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domingo, 24 de setembro de 2017

Ideais não superados - nem evoluídos.

Embora tenha se passado mais de um século da publicação de suas principais obras, podemos tatear raízes do pensamento weberiano ainda nos dias de hoje.
Ora, pois, obras marcantes não devem deixar, por si, legados correspondentes?  pode o leitor questionar.
Analisemos as questões de influência.
É inegável a contribuição de Weber no campo sociológico, no sentido da compreensão da ação social, seja partindo dos pressupostos teoréticos de criação do "tipo ideal" como recurso para a análise da realidade das experiências sociais, seja na admissão, simultânea, da imprevisibilidade das relações em sociedade. Contudo, tal aproveitamento teórico não é, nem deve ser integral.
Considerando a trajetória humana, tal como o "tipo ideal" de cada sociedade, tratam-se de questões transitórias e adaptáveis, e, a sociologia por apetecer-se de tais questões também o deve ser, admitindo, desse modo, evoluções nos pensamentos (mesmo que clássicos).
Há um grande risco no transplante não aprofundado de certos conceitos elaborados em contextos diversos sem que haja análise do contexto presente. Pode-se exemplificar com a própria análise weberiana acerca do capitalismo, transportada vulgarmente para os dias atuais ao se taxar a ociosidade como sinônimo de termos tão comumente usados como "vagabundagem" ou a tão evocada "falta de esforço" usada como pilar do argumento dos que professam a meritocracia como solução para os males do país. 
O grande perigo habita na falta de reflexão acerca dos diversos fatores que cercam a situação sistemática do capitalismo hoje. Não deve se tratar de silogismos simplórios levando em conta apenas o que se vê momentaneamente, mas sim de se levar a sociologia como realmente se faz sua proposta: a ciência da realidade.
Enquanto assim não o for, o pensamento e visão sociológicos carecerão de substratos, o panfletarismo predominará e, elementos essenciais para a propagação de novos ideais e desenvolvimento dos já postos ficarão à mercê de julgamentos rasos, como o que condena a arte, por exemplo, como "coisa de vagabundo" ou "desocupado".
Talvez o grande mal não seja essa aparente "desocupação" braçal, mas sim a intelectual ao secundarizar a complexidade das relações que nos cercam, e que,  por mais que não pareça –, não se resumem ao âmbito econômico.


Rúbia Bragança Pimenta Arouca
1º ano Direito - diurno

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