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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Dos Ídolos à viagem

Ídolos. No dicionário seu significado é algo ou alguém que representa uma divindade adorada, a quem dirige-se louvores excessivos ou que se ama apaixonadamente. Por essa percepção até um programa de televisão foi criado com esse título afim de escolher um artista a ser adorado, um ideal, um divino, uma mentira.
Francis Bacon, por sua vez, via diferentemente(?) a definição de “ídolos”: falsas percepções do mundo. Os ídolos da tribo seriam os que interferiam no discernimento humano por meio de emoções como a paixão ou o amor; os da caverna afetariam os homens através de leituras e discursos de alguém que respeita e admira como por exemplo um político; os do foro remete-se às relações sociais entre os indivíduos como ocorre no comércio e tais associações, por meio da comunicação, bloqueariam o intelecto; por fim, há os ídolos do teatro, os quais muito se assemelham ao sentido usado pela massa, pois seriam representações teatrais como se algo ou alguém fosse mágico e acabam em equívocos e superstições.
Ídolos em ambas épocas apresentam conflitos e semelhanças, uma vez que quando há a escolha de alguém para idolatrar e ser “seu ídolo” há a renúncia de pensamento crítico e por muitas vezes bloqueia-se o discernimento, não permitindo ver tal paixão como realmente ela é, na sua verdadeira forma e defeitos.
Os conflitos entre épocas vão muito além de definições camaleônicas e Descartes explicita em sua obra “Discurso do Método” o que sentia lendo autores anteriores a ele. Além de enumerar os princípios básicos da razão científica, diz que quando lia livros antigos ele realizava uma viagem, pois com um pé no hodierno e outro no passado não seria possível mergulhar em uma boa leitura. Por isso, é preciso voltar ao pretérito e abandonar o presente e como ele próprio questiona o sentido do conhecimento para os antigos e modernos é outra.
  A busca por fins práticos para transformar a natureza a favor do homem seria a principal utilização da ciência e Bacon também passa por esse mérito, refletindo sobre as abstrações não servirem para o bem-estar da humanidade. A dinâmica e a inovação são ideais para a produção do conhecimento e o avanço é garantido pelo sentido de infinidade: se sempre haver algo além, algo a mais a ser descoberto e pensado, a viagem, passado ou futuro, será benéfica.

Rayra Faria - 1º ano Direito diurno 

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