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domingo, 6 de agosto de 2017

Discurso de Ódio: por uma desconstrução

A dinâmica contemporânea brasileira, em meio a uma crise econômica, social e de representatividade política, intensificou as polaridades ideológicas existentes no país assim como o discurso de ódio frente às minorias. Tal querela demonstra a mazela social existente em um país dividido em que a maioria - alienada pelo o que deveria servir de transmissão da informação e do conhecimento (poderio midiático) – utiliza-se de discursos simplistas e reducionistas, criados pela viralização do senso comum em massa, para delimitar a verdade pela opinião sem uma análise crítica da realidade. Muitas vezes, isso acarreta em verborragias que ferem os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) como a violência contra a população LGBT, a discriminação racial assim como o preconceito religioso, dentre outros. Por esse prisma, a filosofia dos cânones Descartes e Bacon atua como embasadora para o entendimento do discurso de ódio brasileiro uma vez que abre possibilidades para uma realidade sem estereótipos conservadores disseminados pelo país.
Quando versamos sobre a possibilidade de um conhecimento neutro, é válido frisar que todo ser humano vê seu presente e analisa as coisas através de pré-noções estabelecidas pela estrutura familiar, psicológica e educacional que cada um tem. Ou seja, cada indivíduo raciocina e transpassa o que sabe, implicitamente, conforme o que já viveu, os seus costumes, a sua cultura e os valores massificados de cada época. Tais “lentes” individuais dificultam o verdadeiro conhecimento, o qual, para Descartes, deve partir de uma possível neutralidade sem paixões ideológicas ou de conflito de interesses (como na análise de uma Proposta de Lei em que partidos priorizam seus interesses econômicos e políticos em detrimento do bem comum). Nesse sentido, para o autor, o caminho para afastar tal problema é através da dúvida hiperbólica. Ou seja, duvidar de todo estereótipo já impregnado na sociedade através da experiência para que, enfim, chegue à verdade e isso exige desconstruir as próprias convicções.

Da mesma forma, esse senso comum, advindo dos valores religiosos, ideológicos e culturais, disseminado, neste caso, pejorativamente, deve ser rompido. Nesse sentido, Bacon analisou o que poderia influenciar e embaçar as “lentes” da visão do homem, ou seja, as falsas percepções do mundo conforme essas pré-noções das coisas. A isso, ele deu o nome de “Ídolos”. Seja através da natureza humana ou da amorosidade (‘Ídolos da Tribo’); seja através dos costumes e tradições pelo mundo a sua volta (‘Ídolos da Caverna’); seja pela ideologia partidária ou doutrinação (‘Ídolos de Foro’); seja por outros tipos de explicações para a realidade, como a astrologia (‘Ídolos do Teatro’); o homem sempre é moldado por “Ídolos” e o único caminho para o verdadeiro conhecimento, assim como para a desconstrução de estereótipos a fim de extinguir o discurso de ódio, é pela luta contra essas falsas percepções do intelecto humano.

 Débora Amorim de Paula, 1º ano - Diurno 

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