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domingo, 9 de agosto de 2015

Charlie Hebdo e a teoria weberiana

          
             No dia 7 de janeiro de 2015, fundamentalistas islâmicos invadiram o jornal francês Charlie Hebdo, na capital Paris, e mataram 12 pessoas. Os responsáveis pelo ataque queriam se “vingar” de autores de charges que faziam piada com o profeta Maomé, mensageiro de Deus para o islamismo.
            Devido a esse atentado, as ruas de cidades do mundo inteiro foram invadidas por milhares de pessoas, que exigiam liberdade de expressão e imprensa. Entretanto, apesar de válidas as reivindicações, é preciso ir mais a fundo para entender as implicações desse trágico acontecimento.
            Segundo Max Weber, o conhecimento deve ter caráter universal, “do modo que um chinês (...) deva reconhecer a validade de um certo ordenamento conceitual da realidade empírica”. No entanto, o que ocorre é a imposição de um “racionalismo ocidental” que nem sempre respeita o relativismo cultural de outros povos que habitam esse planeta, entre eles, os povos islâmicos.
            Apesar de não ser proibida pelo Corão, a intolerância à representação de Maomé tem origem histórica, no episódio em que o profeta destrói, em Meca, os ídolos celebrados em na Caaba. Essa tendência de não representar seu profeta evidencia um forte respeito pelo sua figura.
            Ao publicar charges mostrando a figura de Maomé, o Charlie Hebdo não considerou os valores dos mulçumanos, apenas os valores do cristianismo, no qual não existem grandes problemas em representar a figura de Jesus Cristo. As publicações foram recebidas por aquele grupo como uma grande afronta e, dessa forma, “o profeta deveria ser vingado”. Seria dessa forma que Max Weber, na sua “sociologia compreensiva” interpretaria esse acontecimento.
            A teoria weberiana também afirma que, a atitude do jornal poderia tomar diversos caminhos na grande e densa rede das ações sociais: as ações sociais que se entrecruzassem com as do jornal causariam reconhecimento, as que não se cruzassem, resultaria em uma atitude de “não reconhecimento”. Os grupos islâmicos não reconheceram aquela ação, e, portanto, reagiram de forma a exaltar seu descontentamento.

            É claro que o atentado ao jornal Charlie Hebdo foi uma grande tragédia e que de forma alguma pode ser justificado, mesmo pelo o que foi exposto acima. Entretanto, esse fato deve ser interpretado de várias maneiras, e não apenas pelo ponto de vista ocidental, mas também levando em consideração os valores daqueles que se sentiram ofendidos.

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