sexta-feira, 22 de março de 2013

A César o que é de César e ao tempo o que é do tempo


             A cada passo uma conquista, a cada queda um aprendizado e em todas as mentes a mesma pergunta: onde está a verdade? Assim somos nós, ilustres caçadores do saber. Os sábios da Antiguidade com suas filosofias; os povos medievais e suas bases teológicas; os Modernos e seu mecanicismo; o advento do racionalismo e do empirismo, enfim, a cada tempo uma visão e a intenção é sempre a de explicar.
            Claro que cada área de conhecimento/pesquisa possui  um determinado ápice explicativo que melhor elucida seu método de saber, porém, não é correto – aliás, me parece insano – afirmar que uma ciência, por exemplo, exista a priori, de modo que não seja inter-relacionada com o mundo a que se conecta. Necessário se faz entender e respeitar as diversas formas de conhecimento, sabendo que em cada tempo e em cada contexto histórico o saber se manifestou de acordo com os entremeios nos quais se viviam.
            Na contemporaneidade, a pesquisa científica é altamente evoluída. O homem rompeu o obstáculo do invisível e hoje dispomos de recursos extraordinários para estudar as minúsculas partículas formadoras da matéria. Com isso, não são raras as críticas feitas aos pensadores de outras épocas. Os homens leem os filósofos, irrigam seus cérebros, experimentam suas ideias e, na colheita do aprendizado, julgam como insanos àqueles que outrora lhes retiraram a venda que lhes tapavam os olhos.
            Enxerguemos com olhos de alunos o passado, busquemos como mestres o saber do presente e pensemos, em cada atitude, no bem que legaremos ao futuro. Como nos convidou Renato Russo: “Vamos celebrar a estupidez humana, a estupidez de todas as Nações... Vamos celebrar Eros e Thanatos, Perséfone e Hades... Nosso futuro recomeça, venha, que o que vem é perfeição”.

Texto referente ao filme "Ponto de Mutação"
Antônio Rogério Lourencini - 1º ano de Direito - noturno

Evolução do pensamento


       No filme Ponto de Mutação de Bernt Capra, os personagens discutem os paradigmas que se encontram em crise atualmente e a posição da sociedade em relação à ciência. Assistindo ao filme, podemos perceber que ao longo dos séculos a forma do ser humano de produzir conhecimento evoluiu muito, porém mesmo com as mudanças na visão humana em relação à natureza nos encontramos estagnados na forma de produzir ciência de alguns séculos atrás.
       O mecanicismo, olha para a natureza como se esta fosse uma máquina e assim, devemos estudar cada peça dessa máquina antes de juntá-las para entender o todo.  Essa forma de pensar o mundo. utilizada para produzir conhecimento, começou com Bacon e Descartes. Para os filósofos do século XVII, a natureza era vista como algo negativo ou mesmo prejudicial (assim como eram vistas as mulheres acusadas de bruxaria) e por isso deveria ser dominada e transformada para favorecer o ser humano.
       Chegamos a um momento no qual é preciso pensar além de Descartes e Bacon. Mudar nossa  percepção do mundo passando a vê-lo como um todo, percebendo que todos serem que o habitam são dependentes uns dos outros, assim como as questões sociais mais analisadas na atualidade devem ser vistas como um sistema – que relaciona o homem com a natureza - e não como vários fenômenos isolados.  

Mentes Mecânicas


A partir do filme Ponto de Mutação pude perceber que muitas pessoas pararam no tempo de Descartes e não conseguem ver o mundo com uma nova percepção.  Mesmo sendo um filme antigo, os exemplos de pensamentos encaixam-se perfeitamente na sociedade contemporânea, principalmente a forma de pensar do personagem que é candidato à Presidência dos Estados Unidos.
O modo de vida imediatista fez com que a fragmentação se acentue, como diz no filme  “não consigo me concentrar em nada que não seja específico”; assim cada um consegue consertar uma “engrenagem” mas não sabe de que se trata o todo. A vida dessa forma torna-se mecânica e a natureza é a grande máquina escravizada, como já dizia Bacon.
Essa forma de agir e pensar forma um descaso com as gerações futuras, já que o todo não é levado em conta na resolução de problemas, como por exemplo, em questões de lixo, saúde e educação. Os políticos preferem votos a melhorias efetivas e o senso comum vence o pensamento ecológico.
A cura dessa forma de pensar da massa não é tão simples. Primeiramente, é preciso negar a premissa de que “Saber é Poder”, e depois começar a pensar, sem fins lucrativos, na melhora das condições de vida como um todo. A personagem propõe a busca por um pensamento ecológico, uma nova percepção de mundo, mas mesmo assim, em nenhum momento, ela dá uma fórmula a ser seguida.
É preciso entender que engrenagens não existem mais e o conhecimento do mundo cabe na palma da mão. O mundo evoluiu muito mas a mente ainda está mecanizada.
Giovanna Gomes de Paula- direito noturno