segunda-feira, 2 de maio de 2011

Palavra de ordem: progresso!

Muitos conhecem os dizeres que estampam a bandeira brasileira: “Ordem e Progresso”. Mas poucos sabem que a origem destes está na escola precursora das ciências sociais: o positivismo, corrente inaugurada por August Comte.
A filosofia positiva se fixa sobre os ideais cartesianos e baconianos, sustentando, desse modo, a defesa de aspectos como observação do meio, fundamentação concreta e alcance da certeza. Mas nesse caso, os olhares estão voltados especialmente para a sociedade, que possui, simultaneamente, uma natureza estática e outra dinâmica. A primeira está vinculada ao que mantém a harmonia e o bom funcionamento da sociedade, por meio da preservação de seus pilares, isto é, das condições naturais que a sustentam. A segunda está ligada ao melhoramento das condições sociais, à evolução humana, ao movimento da sociedade ao longo do tempo. Dessa maneira, a ordem se mantém a partir do estaticismo e o progresso pelo dinamismo social. Na verdade, ordem e progresso, ainda que pautados em naturezas contrastantes, são princípios interdependentes, de modo que o primeiro é pressuposto do outro, que, por sua vez, fornece condições para o sustento daquele, estreitando a margem que os separa.
Em meio a essas esferas que compõem o corpo social, surge a função do sociólogo: diagnosticar os desvios da ordem com a prospectiva de garantir o progresso da sociedade, realizando uma verdadeira limpeza social, que consiste em eliminar as diversas patologias presentes nesse corpo, que muitas vezes se camuflam sob diferentes perspectivas. O fato é que a identificação de aspectos patológicos é variante, mudando de figura a cada diferente olhar, de modo que dificilmente as concepções do que é saudável e o que é patológico são hegemônicas. O positivismo considera, por exemplo, a moral religiosa como uma estéril agitação política, isto é, propagadora de ideais antifuncionais para o corpo social.
De forma sucinta, tendo como base a perspectiva positivista, a bandeira brasileira e a realidade do país só estarão em concordância quando se buscar efetivamente eliminar as patologias presentes na sociedade, do contrário, a ordem ficará comprometida e o progresso, barrado.

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