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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A contra-hegemonia


  Fascismo do Aparthaid Social, uma única frase capaz de remontar alguns dos mais pesados momentos históricos e, o pior, momentos que com diferentes personagens ainda estão vivos dentro da realidade de milhares de pessoas, inclusive no Brasil; o preconceito existente contra os negros consiste em uma grande prova disso.
 O fascismo do aparthaid social é uma segregação social dos excluídos e, pode ser relacionado com a questão do negro no Brasil até mesmo quando se faz a análise dos estudantes universitários, sobretudo em universidades renomadas, como muitas públicas, pois, de acordo com o senso feito pelo IBGE em 2014, a população negra era a maioria no país, mas, ainda assim estes eram minoria nessas universidades, o que acabava ser um reflexo e concomitantemente refletir no fato de, nesse mesmo ano e nesse mesmo senso, ser exposto que mais de 70% da população brasileira rica era composta por brancos.
  Na tentativa de alterar essa realidade, foi estabelecida uma medida afirmativa chamada cotas raciais, afirmativa à medida que através dela se afirma as injustiças cometidas contra os negros no Brasil, tendo seu ápice no longo período de escravidão. Todavia, mesmo após a abolição, os negros continuaram sofrendo as consequências desse período, pois, ao serem libertos, nenhuma forma de compensação relevante foi tomada em prol deles, como alguma preparação para o ingresso em trabalhos mais remunerados e bem vistos socialmente, o que faz com que, ainda hoje, se faça necessário alguma forma para melhor integrá-los socialmente.
  Mesmo com a exposição desse fato, ainda há defensores do que Boaventura denominou de demoliberalismo, que em suma é a colocação da liberdade acima da igualdade, fazendo com que se dissemine na sociedade a ideia de que todos tem a liberdade de por exemplo, prestar um vestibular, e assim os melhores passarem e ingressarem na universidade, sem considerar os fatores por trás disso, que inclui compreender que os negros ainda não se encontram em uma situação de plena igualdade com os demais cidadãos brasileiros, inclusive econômicamente, o que impossibilita que muitos possam estudar em boas escolas ou terem acesso a bons cursinhos preparatórios.
 Dessa forma, as cotas raciais tem também como função tornar-se um instrumento contra-hegemônico, rompendo com a "globalização homogênea" vista atualmente e, diferentemente do que o defendido pelos democratas, por exemplo, que as cotas raciais são uma exportação inadequada do modelo dos Estados Unidos,podendo por alguns ser interpretado como uma reafirmação da hegemonia, é, na realidade, um movimento contra-hegemônico, tendo em vista que é uma tentativa de romper com o fato da minoria branca ser a maioria universitária, bem como a maioria no que diz respeito ao domínio do capital.

Izabelle de Freitas Custodio- direito noturno

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