Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
segunda-feira, 21 de março de 2011
O Senso Comum e o Bom Senso
A verdade absoluta em xeque
Um pouco de Descartes não faz mal a ninguém
Em “O Discurso do Método”, Descartes demonstra seus ideais racionalistas e descreve um método de análise e ampliação do conhecimento que será utilizado por seus sucessores até os dias atuais como base metodológica para a pesquisa científica. Transmite, citando experiências próprias, um método no qual prega uma crítica acentuada sobre o que é ensinado pelo exemplo e pelo hábito e afirma que nem sempre os sentidos estão corretos, sendo necessárias a razão e a exclusão das ideias errôneas. É possível interpretar tal método como um convite ao abandono do senso comum ou das ideias prontas. Uma crítica comum à obra é a afirmação de René sobre as existências da alma e de Deus. Ele tenta comprovar por meio de relações lógicas, embasado em seu método, a existência de ambos, o que pode ser considerado errado ao se considerar o contexto. Esses exemplos metafísicos não podem ser exatamente comprovados pela razão, mas Descartes também não tinha a intenção de chamar suas verdades ou seu método de absolutos, ele somente procurava a verdade e o conhecimento. Os ideais cartesianos são extremamente úteis nos dias atuais, não só pelo fato de serem utilizados pela pesquisa, mas também porque por meio destes é possível atestar vários erros em ideias impostas pelo senso comum e em inverdades ditas por outros, fazendo com que cada um que se utiliza do racionalismo cartesiano se torne mais crítico das próprias produções e das informações que estão sendo adquiridas ininterruptamente com a intensa evolução da ciência e dos meios de comunicação. Não é necessário que cada homem se torne um método, mas que o método seja uma parte de cada homem, que todos tenham um pouco de Descartes para que o conhecimento seja plenamente desenvolvido e assimilado.