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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

O direito é só dela

            A existência de uma discussão acerca de um direito exclusivamente feminino realizada por homens é cômica, pois, primeiramente a quem se deve o direito de decidir sobre o seu próprio corpo é a mulher. Além disso, tal discussão não é pertinente em um Estado dito laico, já que em um Estado laico não há a sobreposição de nenhuma religião perante a outras.
            Assim como propõe Bourdieu, a violência simbólica que consiste em “...formas de coerção que se baseiam em acordos não conscientes entre as estruturas objetivas e as estruturas mentais.” (Bourdieu, 2012, pg. 239), ou seja, é a coerção moral que existe entre as classes dominadoras e as dominadas. Dessa forma, é possível entender o que ocorre atualmente na câmara de deputados brasileira, uma maioria de homens brancos, ou seja, dominadores, exercem uma coerção social a todos os outros indivíduos, principalmente às mulheres.
            Tendo em pauta o tema de aborto de fetos anencéfalos é possível, claramente, observar tal violência, os homens da câmara querem decidir o que mulheres de todo um país devem fazer ou não com o seu corpo, e não é como se a mulher estivesse matando uma vida que estará morta em alguns dias ou meses após o seu nascimento. Além disso não é só a autonomia física da mulher que se encontra em jogo, mas também a sua sanidade mental, para muitas mulheres pode ser difícil gestar um filho e o ver morrer daqui a algum tempo, sendo a dor de perder um filho mais suave se não houver um parto ou uma gestação longa, mas isso deveria ser escolha de cada mulher.

            Portanto, a legalidade do aborto de anencéfalos é um direito da mulher, e só dela, nenhum homem pode mexer nisso. A escolha de um sofrimento -já esperado- é só dela, e isso deve ser respeitado e apoiado, pois quem não passa por isso não pode entender como é o sofrimento de uma mãe que perde o filho que nem sequer nasceu.

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