíduo capitalista desfrutar de crédito, em todos os sentidos. Para tanto, sua conduta é analisada por todos e a todos os momentos. Logo, a conduta do homem adquire importância para sua convivência social e sua sobrevivência econômica, e adquire crédito aquela conduta que se mostra virtuosa; ao homem virtuoso é condedido crédito. E quais são essas virtudes? Qual é a sua natureza? Quem são elas?
Enfim, é nesse momento que Weber descreve aquilo que denomina como ''utilitarismo estrito''. Isto é, são virtudes aquelas qualidades da conduta humana que se mostram ser úteis. Úteis porque lhe trazem benefícios, crédito. Deste modo, tornam-se virtudes na sociedade capitalista a honestidade, pontualidade, laboriosidade, frugalidade, e outras. Weber adiciona ainda, o que particularmente é a parte mais interessante, que ser virtuoso e aparentar ser virtuoso são verdades a serem distanciadas. No entanto, não fará de fato diferença ser virtuoso ou aparentar ser virtuoso desde que os efeitos produzidos sejam o mesmo (despor de crédito). Ou seja, tanto faz na sociedade capitalista que um indivíduo seja virtuoso de fato ou de aparência, uma qualidade suficientemente equivalente à outra desde que os efeitos produzidos sejam o mesmo.
Por fim, há outro conceito válido de ser mencionado. Atendendo ao objetivo posto anteriormente, Weber está buscando transmitir exatamente qual é seu conceito de ''espírito do capitalismo''. Para tanto, o primeiro recurso que dispõe é contrapor o espírito do capitalismo a outro espirito, inclusive seu antecessor. Um espírito que de fato dispõe dos mesmos recursos que o espírito do capitalismo, porém que anima a essência social de outra forma, conduzindo-a de maneira diferente. Esse outro espírito Weber denomina de ''tradicionalismo''. É interessante esse momento pois da ligação entre esses dois espíritos, que são essencialmente excludentes porém chegam a ter um breve convívio, é que diversos fenômenos culturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos, e outros tantos acontecem. 
Em suma, o capítulo lido é um belo exemplar da riqueza conceitual das ideias weberianas. Diante dessa admiração, certas passagens foram particularmente escolhidas para serem tratadas com maiores detalhes, ainda que outras tantas existam.

Lucas Carboni Palhares - 1o ano diurno
 
   Em sua obra ''A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo'', o alemão Max Weber descreve o que é chamado espírito do capitalismo, presente nos Estados Unidos e em países da Europa Ocidental, que possuíam uma estrutura capitalista moderna.
   De acordo com Weber, a ética cultural, relacionada ao ''espírito de acumulação'' foi o fator transformador que desencadeou o capitalismo, como ocorreu nas colônias da Nova Inglaterra. Desse modo, o sistema capitalista se originou do modo de vida de um grupo de homens, invertendo a proposição de Karl Marx, segundo o qual o ''espírito de acumulação'' seria superestrutura de situações econômicas.
   Buscando entender como a mudança do modo de produção ocorreu e em que momento há essa transformação, Weber afirma que a natureza mais forte desse processo foi a racionalização com a perspectiva de dominação do mundo. Tal racionalização surgiu com a ética protestante dos calvinistas, que dinamizou uma burguesia embrionária, ainda dominada, afirmando que, ao contrário do que prega o cristianismo, a espiritualização não é importante, mas sim a exteriorização dos sinais de graça, pois quanto maior a riqueza, maior o indício de predestinação.
   Ainda de acordo com Max Weber, o espírito do capitalismo é pautado no trabalho árduo, na moderação e no não consumir e aproveitar a vida. Além disso,  teve como principal oponente a tradição, pois o homem não desejava ganhar cada vez mais, e sim apenas viver como estava acostumado recebendo o necessário para isso.
Progresso pífio e piramidal

       Empreender uma obra arquitetônica deslumbrante como as pirâmides egípcias é indubitavelmente uma tarefa árdua. Todavia, sua finalidade funerária levanta o questionamento se todo a dedicação não foi pífia. Qual investimento foi realizado? Haverá um retorno proporcional aos gastos? As riquezas foram estagnadas? Respectivas respostas: Nenhum. Não. Sim. Notadamente, observa-se nessas conclusões um espírito de valorização do dinamismo do capital.
      Max Weber dedicou-se a entender os desdobramentos da Reforma Protestante na consciência e atitude das pessoas, porquanto tal reforma deu início ao forjamento de um novo modo de produção. Seu enfoque é direcionado aos calvinistas e sua influência na ruptura responsável por alavancar as diferenças entre Oriente e Ocidente. Outrossim, a universalização da ocidental racionalização. O diferencial dessa nova racionalização é visar o domínio do mundo, e não apenas acomodar-se a ele, como um buda ou um cristão que “ao ser ferido na face direita, oferece também a outra.” 
       Para os calvinistas os indicativos de acumulação de riqueza não fomentam a vergonha; pelo contrário, tratam-se de sinais de predestinação, da graça de Deus. Circular a moeda é uma responsabilidade divina e trata-se do sentido da ação social. Ação social a qual tem por embasamento uma racionalização contábil, jurídica, científica e do homem. E, aquele que diverge de tal comportamento, está fadado ao insucesso. “Quem não adaptar sua maneira de vida às condições de sucesso capitalista é sobrepujado, ou pelo menos não pode ascender.”
   A ética cultural promove a diferenciação no comportamento humano, pois primeiramente ela modifica a consciência dos indivíduos para posteriormente externá-la em ações. Após os fugazes apontamentos de Weber acerca do protestantismo, em um contexto atual, esses pensamentos possuem importância e validade? Promover a dinâmica do capital é necessário para as relações sociais. Porém, considerar a relevância de um ser proporcional à sua aquisição de bens traz à discussão o sentido já exposto do caráter pífio piramidal: afinal, um progresso que não atende a todas as faces piramidais, ou seja, à toda a população e apenas àqueles “escolhidos de Deus”, não é também vil, reles?

Daniele Zilioti de Sousa - Direito Noturno

Percepção do Capital

Max Weber em A ética protestante e o espírito do capitalismo vem, diferentemente do que se está acostumado a ver, entender a formação do capitalismo e da sociedade burguesa. Como ela se estabeleceu hegemonicamente no mundo pós revolução francesa, avaliando o processo sob um prisma histórico-cultural e não econômico.
Weber percebe nessa análise que a ética calvinista, a ideia de que o homem que trabalhasse e obtivesse sucesso teria com isso a prova de que pertenceria ao céu, a visão do trabalho como tábua de salvação, como maneira de se manter afastado de pensamento e atos pecaminosos se espalhou pelo mundo. Conforme o tempo foi passando, e esse pensamento foi se difundindo geograficamente o primeiro aspecto, religioso, se perde e apenas a cultura de negócio e mercado se propaga.
Assim, o autor chega à conclusão de que o capitalismo só se difundiu da maneira como vemos graças a uma primeira disseminação da cultura calvinista e burguesa. Com o tempo a burguesia passou a moldar a sociedade à sua imagem e semelhança, estabelecer modelos e ideais que são incutidos desde a infância na vida das pessoas, levando a parecer natural tudo que na verdade é uma construção social.

Essa ideia nós vemos ainda hoje na música de Renato Russo, Geração Coca-Cola. No entanto, nesse caso, o compositor conseguiu identificar essa influência de ideais já construídos, ainda que ela seja para nós algo muito sutil, e os está criticando, fazendo uma ameaça de subversão ao sistema utilizando os meios que o próprio capitalismo difunde.

Carolina Paulino Fontenla 
Direito Diurno

Por que não com o Protestantismo?

A ética protestante e o espírito do capitalismo é um livro escrito por Max Weber entre 1904 e 1905 com uma série de ensaios, no qual ele investiga as razões do capitalismo ter sido desenvolvido inicialmente em países como a Inglaterra e a Alemanha, concluindo que isso se deve à mundividência e hábitos de vida instigados ali pelo protestantismo na época. Neste livro, Weber avança a tese de que a ética e as ideias puritanas influenciaram o desenvolvimento do capitalismo. Tradicionalmente, na Igreja Católica Romana, a devoção religiosa estava normalmente acompanhada da rejeição dos assuntos mundanos, incluindo a ocupação econômica. Tais conflitos eram baseados na luta ascética - não valorização do corpo e desprendimento material. Por que não foi o caso com o Protestantismo? Weber aborda este paradoxo nesta obra.
Ele define o espírito do capitalismo como as ideias e hábitos que favorecem, de forma ética, a procura racional de ganho econômico. Weber afirma que tal espírito não é limitado à cultura ocidental mas que indivíduos noutras culturas não tinham podido por si só estabelecer a nova ordem econômica do capitalismo. Após definir o espírito do capitalismo, Weber argumenta que há vários motivos para procurar as suas origens nas ideias religiosas da Reforma Protestante.
Weber mostrou que certos tipos de Protestantismo favoreciam o comportamento econômico racional e que a vida terrena recebeu um significado espiritual e moral positivo. Deve-se notar que Weber afirmou que apesar de as ideias religiosas puritanas terem tido um grande impacto no desenvolvimento da ordem econômica na Europa e nos Estados Unidos, eles não foram o único fator responsável pelo desenvolvimento. Em conclusão, o estudo da ética protestante, de acordo com Weber, explorava meramente uma fase da emancipação da magia, o desencantamento do mundo, uma característica que Weber considerava como uma peculiaridade que distingue a cultura ocidental.
Ao definir propriamente o que seria a ordem econômica capitalista Weber afirma que tal ordem "é um imenso cosmos em que o indivíduo já nasce dentro e que para ele, ao menos, enquanto indivíduo, se dá como um fato, uma crosta que ele não pode alterar e dentro da qual tem que viver. Esse cosmos impões ao indivíduo, preso nas redes do mercado, as normas de ação econômica. O fabricante que insistir em transgredir essas normas é indefectivelmente eliminado, do mesmo modo que o operário que a elas não possa ou não queira se adaptar é posto no olho da rua como desempregado."
O autor dizia que, antigamente, se o indivíduo tivesse que trabalhar mais para poder ganhar mais, ele preferia trabalhar o mesmo tanto para continuar ganhando aquilo que ele já ganhava. Ou seja, a pessoa procurava trabalhar o mínimo possível para garantir o seu bom sustento e ter como comer e dormir. A ética protestante veio mudar este raciocínio, dizendo que a salvação do indivíduo estaria relacionada com o quanto que ele ganhava, o tanto de dinheiro que possuía, instruindo assim a relação com o capitalismo. Max Weber defende o estabelecimento de um raciocínio lógico capitalista, que o mesmo denomina racionalismo; sendo esta leitura realizada através da comparação da Alemanha do período com outros países civilizados do planeta em condição de desenvolvimento semelhante, ou seja, com existência do capitalismo e de empresas capitalistas, sendo identificado na primeira uma estrutura social, política e ideológica ímpar, que pode se ditar como a condição ideal para o surgimento do capitalismo moderno, que no seu interior defende a paixão pelo lucro como demonstração de prosperidade, fé e salvação.

Vinícius Domingues de Faria - Direito Diurno

O espírito do capitalismo


             Max Weber faz uma análise sociológica sobre a influência do capitalismo em sua obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”. Ele analisa as mudanças ocorridas na sociedade a partir do declínio das normas da Igreja Católica e a ascensão dos valores burgueses, como, por exemplo, a usura.
            A partir do surgimento de uma nova religião cristã, o protestantismo, transforma-se a análise daqueles que são escolhidos por Deus para ocupar o paraíso de pessoas humildes, que não ostentam muito, que ajudam os outros para sinais materiais, como a o poder econômico. Aqueles que fossem mais ricos seriam os agraciados por Deus, tendo conquistado essa posição privilegiada a partir do próprio trabalho, ou seja, pela primeira vez, a força do trabalho é vista como algo positivo, motivo de exaltação e orgulho.
            Essa valoração do trabalho e os sinais recebidos se encaixavam perfeitamente na ideologia burguesa, uma vez que essa classe procurava um meio para atingir seus objetivos sem, contudo, desrespeitar a vontade divina.
            Weber faz uma análise que não vai diretamente contra às proposições marxistas, contudo, ele acrescenta fatores para a dinâmica social, como por exemplo o fator religioso, enquanto Marx apontava ser o fator econômico o responsável por todas as transformações sociais.
            Ele também percebe que a relação do homem com os fatores naturais também sofre grande modificação, como na célebre frase de Benjamin Franklin “Tempo é dinheiro”, o homem burguês passa a ter controle até mesmo sobre o tempo, controlando seu operário, acrescentando a todo momento capital e lucro para o seu negócio.
   Max Weber é considerado um dos fundadores do estudo moderno da sociologia, mas sua influência também pode ser sentida na economia, na filosofia, no direito, na ciência política e na administração. Começou sua carreira acadêmica na Universidade Humboldt, em Berlim e, posteriormente, trabalhou na Universidade de Freiburg, na Universidade de Heidelberg, na Universidade de Viena e na Universidade de Munique.
   Através da leitura do texto "O Espírito do capitalismo", de sua autoria, podemos ver sua visão sobre a ética protestante que surge com os calvinistas e se expande pela sociedade com a dinamização do processo histórico culminando com um novo modo de produção. Weber tenta compreender como essa "ética" se concretiza na sociedade, vendo-a como uma revolução no modo de agir, conscientizar, desencadeando uma série de transformações na história do mundo.
   O olhar que devemos ter ao lermos sua obra é a forma como houve essa transformação no modo de produção, buscando compreender a singularidade do Ocidente, a ocidentalização do mundo, ou seja, caracterizado como a racionalização, possuidora de aspectos singulares de dominação do mundo.
   A máxima calvinista "Quanto mais eu prospero eu serei salvo" seria um novo meio de dominação do mundo, dando sinais de vigor econômico, construção do novo a cada momento. Essa nova acepção moderna, capitalismo, vincula-se não apenas à perspectiva da troca, mas sobretudo às possibilidades de dinamização racional do investimento.
   Para Weber as mudanças só ocorrem se o pensamento, modo de agir, ou seja, tudo em relação ao mundo forem pensadas concretamente, agir concretamente, tanto que Weber absorve a ciência como modo de dominação. Os fatores que diferenciam o modo de produção capitalista de qualquer outro na história vinculam-se, especialmente, à racionalização, e os quatro pilares que sustentam essa racionalização são: racionalização contábil, jurídica, científica e a do próprio homem.

Ana Claudia Gutierrez Kitamura, 1° ano Direito Noturno.

Ditames impostos pela Reforma Protestante



        Em “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Max Weber expõem o capitalismo sobre um ângulo distinto do padrão financeiro, analisando o desenvolvimento histórico do modelo capitalista. Portanto, a reforma capitalista seria mais uma revolução da mentalidade da sociedade do que uma revolução econômica.

      A reforma protestante então tinha natureza revolucionária e de rupturas, uma vez que o acúmulo de riquezas e os novos modos ocasionados pela Reforma não estavam apropiados com os parâmetros da religião Católica. Com isso, a Reforma Protestante aos poucos desvinculou da influência religiosa, acarretanto uma universalização da revolução em todo Ocidente. Contudo as atividades capitalistas vistas como pecados tornaram-se a ser considerada a “salvação”. Assim com a ética protestante, a concentração de riquezas era considerada um prenúncio de predestinação, interpretando que todos que conseguissem guardar mais capitais estaria tendo sinais de que teria uma salvação. Logo, essa universalização da ética Calvinista se transformou  em um fragmento da vida pública, incorporando a maioria da nação no âmbito do trabalho.
    
   Além disso, o trabalho livre munido de racionalidade excede com o fundamento básico da organização do capitalismo, de modo a torná-lo distinto dos outros modelos de produção. Ocorre, para Weber, uma racionalização de vários setores como o contábil, do qual ocorreria uma cisão entre as distintas esferas da vida do ser humano, a exemplo a casa, família e trabalho; o científico, que dizia que a ciência seria um meio de expandir o capital; o jurídico, que estabelecia a função do direito como o de dar proteção a empresa; e o humano, em que o homem deve negar sempre sua própria riqueza sobre o fim de cresce-la ainda mais.


Júlia Xavier Rosa da Silva- 1º Direito Diurno

Weber e a lógica capitalista

Em sua obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo” Max Weber analisa como a Reforma Protestante engendrou uma nova perspectiva de tratar a relação do trabalho, proporcionando o surgimento de um padrão de conduta que influenciou determinantemente a cultura ocidental e possibilitou alicerçar as bases do capitalismo moderno. Em sua análise, o sociólogo procura precipuamente identificar em que medida o protestantismo contribuiu para modelar este sistema econômico.
Por meio do protestantismo calvinista inverte-se a lógica dominante do catolicismo na qual trabalhava-se para viver, para o protestantes a lógica é viver para trabalhar. Essa premissa possibilitou que o êxito econômico tornasse sinônimo de predestinação, que possibilitaria “ um lugar junto aos céus”. Assim, nesse diapasão a valorização da cultura do trabalho engendrou um novo padrão de conduta, o que para Weber foi determinante para o surgimento e a expansão do capitalismo.
Desse modo, percebe-se que Weber antepõe-se ao materialismo de Marx, já que para Weber é o “espírito protestante” foi o principal fator do desenvolvimento do capitalismo bem como da racionalização, que é entendida como padrão de conduta que visa o acumular e investir o capital, gerando assim excedente.
 
Conclui-se, portanto, que para Weber  a cultura ao ser modificada, gera novos costumes, que embora não tivesse como objetivo estabelecer uma nova ordem econômica, e sim moral, passa a sustentar a essência do sistema capitalista.
 

                                                MARIA BEATRIZ CADAMURO MIMO -  1º ANO NOTURNO

 

 

 

 

 


A Religião Burguesa


          A obra de Max Webber : a ética protestante de o espírito do capitalismo, explicita toda a construção do pensamento protestante e seus afluentes. Esse pensamento será acompanhado pela formação do pensamento e/ou valorização do capital. O pensamento protestante confronta o pensamento católico em alguns aspectos. Porém , hoje, tal pensamento influencia até mesmo povos de origem e religião católica.
          Segundo a ética protestante alguns seriam escolhidos de deus, assim teriam uma vida farta e prospera. Diferente da fé católica, a "recompensa" pela fé e a boa conduta protestante se expressa em vida. Portanto o individuo que exteriorizar sua prosperidade; sua fartura; sua riqueza seria o escolhido por deus. Essa crença de escolha cria justificação para a diferença socioeconômica, pois aquele que pobre não é escolhido portanto esta pagando por alguma conduta erronia.
          A ética protestante influenciou até mesmo fies católicos, pois essa se vinculou ao capitalismo e a racionalização do homem; da ciência; do jurídico; e das contas. A ética protestante tornará o acumulo de capital sinal de virtude de eficiência. Apoiando-se na máxima de Franklin : " Tempo é dinheiro" a burguesia aceito o protestantismo, essa vertente do cristianismo era muito conveniente a uma classe que desejava o lucro e o acumulo de capital. Ao contrário da fé católica, que condenava tais práticas burguesas. Afinal a prosperidade protestante -  que era o sinal de escolha divina -  era adquirida por meio do capital e do trabalho árduo, e uma doutrina contra a ostentação, mas a favor do comedimento para o acumulo do capital.


Giusepppe Cammilleri Falco - 1º ano Direito noturno

Raízes ascéticas

     Guardar, acumular, poupar... jamais desperdiçar. Um único dia de lazer e suposto divertimento é capaz não só de ser lucro perdido como também um grande gasto e um causador do rebaixamento da moral do indivíduo perante o grupo. Aqueles que gastam ao invés de poupar são vistos com desconfiança na medida em que são prováveis irresponsáveis e possíveis perdedores do tão valorizado dinheiro, logo de tempo. Nessa linha, tempo é dinheiro,dinheiro é tempo: ambos no capitalismo nascente, são repletos de avareza. A ânsia por aumentar suas fortunas, a vida ascética, o trabalho árduo e a esperança de ser o predestinado criam as raízes do que viria a ser o capitalismo.
     Há segundo os calvinistas, passagens bíblicas que justificam a busca por dinheiro ("Vês um homem diligente em seus afazeres? Ele estará acima dos reis."), no entanto, apesar de a ética protestante surgir com os calvinistas, ela se irradia para toda a sociedade com diferente espírito e sua adesão pela população ocorre pelas necessidades econômicas.
     Essa nova mentalidade que surge deve ser acatada pelos trabalhadores na medida em que a recusa em aceita-las pode jogá-los na rua ,sem emprego, e de forma a constituir o exército de reserva. O capitalismo atual domina a vida econômica, e outros vários outros âmbitos, educando e selecionando aqueles mais aptos e comportados mediante o trabalho.
     Esse novo sistema clama por regras éticas capazes de garantir uma sobrevivência digna. Em oposição, uma forma de reação é o tradicionalismo, no qual os trabalhadores, por exemplo, mediante o aumento do salário preferem trabalhar menos e ganhar a mesma quantia anterior a trabalhar mais para maiores lucros, pois prezam mais pelo necessário para a sobrevivência e por maior tempo livre. Enquanto o homem moderno necessita aumentar desenfreadamente a produtividade através, principalmente, do incremento da intensidade do trabalho humano.
     Enfim, percebe-se que o capitalismo já se desvinculou do aspecto religioso e hoje caminha por conta própria com tamanha força que prospera nas sociedades modernas. Embora aqueles que não queiram seguir seus ditames estejam fadados a exclusão, a maioria segue as regras e tenta prosperar.


    
Marcela Helena Petroni Pinca- direito diurno
A ética como padrão de vida

A “ética protestante e o espírito do capitalismo” de Max Weber rompe a perspectiva Marxista do ideal de sociedade classista em oposição, porém não por negar exatamente tudo o que foi proposto por Marx, mas sim por analisar a forma do desenvolvimento desses grupos burgueses em núcleos específicos a partir de seu agir em sociedade. Apesar de a visão ocidental capitalista ter como símbolo de tal regime países como os Estados Unidos da América e a Inglaterra, seu histórico cultural-religioso comparado ao Brasil é muito distinto, o que gera certos obstáculos para entender os estudos de Weber. A formação protestante se distancia da visão católica (brasileiros); essa visão distante se dá pelo modo de ver o capital cultural e religiosamente.

Os grupos calvinistas se destacam pela nova racionalidade que dão ao capital. Toda a ação do homem capitalista que buscavam ser tinha um fim em si mesmo e não se firmavam apenas pela ânsia econômica. Racionalização nos âmbitos: contábil, científico, jurídico e do próprio homem. Essa novo modo de agir, se desprendendo de vícios mundanos focados na predestinação divina, tornava a vida calvinista próspera aos olhos da classe burguesa em geral despertando certa competitividade. 

A ética protestante é então firmada como o padrão de vida levado por esses burgueses em específico e sua universalização começa com a ida dos calvinistas para o novo mundo, a América.

Focando na racionalização do homem, item mais difícil da ética protestante, é possível perceber o confronto cultural intrínseco na distinta visão do trabalho entre um calvinista e um artesão por exemplo. O primeiro, não opera ferramentas, mas é dono do tempo de seu operário, pois paga por ele, buscando aproveitar ao máximo cada segundo em seu favor (gerando capital); o segundo é produtor e dono de seu tempo, porém trabalha objetivando seu sustento. Com pequenos exemplos, se faz notável a mudança de consciência que ocorreu inclusive a consciência de tempo. “Tempo é dinheiro” frase de Benjamin Franklin é prova dessa nova perspectiva do capital racional.

Joingle Raphaela do Carmo Viotto- Direito Diurno

Racionalização valorativa

Renegar o passado marcado por ações contraditórias no que tange à atuação da Igreja Católica no ramo econômico foi objeto de análise para Max Weber que, através de seu enfoque na ação social, fez da escolha de valores um meio para conceber o espírito capitalista como fruto da ética protestante. A reforma promovida por Martinho Lutero for responsável pela solidificação do sentimento de acumulação de bens e maior obtenção do lucro, os quais, na visão weberiana, não constituem por si só o capitalismo em sua essência. Mais que isso, este representa uma garantia do valor dos bens adquiridos ao longo do tempo, assegurados através dos contratos e das dinâmicas de investimentos.
Inovação característica da era moderna, o trabalho livre dotado de racionalidade passa a compor o fundamento básico da organização do capitalismo, de modo a diferenciá-lo dos outros modos de produção. O racionalismo, ao defender a separação dos bens individuais de bens coletivos, associado à dependência dos avanços científicos, proporcionou que a ascensão capitalista estabelecesse uma nova regra de conduta universal. Ao elucidar que “tempo é dinheiro”, Benjamin Franklin reconheceu um novo modo de concepção do tempo quando associado à produtividade: enquanto artesão era o homem o próprio dono do seu tempo, administrando-o da forma que mais lhe interessava. Contudo, nesta nova conjectura, o trabalhador vê-se subordinado ao cumprimento de prazos e de metas produtivas que nem sempre conduzem com sua capacidade.
A inserção da racionalidade nas condutas humanas fez emergir o Protestantismo como elemento responsável por extinguir os sentimentos de fuga da realidade perante determinada situação conflituosa. Ao saírem do seu recluso europeu, os protestantes buscavam difundir sua conduta, até então, inovadora. Visavam externar sua predestinação, que era materializada através da prosperidade, sugerindo ações concretas e efetivas que fugissem de idealizações. Dessa forma, o processo de racionalização passou a constituir o espírito burguês que se centrava, sobretudo, no trabalho, de forma a complementar o sentimento de dominação de mundo característico dos preceitos protestantes.

Luisa Loures Teixeira - 1º ano Direito Diurno

Capitalismo, de profano à sagrado

      Em sua obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Weber busca sinalizar a íntima relação entre essa nova ética religiosa e o desenvolvimento do Capitalismo. De forma contrária à poderosa e influente igreja Católica, que condenava a obtenção de lucro e a dedicação total do homem ao trabalho, o Protestantismo surge com uma pregação que valoriza tais práticas, caracterizando como predestinado o homem que obtém sucesso no mundo dos negócios.
       Não podemos afirmar se foi a igreja protestante que influenciou o surgimento do Capitalismo, ou se este viu a necessidade de criar uma nova ética que servisse de fundamentação às novas práticas. Entretanto, não se pode negar que ambos caminham juntos no caminho trilhado pela burguesia insipiente.
      Weber identifica algo que foi anterior à mudança na forma de produção, a mudança de pensamento. Isso significa que houve uma intensa racionalização, contábil, científica, jurídica e do homem. Essa racionalização foi essencial para a formação de um pensamento capitalista, e para a dinamização da economia capitalista. O novo homem do capital, não deseja acumular riquezas para ostentar, ele visa investir para obter ainda mais lucro, criando assim um ciclo de rendimentos cada vez mais altos. Por fim, podemos concluir que a passagem das práticas burguesas de profanas à divinas, pautada na nova ética protestante foi papel decisivo no desenvolvimento e na difusão do espírito do capitalismo pelo o mundo.

       Por fim, podemos concluir que a passagem das práticas burguesas de profanas à divinas, pautada na nova ética protestante foi papel decisivo no desenvolvimento e na difusão do espírito do capitalismo pelo o mundo.

Desenvolvimento da mentalidade capitalista


Na obra, “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Mar Weber interpreta o capitalismo de um ponto de vista diferente do tradicional (econômico), observando a formação histórica do padrão de comportamento capitalista.
Este padrão comportamental iniciou-se como um comportamento religioso daqueles que eram calvinistas, que acreditavam que se trabalhassem cada vez mais enquanto vivos e lucrassem sem, no entanto, esbanjar este lucro, receberiam a salvação ao morrer. A prosperidade de seus negócios provariam, portanto, sua salvação. A partir do momento que os comércios que pertenciam a protestantes passaram a ser mais produtivos que outros, o trabalho, meramente pelo trabalho, que antes gerava estranhamento, passou a ser comum na sociedade (não mais mentalidade apenas do calvinismo, mas também do capitalismo).
Até os dias de hoje, o modelo capitalista indica que se deve trabalhar o máximo possível para receber mais, tornando o trabalho uma forma de enriquecimento e não de subsistência, como havia sido durante os modelos econômicos anteriores (por exemplo, o mercantilismo). Mantemos, portanto, o modo de produção capitalista iniciado pelos protestantes baseada em 4 racionalizações: contábil (separando os bens da empresa dos bens do individuo); jurídica (segurança jurídica da racionalização contábil, que garante que investimento não será perdido por motivos alheios); cientifica (aproveita avanços da ciência para magnificar sua produção) e do homem (desenvolvimento da conduta esperada pelos trabalhadores para alta produtividade).