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domingo, 20 de março de 2016

Um mal nem tão secreto

                                 
   Tempos obscuros vivemos hoje. Poderia eu mesmo afirmar que nem sempre foi assim, mas se até mesmo Francis Bacon já preconizava nossos males, não há como negar algo que para muitos é inerente à humanidade. A realidade é sombria e ofusca do meio da caverna, recheada de ídolos esperando a mais singela oportunidade de torná-lo mais um instrumento. Blinde-se, não deixe que façam ver seu irmão como um inimigo; experimente, saia dessa posição passiva que ao mesmo tempo nos é tão confortável e nociva. Jamais aceite falsas percepções de mundo ou hiperrealidades distorcidas e mastigadas por interesses sensacionalistas. A busca pela verdade não é fácil, muito menos prazerosa, contudo em um universo de mentes doentias e definhadas, encontrá-la pode ser a única cura.
   Três séculos depois de Bacon, o parnasiano Raimundo Correia escreve: "Se se pudesse o espírito que chora, ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse!". Poema chamado por ele de "Mal Secreto", mas que por ironia ou mesmo vontade do destino viria a ser tão comum e familiar a nossa espécie, que tanto valoriza as máscaras impostas pela vida, e se apega a rótulos vindos da antecipação da mente com o único intuito de nos segregar e dividir. Deixa o intelecto a mercê da mente abre descaminhos para o preconceito, e o arraiga no âmago mais profundo da sociedade. Assim, enquanto a interferência das paixões e a incompetência dos sentidos tiverem mais força do que a veracidade racional dos fatos, o homem persistirá a rondar os limites de sua caverna sem ao menos se livrar das amarras da ignorância.

Vítor Hugo Cordeiro- aluno do 1º ano de direito diurno

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