sábado, 22 de setembro de 2012


  Durkheim, no texto do capítulo II do livro "Da Divisão do Trabalho Social", explica como funciona a solidariedade orgânica. Está seria, de forma resumida, a interação solidaria no sentido não-cristão entre as pessoas devido a divisão do trabalho e não mais por suas crenças. Com isso, na visão de Durkheim a dependência das interações aumentaria ao contrário do que pensava Marx.
   A divisão intensa do trabalho na pós-modernidade tornou a sociedade um corpo extremamente complexo, com atividades variadas até nos seus menores núcleos. Essa multiplicidade de tarefas torna as pessoas mais densa ao permitir diversas esferas dentro de uma mesma particularidade, como mostra a imagem:
Não é difícil perceber o quão complexo cada indivíduo se torna com a divisão gerada pela especialização radical da contemporaneidade.
  Um homem no contexto de "Pai" pode saber muito bem o que é amar seus filhos, mas como "Juiz", pode emitir uma ordem que deixe desempregado um pai de família de baixa renda com 4 filhos. Isso que o exemplo é extremamente limitado, pois o número de atividades que exercemos gera esferas que se intersectam e interagem de infinitas formas. Poderíamos dar exemplos da esfera religiosa, moral, familiar e etc.
  O interessante vem agora, que é como isso afeta as sanções. Afinal, se na solidariedade mecânica o viés definidor da pena muito se baseia na crença coletiva, aqui nesse caso a pena torna-se também especializada. Assim, uma sociedade no mundo atual exige as mais diversas análises para definir uma sanção. O erro cometido por um indivíduo acaba sendo diluído no todo, pois nem todos tem acesso ou noção das informações necessárias para avaliar e julgar o caso. É como pedir que todos soubessem de informática, caso o funcionário dessa área em um banco, por exemplo, perdesse alguns registros de arquivo dos clientes. Não há como transformar todo o conhecimento moderno em religião; fazer o coletivo sentir sua oscilação dentro do que  julga ofensivo ou normal.