" O Ponto de Mutação " e a análise do presente

Carregado de um diálogo baseado em filosofia, ciência e política, o filme “O Ponto de Mutação”, de Fritjof Capra, relata um debate entre um poeta, uma cientista e um político, entrelaçando diferentes pontos de vista acerca do mundo e dos seus problemas. Nele, discutem-se importantes figuras da Filosofia e Ciência Clássicas, como Descartes, Isac Newton e Francis Bacon.

Uma abordagem importante do tema, que acredito ser válido de discutir, é a análise do mundo atual através de uma perspectiva criada no século XVI. Será que todo conhecimento Clássico pode trazer benefícios para a compreensão do presente? Ou, ainda, será que o estudo de uma obra como “O Príncipe”, de Maquiavel, contribui para uma melhor formação de um graduando em Direito?Embora todo o tipo de conhecimento criado através dos anos deva ser levando em consideração, o mundo atual, na dinâmica em que se encontra, não pode ser analisado através de uma perspectiva cartesiana. Assim como a personagem Sônia, do filme, acredito que tudo é baseado em um conjunto de relações. Da mesma forma, todas as relações existentes no mundo contemporâneo, com todas as suas complexidades, não podem ser analisadas da mesma forma como as sociedades feudais ou absolutistas.Hoje, não existem coisas desconectadas. A ciência é ligada à Guerra, a Saúde Pública é ligada às questões ambientais, a Economia é influenciada pela Política Internacional. Assim, não é possível resolver um problema enquanto ele ainda estiver submisso à decisão de terceiros, ou quartos... O ponto é: todo o estudo feito atualmente, que leve a uma intervenção direta no funcionamento político, deve ser feita através de uma análise do mundo atual. Estudo das sociedades, das diferentes formas de organização política e econômica. Enfim, deve ser analisado o mundo como é hoje, para que não sejamos apenas um erro que será estudado no futuro.



Yasmim Silva Fortes1º ano Direito UNESP - Noturno.

Física+Poesia+Política=??

Desvendar o homem e suas naturezas é a causa de reflexões seculares. No filme Ponto de Mutação (Mindwalk), a personagem Sonia (uma física habitante dum castelo e dedica seu tempo à reflexão e contemplação da natureza) critica a visão sistêmica empreendida a partir de Descartes, que vê o homem "feito uma máquina" na qual a coletividade deixa o palco. Entram em cena Jack Edwards (candidato a presidente dos EUA) e Thomas Harriman (um poeta que deixou a América). Jack e Thomas encontram-se com Sonia e iniciam uma clássica discussão a respeito da natureza humana.

De átomos e moléculas chegaram às interações humanas em todo o globo. A física toma frente a criticar a política e sua ineficiência ao olhos do coletivo quando colocadas em pauta a precariedade de países pobres e seus problemas sociais. Conecta a fome aos gastos militares, a política aos obstáculos na resolução de problemas, Descartes ao olhar antropológico remanescente... enfim, uma imensa gama de associações que explicam a maioria dos problemas dos recentes séculos.

Interrompidas pelas reflexões metafísicas e poéticas de Thomas, a discussão propõe soluções. Sonia reafirma um modelo indígena que antes ocupava a América do Norte, no qual as  decisões eram feitas com base em sete gerações à frente. Enaltecendo a comunidade em detrimento do indivíduo.

A beleza dos pensamentos consiste na fusão ciência-política-poesia. Num jogo de equilíbrios sensatos entre o conhecimento, a sociedade e a essência sentimental.