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quinta-feira, 31 de agosto de 2017


Os Sandros de todos os dias e as condições materiais de existência

12 de junho de 2000, Rio de Janeiro, Brasil. Sandro Barbosa Nascimento, 22 anos de idade. Linha 174, 14h20 de segunda-feira. Sandro adentra o ônibus e anuncia o assalto. Motorista, cobrador e alguns passageiros conseguem fugir, restando apenas onze reféns. Foram horas de negociação do mesmo com a polícia. O resultado: duas mortes da mesma noite. Geísa Firmo Gonçalves, usada como escudo humano por Sandro, e a do próprio Sandro.

Seria mais uma historia comum do dia-a-dia carioca se não fossem duas coisas: o histórico do assaltante e a sua morte.

Sandro assistiu `a morte de sua mãe aos oito anos de idade, por decapitação, na favela em que morava. Após isso, passou a morar nas ruas. Frequentava a igreja da Candelária, onde recebia comida e abrigo. Ali, fez amizade com vários outros menores de rua. No dia 23 de julho de 1993, Sandro presenciou o massacre da Candelária, que resultou em 8 mortes. Ele mesmo não ficou ferido no incidente. Sete anos depois, “Mancha”, nome adotado por Sandro, foi o protagonista de um dos assaltos mais impactantes, tanto pelo despreparo da policia, quanto pelo seu resultado.

Foram quase 5 horas dentre o anúncio do assalto até o seu fim. Findada a morte da professora Geisa, gravida de dois meses, Mancha foi levado para dentro da viatura. Enquanto a população, revoltada, queria linchá-lo, a policia, dentro do veículo, o mata asfixiado. Ao alegar a morte acidental, os policiais foram julgados e inocentados.

O trágico ocorrido remete a um dos pensamentos de Marx: as condições materiais de existência. Sandro nasceu em um sistema capitalista em que o dinheiro compra tudo, até mesmo a felicidade. Na infância, viu sua mãe morrer por uma falha de segurança do Estado e não obteve a oportunidade de regeração pelo ensino necessário. Quando adolecente, viciado e drogas, não possuiu o tratamento preciso para se livrar das mesma, entrando de vez no crime. Quando adulto, apenas continuou a viver a vida como o habitual desde a juventude.

De fato, ao analisar a vida de todos os Sandros com a de outras pessoas de classses sociais mais altas, percebe-se a não isonomia. A falta de condições materiais levam a não concretização do processo. Uma consequência triste do capitalismo selvagem em que vivemos.

Mais Sandros surgirão, mais Geisas serão mortas. Mas uma coisa será constante: o sangue dos inocentes estará nas mão do capitalismo sujo em que vivemos.




Luísa Lisbôa Guedes 1º ano Direito Diurno

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