Total de visualizações de página (desde out/2009)

sábado, 12 de agosto de 2017

O Limite do Positivismo

 Augusto Comte foi o fundador de uma das correntes mais importantes e influentes da história da humanidade, o positivismo. Seguindo a ideia de rigor metodológico e a visão de tratamento que a ciência merecia de acordo com Bacon e Descartes, Comte estabelece o estado positivista como o alcance máximo do conhecimento humano, onde estabelecer relações e compreender como tal fato científico se dá, por meio de experimentação basta para garantir o progresso da sociedade.
 A ampliação do pensamento positivista por outras áreas da ciência como as humanas e sociais, conferiu formas de interpretações diversas e o estabelecimento da ideia de que a relação da sociedade pode ser delimitada por máximas cientificas, sendo completamente previsíveis ao olhar positivista, não admitindo outra forma de interpretação em prol da estabilidade. Sendo inclusive fator de importância na proclamação de nossa primeira república aqui no Brasil, o positivismo simbolizou de fato algo com a pretensão de mudar o mundo e colocar o ser humano no centro de sua existência e funcionalidade de uma vez por todas, não perdendo tempo com abstrações metafísicas ou teológicas que imperaram no passado e hoje, nada mais são do que degraus que o homem sobe em busca da estabilidade concreta de instituições baseadas na corrente positiva.
 Observando atualmente, o positivismo nos legou diversas práticas e visões que se integraram culturalmente a forma ocidental de se pensar. Certas práticas outrora desenvolvidas e aceitas no passado, hoje tem seu valor como degrau para a evolução do pensamento mas são repudiadas, principalmente com a volta de pensamentos abstratos como fatores fundantes de movimentos. Sendo assim a criminologia por aspecto positivista por exemplo, que tentara criar uma ficha com as características físicas que o elemento criminoso nato deveria possuir, algo hoje ultrajante, visto que só serve para reforçar esteriótipos que se confirmam por pressão da própria sociedade. Depois de séculos Comte é visto como louco por alguns e exagerado por muitos, movimentos pró diversidade provam o enfraquecimento positivista mas a manutenção de esteriótipos históricos ou o contra-ataque conservador a esses movimentos comprovam o quão enraizada a prática se encontra em nós.
 Na questão social, quando se estuda certa ocorrência e quando essa possui padrões, como o tipo físico, a cor e vestimentas da maioria dos ladrões, não seria comum a preocupação com as causas que levaram a essa ocorrência, no caso, a herança histórica de contante marginalização de pessoas por conta de cor, origem, posição social e aparência, fatos causais que sustentam a reincidência do processo transformando em uma máxima infalível que condena o destino de qualquer um que se encaixe nesses "padrões".
 Por mais que tenha retornado e tentado se manter o pensamento reconhecido por Comte como metafísico, aquele que se baseia e se move pelas abstrações, que já fora e tenta voltar a ser um dos pilares da filosofia atual. Não recebendo o valor que o passado lhe reservou, a sociedade investe naquilo que convencionou para seu progresso linear, a tecnologia e o consumo que por si só não causam a injustiça do mundo, mas quando se tornam pilares do caminhar humano tendem a excluir aquilo que não se aplica de forma direta e rápida, que não visa o dinheiro ou a produção, que não revolucione a economia . Esse amigos é o limite do positivismo, onde seus princípios e práticas aplicados a certos contextos não parecem tão justos ou distantes de dogmas religiosos, como tudo possui seu lado positivo e negativo, quer progresso dentro da ordem, o que não se encaixa nisso é anomalia, aberração, deve ser abafado, e as vezes quando não causado pela própria sociedade, não necessariamente significa perigo a ordem, representação do caos, só demonstra que nós humanos não somos completamente previsíveis, não podemos manipular todos os nossos pensamentos, não estamos presos a máximas sejam cientificas ou religiosas, cada um de nós é um indivíduo e contém a infinidade dentro de si, certas coisas nem a sociedade consegue moldar.

 Direito Noturno - 1º Ano

Nenhum comentário:

Postar um comentário