quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Análises e explicações weberianas a respeito da inevitável subjetividade na ciência social.

            O ser humano não possui um modus operandi. Dessa maneira, uma ciência que se pressupõe estudante dos seres humanos e suas características não pode agir de maneira dogmática no seu elaborar de ideias e montar e concluir de pesquisas.
            Essa concepção sobre como deve ser uma ciência humana, responsável por analisar os homens e seus diferentes modos de pesar, agir e, principalmente, de ser é uma das bases da teoria de Max Weber, sociólogo e filósofo alemão. Nela, Weber nos deixa muito claro a real incapacidade de a sociologia, por exemplo, ter um caráter “objetivo” – mesmo que tal característica seja buscada e desejada pelos cientistas sociais através de uma análise suportada por um “tipo ideal”, ferramenta psicológica criada por Weber para ajudar na edificação de pesquisas empíricas mais neutras – em suas buscas sociológicas.
            Diferentemente das chamadas “ciências nomológicas”, atuais ciências biológicas – caracterizadas pela elaboração de leis que regem os fenômenos da Terra de maneira dogmática e absoluta, como é o caso da biologia, física, astronomia – as “ciências sociais têm como objeto de estudo o ser humano, que é inconstante em todos os seus âmbitos.
            Uma interessante explicação de Weber no que diz respeito ao por que da dificuldade de obtenção de uma “objetividade” do conhecimento na ciência social está no conceito de “individualismo metodológico”. Para o sociólogo alemão, um coletivo é analisado segundo a observação de suas unidades, isto é, para adquirir conhecimento sobre, por exemplo, um Estado, temos que ter um conhecimento sobre o que o compõe, ou seja, seus cidadãos. O indivíduo sente, pensa, age, vê, realiza, entende, enfim, existe. Assim, ao sabermos cada uma de suas características, podemos interpretar e criar características do que seria o coletivo desses indivíduos.
            Numa análise mais profunda sobre as ações dos seres humanos, vemos e nos é explicado que essas são carregadas de certo juízo de valor, ou seja, toda ação de todos os homens é movida por valores intrínsecos e pessoais. Disso discorre uma conclusão de Weber que, numa observação de um indivíduo em específico, vemos que, em seus diversos ciclos de convivência – como no núcleo familiar, de amizade, profissional, etc. – diferentes e novas maneiras de ser são utilizadas. Exemplificando, nos é nítida a diferença, num estudo pessoal, entre nossa maneira de agir e ser num núcleo de amigos e nossa maneira de agir e ser num núcleo profissional. Weber, através de exemplos parecidos com o utilizado acima, nos mostra que o mundo subjetivo é, portanto, um domínio do juízo de valor.
            Sabendo, então, dessa presente subjetividade da sociologia – ou qualquer outra ciência humana – Weber nos cria uma ferramenta: o “tipo ideal”. Funcionando como um tipo de parâmetro,

Um conceito ideal é normalmente uma simplificação e generalização da realidade. Partindo desse modelo, é possível analisar diversos fatos reais como desvios do ideal: Tais construções (...) permitem-nos ver se, em traços particulares ou em seu caráter total, os fenômenos se aproximam de uma de nossas construções, determinar o grau de aproximação do fenômeno histórico e o tipo construído teoricamente. Sob esse aspecto, a construção é simplesmente um recurso técnico que facilita uma disposição e terminologia mais lúcidas (WEBER, citado por BARBOSA; QUINTANEIRO, 2002: 113).

facilitando, portanto, a classificação dos objetos de estudo dessa inevitavelmente subjetiva ciência humana e social.