quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Justiça com as próprias mãos



A vingança é uma reação natural diante das injustiças. Poderia até ser considerada justa, do ponto de vista humano. É natural pensar que quem faz algo prejudicial contra outrem deve receber o que merece.” Alejandro Bullon


O excerto acima faz parte de um sermão proclamado por um pastor. Independentemente da fonte, acredito que a ideia contida referente à vingança merece uma atenção especial.
No filme “Código de Conduta”, percebemos que, aparentemente, o pai de família que perdeu sua mulher e sua filha busca justiça e vingar-se do sistema jurídico falho. No começo, somos levados por uma onda de emoção e vibramos pelo seu sucesso no plano de ‘pagar na mesma moeda’ o crime que ele impotentemente presenciou.
Entretanto, quando a vingança começa tomar rumos incontroláveis e de longo alcance, a situação começa a ficar preocupante, porque não é apenas vingança que está sendo almejada e sim a estratégia de mostrar para todos que o sistema jurídico e os operadores do direito são imperfeitos e obscuramente praticam atos injustos perante os cidadãos.
A partir do momento que pessoas inocentes são afetadas, percebemos que o sentimento tomado pelo ator principal, vai além da vingança, ficando no patamar do: ódio, aversão e crueldade.
Crimes de todos os tipos são praticados constantemente em todas as classes sociais. E, desde o princípio do estudo da criminologia há uma divergência em relação a ‘origem’ do criminoso. Inicialmente, acreditava-se que o criminoso era resultado de uma herança biológica, depois do meio em que estava inserido, entre outras reflexões. No entanto, sabemos que o criminoso tem um desvio de conduta que é inaceitável socialmente. E ao sermos afetados por um ato cruel praticado por um deles, instantaneamente lutamos para que a justiça seja feita, ou seja, para que o direito restitutivo seja posto em prática. Não só nos Estados Unidos, mas em todos lugar existe lacunas na esfera jurídica e no poder judiciário e nem sempre obtemos o resultado desejado.
Fazer justiça com as próprias mãos não é o caminho ideal, porque a pessoa pode acabar se igualando ao patamar dos criminosos. Tal como aconteceu no filme.
Então, ao invés do risco de passar o resto da vida na penitenciária, devemos, antes de mais nada, lutar contra aquilo que está errado, ineficiente ou incapaz. A vingança pode até ser satisfatória, mas não mudará em nada o sistema. Se não conseguirmos atingir nosso objetivo, não devemos simplesmente aceitar a situação e sim lutar. Mas essa luta deve ser de forma pacífica e inofensiva, para que o ‘bem’ possa suprimir o ‘mal’.