quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Considerações aos queridos unespianos.


          O conceito de democracia é amplo, remete a conceitos pretéritos da Grécia e também a novos conceitos que se misturam na pós modernidade onde a diversidade traz a necessidade de asseguração do debate democrático sobre uma infinidade de assuntos. É certo que aplicar a democracia plenamente é um enorme desafio e, muitas vezes, por consequência de atos que fogem do controle dos seres humanos, há distorções naquilo que é considerado democrático. Essas distorções acabam por influenciar acontecimentos diversos e fazem com que os mesmos acabem tendo desfechos infelizes.
          Um exemplo do citado é o acontecimento relacionado com o descendente da casa de Orleans e Bragança que visitou recentemente o câmpus da UNESP em Franca. Independentemente da ameaça de influência que Dom Bertrand poderia oferecer a opinião dos alunos da UNESP (apenas ressaltando que esta seria digna de deboche pois um ser humano na posição de D. Bertrand dificilmente influenciaria opiniões formadas de estudantes que fossem realmente envolvidos com o estudo acadêmico simplesmente por estes não estarem no 3º ano do Ensino Fundamental) o que realmente é importante se pensar é nos métodos utilizados pelos manifestantes para a obtenção de seus objetivos.
          Ora pois, é realmente chocante perceber que alunos de uma universidade tão renomada e reconhecida deixem-se contaminar por métodos muitas vezes usados em anos em que o espírito revolucionário estava muitíssimo inflamado no coração de jovens, anos estes que ficaram no passado. É como se nossos colegas não percebessem que a muito a monarquia acabou e mais, avançando para outros aspectos peculiares da nossa história,  Geisel não está sentado na cadeira da presidência e sim a Ilma. Dilma tão querida pelo povo brasileiro e que diferentemente de alguns estudantes aprendeu como realmente lutar pelos seus ideais abandonando as armas e a guerrilha. Os alunos citados pegaram um estilo de luta anacrônico e colocaram nele uma roupagem falsa e até mesmo torpe.
          É importante ressaltar que a maioria dos ideais defendidos por esses estudantes não são torpes, são nobres, o que está em questão é todo o ferramentário desatualizado que não condiz com o movimento e com a época atual. As causas presentes no pensamento desses alunos devem ser ouvidas sempre pois representam o anseio de conquista de camadas da sociedade que nem sempre são ouvidas de maneira satisfatória pela própria sociedade e que devem ser protegidas e respeitas pelo Estado, pelos cidadãos etc.
          É preciso considerar porém que houve violência no movimento. Talvez não física, por um triz, mas verbal sem dúvida alguma. Um mundo onde já se passou Mahatma Gandhi não  é um mundo onde a violência verbal deve ser tomada como medida para obtenção de quaisquer objetivos. Uma sociedade, talvez muito preconceituosa, mas que um homossexual pode circular livremente sem ser punido por sua orientação sexual, não é uma sociedade que necessita de manifestações impulsionadas pela consciência coletiva violenta para defender qualquer pontos de vista. Esta é uma sociedade que deve ter a tolerância como valor primordial para sua conservação e diálogo nas discussões que por ocasião surjam.
          Muito se fala em reforma da educação para o maior desenvolvimento do Brasil, desenvolvimento este que engloba aspectos culturais, econômicos e sociais, mas a educação precisa estar presente tanto no alicerce da construção do ser humano como em ambientes de elevado desenvolvimento e absorção de conhecimento como por exemplo a universidade. Muito mais que aumentar o tom de voz, as pessoas precisam se armar de argumentos contra ou a favor de qualquer ideia exposta, pois bons argumentos são mais destrutivos do que a voz exaltada de mil homens.