Em 'O discurso sobre o espírito positivo', Auguste Comte define e explica a filosofia positiva, de forma a expor as condições para o estabelecimento do regime positivo. Sua obra revela a oposição direta e radical da escola positiva, a qual considera bastante orgânica e progressiva, em relação às escolas teológica e metafísica, que segundo Comte, comportam perigo de retrocesso ou de anarquia. Revela que a escola positiva tende, de um lado, a consolidar todos os poderes atuais, sejam quais forem seus possuidores; de outro, a impor-lhes obrigações morais cada vez mais conformes às verdadeiras necessidades dos povos. Para isso, o positivismo exige diretamente o espírito em conjunto e a instituição da classe proletária (ou das classes mais inferiores, sem fazer com que o seu ensino venha a excluir outra classe qualquer); e procura constantemente o afastamento de preconceitos e paixões, por sua vez, inerente aos proletários.
Pode-se dizer que o conhecimento positivo busca "ver para prever, a fim de prover" - ou seja: conhecer a realidade para saber o que acontecerá a partir de nossas ações, para que o ser humano possa melhorar sua realidade. Dessa forma, a previsão científica caracteriza o pensamento positivo.
Adotando os critérios histórico e sistemático, outras ciências abstratas antes da Sociologia, segundo Comte, atingiram a positividade: a Matemática, a Astronomia, a Física, a Química e a Biologia. Assim como nessas ciências, em sua nova ciência inicialmente chamada de física social e posteriormente Sociologia, Comte usaria a observação, a experimentação, da comparação e a classificação como métodos - resumidas na filiação histórica - para a compreensão da realidade social. Comte afirmou que os fenômenos sociais podem e devem ser percebidos como os outros fenômenos da natureza, ou seja, como obedecendo a leis gerais; entretanto, sempre insistiu e argumentou que isso não equivale a reduzir os fenômenos sociais a outros fenômenos naturais (isso seria cometer o erro teórico e epistemológico do materialismo): a fundação da Sociologia implica que os fenômenos sociais são um tipo específico de realidade teórica e que devem ser explicados em termos sociais.
Em conformidade com 'O discurso sobre o espírito positivo', a escola positiva pede apenas, essencialmente hoje, o simples direito de asilo regular nos locais municipais, para aí fazer diretamente com que seja apreciada sua aptidão final para a satisfação simultânea de todas as nossas grandes necessidades sociais, propagando com sabedoria a única instrução sistemática que pode de agora em diante preparar uma verdadeira reorganização, primeiro mental, depois moral e, por fim, política. Sob essas condições, os filósofos positivos buscam a manutenção contínua da ordem interior e da paz exterior, pois vêem nisso, a condição mais favorável para uma verdadeira renovação mental e moral.