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domingo, 13 de março de 2016

A lógica cartesiana


Pode-se caracterizar o pensamento de René Descartes com base em três dimensões que se relacionam e se completam. A primeira, dimensão ontológica, adota uma ética antropocêntrica que admite o ser humano como o mais significativo de todos os seres. A segunda, dimensão epistemológica, admite o uso da razão como diferencial humano absoluto e único meio de conhecer e transformar o mundo, estabelecendo o domínio através de uma ciência pragmatista. Por fim, a última dimensão é a metodológica, dentro da qual foi desenvolvido, por Descartes, um método para que o instrumento racional fosse conduzido da melhor maneira, considerando seu potencial absoluto de conhecimento da realidade.
É muito interessante observar aspectos do pensamento cartesiano como a constante desconfiança em relação a afirmações tomadas como verdadeiras (sendo elas nem sempre fundamentadas). Descartes questionava tudo: observou a ­grande distinção das opiniões dos eruditos e preferiu tomar como falso tudo o que seria provável, mas não fazendo uma ruptura absoluta com todos os estudos anteriores, e sim adotando moderação e humildade diante do conhecimento. Condenava o senso comum, antagonista da razão, acreditando ser ideal a busca pela compreensão do mundo em si mesmo e a partir da própria razão e experiências, e não através das palavras de outros.
Apesar disso, é preciso ter cuidado com o radicalismo antropocêntrico de Descartes, que, mesmo não sendo merecedor de culpabilização, foi um pensamento conivente com a premissa que incentivou um desenvolvimento o qual levou à exploração ambiental excessiva e a um individualismo exacerbado que prejudica não só a natureza co­­­­mo a própria sociedade. Além disso, é necessário reconhecer que existem outros tipos de conhecimento que não só o cartesiano, ou seja, não só o pautado pela razão. Por isso, não devemos esquecer que o mundo não gira apenas em torno de nós e que não temos, dentro de nossa subjetividade, apenas o pensamento racional: somos feitos de muito mais e, inclusive, esse é um dos outros diferenciais que nos fazem os seres sociais que, para compreender uma realidade tão complexa, demandam articulação de variadas formas de conhecimento.

Beatriz Canotilho Logarezzi, 1º ano de direito diurno.











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