quarta-feira, 15 de junho de 2011

Manifesto Comunista e o Consumismo

No Manifesto Comunista Marx e Engels afirmam que a história sempre foi marcada pela luta de classes e que a de sua época era a do proletariado contra a burguesia. Marx ressalta o caráter revolucionário da burguesia, o que diferenciava o Capitalismo dos sistemas que o precederam, dependentes da manutenção dos meios de produção para a sua prorrogação enquanto que o Capitalismo somente se sustenta pela revolução constante e cada vez mais acelerada da produção. Marx, como bom economista, não combatia o avanço tecnológico, pelo contrário, defendia-o.

De tal afirmação decorre que cada vez mais surgem novidades e inovações. Até que ponto elas realmente são necessárias e até que ponto é apenas uma manipulação do mercado?

Julgar que o ser-humano deveria ater-se às suas necessidades básicas é inocente e pressupõe que estaríamos todos satisfeitos vivendo isolados e nos sustentando com a nossa própria produção de subsistência. Assim como julgar que tudo que existe é absolutamente necessário é igualmente inocente.

Tomemos um exemplo simplista: roupas. Roupas foram inventadas por uma necessidade óbvia: proteger o ser humano das adversidades da natureza. Entretanto, com o passar dos anos tal “invenção” foi agregando novas funções e significados, sendo que atualmente poderia ser considerada fator determinante no julgamento de uma pessoa, seu status social e previsão de suas atitudes. Um casaco da marca A, do mesmo material e modelo do casaco da marca B, que custa o dobro, protege seu dono igualmente do frio. A maior parte dessa convenção social é orientada pelo mercado auxiliado pela indústria da propaganda.

Novamente, é simplista e infantil julgar que o mercado é um “ente superior” alheio ao homem. O mercado é a expressão de uma vontade comum. Só é fabricado um sapato X, de cor Y e formato Z por que existe quem o queira consumir e é essa vontade comum à maioria que requer e implora por inovações. A partir do momento que vemos o mercado como vontade humana, vemos que a revolução e inovação constante do capitalismo parte naturalmente do homem. É inerente ao homem a busca por algo melhor, que supere o existente e isso impulsiona o desenvolvimento em todos os campos. Marx, como bom economista, não combatia o avanço tecnológico, pelo contrário, defendia-o.

Contudo, Marx preconizava que o Capitalismo trazia em si a sua destruição. A polarização entre Burguesia e Proletariado chegaria a um ponto em que a revolução seria inevitável. A meu ver, o Capitalismo traz em si a sua perpetuação, justamente pelo seu caráter revolucionário. Começando pelo fato de que a polarização prevista não ocorreu, cada vez mais há uma desconcentração de poder em classes intermediárias e grupos de influência. Não que as lutas de classes tenham deixado de existir, apenas não acontecem de forma maniqueísta.