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domingo, 9 de agosto de 2015

"Ciência do imponderável"

Max Weber é um dos mais famosos expoentes da sociologia compreensiva. Como o próprio nome sugere, essa escola busca obter um conhecimento rigoroso, distanciando-se da metafísica e da aceitação passiva da realidade. Weber propõe a objetividade científica pautada na subjetividade, ou seja, ele visa analisar indivíduos diferentes em sua especificidade. Isso torna sua filosofia extremamente atual, haja vista, o contexto atual de afirmação dos Direitos Humanos voltados às minorias.

Reiterando a vertente “compreensiva” da concepção weberiana, destaca-se que a ciência social, na visão do autor, objetiva entender o sentido que o indivíduo dá a ação social, ou seja, busca compreender os valores, as relações, as circunstâncias, nas quais os indivíduos estão inseridos que influenciam na sua ação social em determinado momento. Nisso se encaixa a polêmica questão da redução da maioridade penal. Em uma analogia a Durkheim, Weber acredita que a neutralidade é de grande relevância na análise da ação social. Trazendo para os dias atuais, por exemplo, ao examinar a questão da maioridade penal, será que não devemos nos despir de nossos valores e preconceitos de classe média e estudar esse assunto fora dos condomínios fechados, dos shoppings de luxo? Será que o senso comum ao considerar que uma simples diminuição da maioridade penal resolveria o problema da criminalidade sem se atentar às complexas circunstâncias que a envolvem não é uma postura parcial e arraigada de preconceitos?

Ademais, destaca-se que Weber considera legítima a sociologia que se propõe a compreender os fatores e sentidos que levaram o sujeito da ação a realizá-la, portanto, para ele uma sociologia rigorosa está longe de se pautar nas opiniões de cada um possui sobre determinado fato.  Se as pessoas se atentassem para o quão válida e inovadora é essa concepção weberiana, talvez não julgariam como justos os casos de linchamentos, que estão em crescente aumento pelo país.

Para Weber, a ação social é todo agir humano em relação a outro indivíduo. No entanto ele refuta a compreensão marxista que coloca como a origem e causa das todas as relações, as vinculações econômicas, uma vez, que o filósofo acredita que as ações sociais são muito mais complexas e que essa postura “cega” e obcecada de Marx pelas relações econômicas torna-se uma ideologia. Isso é reafirmado, quando Weber assinala que a sociologia é a “ciência do imponderável”, pois as ações humanas, segundo ele, possuem os mais diversos sentidos ao se pautarem nos mais variados valores. O que torna mantém atual a obra de Weber é o fato de ele conceber que, especificamente, o que têm relevância é o sentido da ação do próprio sujeito que a realiza.


Por fim, se mostra de suma importância a compreensão de Weber acerca do Direito: para ele, Direito é racionalidade, mas algumas ações dos homens se dão no sentido de contornar isso, tendendo à irracionalidade. Portanto, brilhantemente, Max Weber conclui que o Direito é, sim, um tipo ideal.

Victória Afonso Pastori
1º Ano-Direito Noturno

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